MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

sábado, 20 de outubro de 2018

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS...


UM REINO SACERDOTAL - POVO INTERCESSOR.

MATEUS 5, SERMÃO DO MONTE, RESUMO.

43. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. 44. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; 45. para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. 46. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? 47. E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? 48. Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.

"AMAI" AOS VOSSOS INIMIGOS - AGAPATE (verbo - uma ação) - não desejar o mal daqueles que lhe fizeram mal; não retribuir o mal com mal; não intentar o mal àqueles que nos fizeram mal; a ideia aqui não é de "sentir amor", de gostar de alguém que nos ofendeu, mas de não revidar, de fazer o bem a todos, mesmo àqueles que nos odeiam.

Se eu disser que "amo", que "sinto amor" por um criminoso estou mentindo e a verdade não está em mim, porque é impossível existir esse sentimento num cristão, visto que alguém que dotado para amar a justiça não pode folgar com as injustiças, mas somente com a verdade (alétheia - verdade na esfera moral) - 1 Cor. 13: 6.


ÁGAPE, AGAPÁO: AS BOAS OBRAS.


Nós ocidentais temos uma certa limitação para compreender o significado de algumas palavras usadas na Bíblia. Uma dessas palavras é o "amor", substantivo e o verbo "amar", como em: "amai os vossos inimigos"... Não se trata de ter sentimentos afetuosos a quem nos ofende; Cristo não nos pede para sermos masoquistas, isto é, Ele não quer que gostemos ou que "sintamos amor" por alguém que nos bateu, ou que nos assaltou, ou que nos insultou, ou que nos desonrou; mas sim que pratiquemos as boas obras àqueles que nos querem mal. Pois "se o teu inimigo tiver fome, dai-lhe de comer; e se tiver sede, dai-lhe de beber (Provérbios 25: 21; Romanos 12: 20), e assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5: 16).

Os textos acima tratam de bom testemunho cristão diante dos homens, e isto por meio da fé em Jesus Cristo; sabendo de antemão que a vingança pertence a Deus, e Ele disse: "Minha é a vingança, Eu retribuirei... (Hebreus 10: 30).

É falsa a pregação da ideia de que o "sentimento de amor pelas almas perdidas" seria o impulsor dos cristãos para a evangelização do mundo, isso é mentira; o que nos move à evangelizar os perdidos, seja com palavras ou sem o uso delas (a pregação da Palavra e o bom testemunho cristão) é o amor a Deus. Algo assim como está contido nesta frase: "QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SACRIFÍCIO"! Esta frase foi exclamada por dois jovens missionários moravianos quando zarparam de navio rumo a uma colônia britânica; eles se entregaram como escravos perpétuos de um lorde inglês ateu, para então poder evangelizar os outros escravos dessa colônia os quais pertenciam a esse lorde.

Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou (2 Coríntios 5: 14,15).
L. M. S.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

A VIGÍLIA DOS CEM ANOS - OS IRMÃOS MORÁVIOS.



Alguém de certo estranhará o título desta mensagem. Mas foi isto exatamente o que aconteceu numa pequena vila da Saxônia, na Alemanha, chamada "Hernnhut", que significa "A Vigília do Senhor". O nome foi dado por um grupo de crentes que ali formaram uma colônia de refugiados em virtude de perseguição em sua terra, a Morávia, na Checoslováquia, também chamada Boêmia. Estes eram remanescentes de um avivamento liderado por João Huss, padre católico que se influenciou com as doutrinas de John Wycliffe, da Inglaterra; as quais enfatizavam a autoridade das Escrituras. João Huss começou a traduzir tais obras, mas teve de fugir da capital, Praga. Depois, apesar do salvo conduto do Imperador Sigismundo, compareceu ao Concilio de Constança para responder por suas supostas heresias. Foi aprisionado. Chamado a renunciar suas crenças, recusou categoricamente. Condenado à morte, foi queimado vivo na fogueira, em praça pública, no ano de 1415. Desapareceu o líder, mas o movimento continuou apesar das muitas perseguições que obrigaram os fiéis a procurarem refúgio onde pudessem. Foi assim que, 300 anos depois, um grupo deles apareceu nas terras de um jovem de 22 anos de idade, o conde Zinzendorf, fervoroso crente em Jesus, que os acolheu. Entre os crentes havia luteranos, batistas e também da Igreja Reformada. O jovem conde deu prova de um verdadeiro herói espiritual.

