MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

E JACÓ FICOU SÓ (Gênesis 32:24).

É impossível falarmos de bênçãos sem trazermos à memória os Patriarcas bíblicos Abraão, Isaque e Jacó. Eles tiveram o privilégio de andar com Deus, de ouvir a sua voz, de receber instruções e avisos por divina revelação, tanto em visões como em sonhos; receberam anjos como hóspedes em suas tendas e também as promessas das bênçãos futuras, tanto para si como para os descendentes. Mas eles não viveram em brancas nuvens. 

Começando por Abraão, ainda Abrão, recebeu a promessa de Deus aos setenta e cinco anos de idade (Gênesis 12:1-3) e o seu herdeiro Isaque nasceu quando ele estava com cem anos, isto é, vinte e cinco anos após a promessa da bênção (Gênesis 21:1-5). E como diz as Escrituras, Abraão não recebeu nem o espaço de um pé da terra da Canaã (Atos 7:5) a não ser o Campo de Efrom que estava em Macpela, defronte a Manre, o qual comprou para a sepultura de Sara sua mulher (Gênesis 23:16-20).


Com Isaque a coisa não foi diferente apesar de ser o "filho da promessa". Ele era o herdeiro da bênção abraâmica e de todas as propriedades alcançadas por seu pai, ele era o "filho da promessa", mas mesmo assim teve que orar ao Senhor “insistentemente” por cerca de vinte anos para que a promessa de Deus se cumprisse, porque Rebeca, a sua esposa, era estéril (Gênesis 25:20-26). Este também viveu como peregrino e estrangeiro na sua própria terra.


Agora temos uma história à parte, ou seja, a vida de Jacó. Digo que a sua história é diferente da história do seu pai e do seu avô, justamente porque Jacó não era o herdeiro, ele não era o primogênito, pois no parto o seu irmão gêmeo Esaú saiu primeiro do ventre materno, talvez por ser o mais forte. Então a vida de Jacó foi duplamente difícil, pois teve que lutar com Deus, com homens e prevalecer para alcançar a promessa que ele tanto amou desde o ventre de sua mãe (Gênesis 25:22-26, 32:28) .

O nome Jacó significa “Agarrar o Calcanhar” (Gênesis 25:26), pois é o que significa no hebraico a palavra Ya'aqov. Poderíamos dizer sem sombra de dúvidas que ele “pegava no pé”, isto é, era insistente, determinado e acima de tudo, Jacó era um crente em Deus e na Sua Palavra.

"... Acaso não era Esaú irmão de Jacó? diz o Senhor; todavia amei a Jacó,
e aborreci a Esaú;... " (Malaquias 1:2-3).


Não gosto nem um pouco de pregadores que depreciam o caráter de Jacó chamando-o de enganador ou trapaceiro, ele não era nem um nem outro. Jacó foi um homem temente a Deus, ele cria nas bênçãos prometidas por Deus aos seus ascendentes e, portanto, amava-as mais do que qualquer coisa. Já Esaú não estava nem aí com a Palavra do Senhor. Como está escrito: “Esaú era devasso e profano” (Hebreus 12:16). É por isso que ele trocou o seu direito de primogenitura por uma refeição, negligenciando o fato de que a benção do seu pai estava condicionada a esse direito. Então o enganador e trapaceiro foi Esaú que, secretamente, tentou receber a benção de Isaque não cumprindo assim a palavra dada em juramento ao seu irmão (Gênesis 25:30-34).  


A ASTÚCIA DE REBECA.


A Bíblia diz que a esposa sábia edifica a sua casa (Provérbios 14:1) e no quesito sabedoria, Rebeca era nota dez. Ela era uma mulher temente a Deus já desde a casa dos seus pais. Foi uma mulher prudente e submissa, tanto ao Senhor como ao seu marido, mas nem por isso deixaria que Isaque, cego por seu amor a Esaú, comprometesse a promessa divina. Portanto Rebeca foi um instrumento das bênçãos de Deus naquela família (Gênesis 27:5-17).


Em 1 Timóteo capítulo 2, Paulo admoesta ao seu filho na fé, que Adão não foi enganado, mas Eva foi, e sendo enganada, caiu em transgressão (verso 14), daí ele continua com um comentário bastante curioso: "Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação" (verso 15). Para entendermos este versículo precisamos olhar alguns versos anteriores: 


"Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Timóteo 2:8-13). 