O Avivamento em Hernnhut.

Desde a idade de 16 anos, o conde se distinguira como universitário e na formação de locais de oração, tática esta que aplicou em Hernnhut. No dia 12 de maio de 1727 foi celebrado solenemente o famoso “Pacto Fraternal", com inteira dedicação ao Senhor e ao estudo assíduo da Bíblia. Pequenos grupos se reuniam diariamente para a oração. O resultado foi um grande avivamento quando o espírito de intercessão tomou conta de todos os presentes. Até as crianças foram envolvidas no extraordinário movimento espiritual que sacudia a vila de Hernnhut. Oravam até altas horas da noite. No dia 27 de agosto, firmados na lembrança do fogo do altar do Tabernáculo – “O fogo arderá continuamente sobre o altar, não se apagará” (Lev. 6:13) – vinte e quatro irmãos e vinte e quatro irmãs iniciaram a famosa vigília horária, dia e noite, semana após semana, a qual durou mais de cem anos, sem parar; realmente o fogo ardeu continuamente sobre o altar.

Parece que em toda a história do Cristianismo nunca houve coisa igual. Assim, distante de qualquer orientação carnal, foram verdadeiramente inspirados pelo Espírito Santo, e tudo prosseguia sobre os moldes dos genuínos avivamentos, como no Dia de Pentecostes, na Igreja Primitiva, onde até a casa em que estavam reunidos tremeu (Atos 4.31). Hoje falamos muito em avivamentos. Queremos a evangelização do mundo. Há muitas organizações que a isto se dedicam. Porém a maneira mais certa para a evangelização do mundo é a descoberta do poder da oração e da intercessão.

Os Resultados do Avivamento.

A reconciliação tornou-se desconhecida entre os crentes (reconciliar-se do quê, se todos tinham se afastado da verdade de Jesus Cristo?) – caíram por terra as divergências doutrinárias, todos voltaram seus corações a Cristo. Zinzendorf escreveu que “todo o lugar tomou o aspecto da visível habitação de Deus”. E a oração constante era mantida, dia e noite, a favor de um avivamento em todo o mundo, era uma chama que ardia até na alma das crianças. Todos do grupo eram bem jovens. Dentro de seis meses de vigília foram impulsionados a enviar missionários para as Ilhas do Mar das Antilhas, Groenlândia, Turquia e Lapônia. Surgiram as dúvidas, mas Zinzendorf insistiu. Vinte e seis morávios ofereceram-se como voluntários para a evangelização do mundo. As proezas da fé e a coragem constituíram os monumentos mais auspiciosos na história da Igreja. Nada pôde, pois, segurar Zinzendorf e seu grupo de intrépidos soldados de Cristo. Prisões, naufrágios, perseguições, zombarias, epidemias, pobreza e muitas ameaças de morte não os puderam deter.

Os primeiros missionários chegaram às Antilhas em 1732, e, no decorrer dos dois anos seguintes, 22 desses morávios morreram. Outros vieram substituí-los. Um dos primeiros foi Frederich Martin. Ele e os companheiros foram presos por pregarem aos negros, permanecendo encarcerados por três meses. Mas uma atitude exemplar os distinguiu quando se deram intensamente à intercessão, como Paulo e Silas na prisão em Filipos. Um número de 700 convertidos reuniu-se o mais perto possível da prisão para cantar hinos e ouvir sermões inspirados dos dois denodados pastores. E surgiu um glorioso avivamento.

Foi nesse tempo que, inesperadamente, chegou o conde Zinzendorf a bordo de um veleiro, na sua primeira viagem missionária, acompanhado de dois casais que vinham reforçar o número de obreiros. Ao aproximar-se da Ilha, disse o conde aos novos missionários: “E se não encontrarmos ninguém? Se todos os missionários tiverem sido assassinados?” A resposta logo se fez seguir por parte de um dos missionários: “Mas então nós estamos aqui!” Esta disposição muito impressionou Zinzendorf, que exclamou: “Geens aeterna diese Maehren!” (“Essa raça eterna, esses morávios”!). O conde conseguiu a libertação dos dois pastores, que estavam doentes e padecendo fome. E foi grande a surpresa no tocante à obra do Senhor, que se tornou maior que em Hernnhut. Deus continuava a levantar obreiros, cada vez mais, à medida que os morávios na pequena ilha intercediam diante de Seu tono, sem parar, dia e noite, década após década, durante 100 anos. No ano de 1792, William Carey (considerado o “Pai das Missões”) propõe uma reunião em Kettering, Inglaterra, uma missão para ir à Índia. Nesta época, quando os morávios já haviam enviado 300 missionários, Carey lançou sobre a mesa um exemplar de um periódico contendo as “aventuras” dos morávios, dizendo: “Olhem aqui, vejam os que os morávios já fizeram! Por que não podemos seguir o seu exemplo, e, em obediência a nosso Mestre celestial, sair por todo o mundo e pregar o Evangelho aos pagãos?”

Os historiadores da Igreja relatam as maravilhas do avivamento do século XVII como o “Grande Despertar” espiritual na América do Norte e na Inglaterra conduzindo dezenas de milhares para Cristo. Uma das figuras principais neste avivamento foi John Wesley, fundador da Igreja Metodista. Mas nem todos sabem quem foram os modestos morávios que o ganharam para Cristo. É oportuno lembrar que foi no ano de 1736 quando dois irmãos anglicanos John e Charles Wesley se encontravam a bordo de um navio a caminho da América e surgiu um terrível furacão ameaçando suas vidas. Eram pastores, mas não convertidos. Apavorados, procuraram alguns morávios que também viajavam com eles. E a calma destes e o espírito de confiança em Deus no meio da tormenta muito impressionaram os dois pastores, os quais não tinham paz na alma. Pregavam para outros, mas eles mesmos precisavam da certeza da justificação pelo sangue de Cristo. Contudo, somente dois anos depois, em 1738, numa reunião dos morávios em Londres, é que o pastor Peter Boehler foi usado por Deus para levar a plena luz da conversão, do novo nascimento e a conseqüente segurança da fé em Cristo para o jovem John Wesley. Este ganhou seu irmão Charles para a mesma experiência de fé. E deste modo, pregando a salvação pela fé nos méritos do sacrifício de Cristo, tornou-se um ganhador de almas. Por sinal, a primeira pessoa a quem testificou foi um preso, condenado à morte. Não demorou muito quando John ganhou para Cristo sua idosa progenitora, Susana, mãe de 19 filhos. 

Os metodistas e os morávios frequentemente se reuniram para estudo da Bíblia e oração. O grande pregador George Whitfield, companheiro de Wesley, que foi tão grandemente usado por Deus no despertamento da América, recebeu um grande impacto em sua alma pelo contato com os morávios. Acerca de uma dessas reuniões escreveu Wesley em seu diário: “Por volta das três horas da madrugada, enquanto continuávamos em oração, o poder de Deus desceu intensamente sobre nós de tal forma que muitos choraram e muitos caíram no chão. Quando me refiz um pouco daquele grande impacto da presença da Majestade suprema, uníssonos cantávamos: “Nós te louvamos, ó Deus; nós de reconhecemos como Senhor”. O grande líder John Wesley formou o Metodismo, que salvou a Inglaterra da desgraça da Revolução Francesa. Foi o impacto do Espírito Santo e o ensino bíblico que trouxe tão grandes resultados espirituais no oportuno exemplo desses irmãos morávios, inspirando-se na Vigília dos Cem Anos.
Missionário Lawrence Olson – Revista “A Seara”.


"QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SOFRIMENTO"!
Dois jovens morávios para poder evangelizar escravos de uma colônia britânica, deram a si mesmos como escravos perpétuos de um senhor inglês. Na partida, dentro do navio, eles gritaram: "QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SOFRIMENTO"; nesta frase eles resumiram todo o conceito do que é ser um cristão, pois, pela compaixão de Deus, eles apresentaram os seus corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, em um culto racional; e não se conformaram com o mundo, mas transformaram-se pela renovação de suas mentes, para provar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:1,2).
L. M. S.