Acho que Paulo trouxe à memória a figura de Rebeca quando escreveu estas admoestações. Sim, pois ela foi uma mulher que fez profissão de servir ao Deus de Abraão seu sogro e de Isaque o seu marido; ela não foi criar caso com seu esposo por ele amar mais a Esaú e nem foi ensiná-lo dos propósitos divinos, mas aprendeu em silêncio com toda a sujeição e no tempo certo deu sustento à sua casa, porque ela "esteve atenta ao andamento da casa, e não comeu o pão da preguiça" (Provérbios 31:27). Então Rebeca foi salva do "engano" quando deu à luz aos seus filhos, pois permaneceu com modéstia na sua fé e no seu amor em santificação, sempre ponderando o comportamento de sua prole, e não aceitou que um fanfarrão como Esaú herdasse a bênção que ele mesmo desprezou. 


A EFUSÃO NO VAU DE JABOQUE (Gênesis 32).


Jacó permaneceu por vinte anos longe da casa dos seus pais, tudo isso porque o seu irmão o queria matar. Nos anos que passou no exílio foi explorado por Labão seu sogro, mas Deus era com ele e fez prosperar o trabalho das suas mãos, de tanto que ele mesmo diz às suas mulheres que elas mesmas sabiam de todo esforço empregado por ele no serviço, mas que seu sogro o enganou e mudou o salário dez vezes; porém Deus não permitiu que Labão lhe fizesse mal (Gênesis 31:6,7). Ainda falando às suas esposas ele diz: "Assim Deus tirou o gado de vosso pai, e deu-o a mim" (verso 9). 


Na sua saída Jacó levou consigo somente o seu cajado e ao retornar veio com dois numerosos bandos de animais e servos e a certa altura da viagem de volta, ele recebeu a notícia de que Esaú vinha ao seu encontro acompanhado de quatrocentos homens e por isso teve medo. Em meio ao seu terror ele dividiu a sua casa em dois bandos para que pelo menos um deles pudesse escapar à fúria de Esaú, depois disso pôs-se a buscar ao Deus de seus pais (versos 9 ao 12) e por último enviou adiante dele pela mão dos seus servos, um presente para aplacar seu irmão (versos 13 ao 21). Vemos que Jacó novamente põe-se a lutar com Deus e com os homens. Então chega o momento extremo da vida dele, o momento de ficar só no vau de Jaboque.  


Creio que a "luta" de Jacó com o anjo foi uma medição de força de ambas as partes, algo como um "agarra e empurra", sem agressões... Creio também que ele nem desconfiava com quem estava lutando, até que o anjo tocou-lhe na juntura coxa deslocando-a e começou a pedir para que Jacó o deixasse ir. Mesmo ferido, o "agarrador de calcanhar" não desistiu e sabendo agora com quem estava a lutar, instou com o anjo para abençoá-lo, e a bênção do Senhor foi o seu novo Nome (versos 24 ao 29). Veja que a expressão "lutar com Deus e com os homens" não quer dizer lutar "contra Deus e contra os homens", pois as Sagradas Escrituras nos ensinam que não devemos pagar mal por mal, antes devemos vencer o mal com o bem, também está escrito que a nossa luta não é contra a carne e o sangue. Quanto ao "lutar com Deus", lemos no Livro dos Salmos assim: "
Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor" (Salmos 31:24). Diante deste verso podemos entender que a vida cristã é uma jornada de intenso esforço, mas que esta busca não é e nunca será infrutífera. "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes" (Efésios 6:13).   

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: AO QUE VENCER darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra UM NOVO NOME escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe" (Apocalipse 2: 17). 


"E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne" (Ezequiel 36:26).


O clímax da vida de lutas de Jacó, agora Israel, deu-se em Peniel, pois ali ele viu Deus face a face e a sua alma foi salva (verso 30). Carecemos perguntar para nós mesmos como e quando será o nosso Peniel e se já estamos lutando com Deus e com os homens até que esse dia venha raiar.


"Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho" (Apocalipse 21:7). Amém!


L. M. S.

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