MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

terça-feira, 30 de novembro de 2021

A PARÁBOLA DE JOTÃO (Juízes cap. 9).

 Juízes 9:7-15.

7. E, dizendo-o a Jotão, foi e pôs-se no cume do monte de Gerizim, e levantou a sua voz, e clamou e disse-lhes: Ouvi-me, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá a vós;
8. Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei, e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós.
9. Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?
10. Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós.
11. Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores?
12. Então disseram as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós.
13. Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?
14. Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós.
15. E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis por rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano.

A Bíblia tem a resposta para todas as questões humanas.

Paulo, aos crentes de Colossos, diz: “Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas”. (Cl 2:2-4).

A admoestação da Carta aos Colossenses ainda é válida para o nosso tempo, porém muitos cristãos insistem buscar entendimento e conhecimento (sabedoria e ciência) nos lugares errados. Paulo diz que os nossos corações devem estar “consolados”, isto é, em paz e em segurança; tranquilos em Cristo, pois NELE habita, e reside, e tem em depósito, toda a sabedoria e ciência que precisamos para não sermos enganados pelos falsos profetas de hoje e por seus ídolos de ouro e de prata (as modernas tecnologias são os “deuses” deste século), e de madeira e de pedra (veneração da “deusa” natureza é o culto dos ambientalistas, os quais seguem “adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” – Rm. 1:25).

A “Parábola de Jotão” é uma comparação bem elaborada e muito pertinente aos nossos dias; porque apesar dos avanços tecnológicos galgados através dos séculos, as intenções do coração dos homens são as mesmas desde a antiguidade. É por isso que a Parábola de Jotão é atual.

Jotão diz: Ouvi-me, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá a vós”.

Vejamos algumas peculiaridades de Siquém:

1.     Siquém foi o local do primeiro altar erigido por Abraão na terra dos cananeus (Gn. 12:6,7);

2.     Siquém foi a primeira habitação de Jacó ao voltar de Padã-Arã (Gn. 32:17-20);

3.     Siquém, filho de Hamor, era um príncipe gentio (heveu) que quis aparentar-se – e ao seu povo – dos filhos de Israel (Gn. 34:8-18);

4.     Em Siquém foram sepultados: Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, e Jacó e Lia (Gn. 49:29-32);

5.     Siquém foi uma das cidades de refúgio dada aos levitas filhos de Coate – os coatitas tinham o encargo do preparo dos pães da proposição (Josué 21:20,21; 1 Crônicas 9:32);

6.     Siquém foi local de descanso dos ossos de José (Josué 24:32);

7.     Siquém foi o lugar da reunião de todo Israel para fazerem rei a Roboão, filho de Salomão, e da divisão do reino por causa da teimosia do rei em não ouvir o clamor do seu povo.

APRENDENDO COM A PARÁBOLA.

Assim como toda a Escritura é proveitosa para instruir em justiça (2 Tm. 3:16), a Parábola de Jotão traz um alerta para todos os cristãos acerca dos “reis da Terra” (os políticos), e do caráter de quem almeja “pairar” sobre outros.

As árvores.

Sendo uma parábola (comparação), as “árvores” representam os homens tementes a Deus, os quais foram plantados pelo Senhor (Salmos 92:12,13. O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus.).

As “árvores” desejam ungir um rei.

À moda das nações gentias, os israelitas desde cedo desejavam um rei para si; eles tentaram convencer Gideão a reinar sobre Israel, mas ele recusou (Juízes 8:22,23. Então os homens de Israel disseram a Gideão: Domina sobre nós, tanto tu, como teu filho e o filho de teu filho; porquanto nos livraste da mão dos midianitas. Porém Gideão lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará.).

Gideão teve 70 filhos legítimos, pois teve muitas mulheres, e com sua concubina em Siquém, teve mais um; a esse filho ela (a concubina) pôs o nome de Abimeleque, que significa: “Meu Pai é Rei”. Pelo que parece, mesmo com a recusa de Jerubaal (Gideão) em reinar sobre Israel, permanecia a expectativa – pelo menos por parte de sua concubina – de que Gideão reconsiderasse a proposta. Porém Jerubaal jamais aceitaria: “Porque o reino é do Senhor, e Ele domina entre as nações” (Salmos 22:28); e somente Ele reina com justiça e equidade em Jacó (Salmos 99:1-4).

O bom e o mau pastor.

Em João 10:11, Jesus declara que Ele é o bom pastor, pois só Ele fez o que nenhum rei da terra pôde, pode ou quer fazer: “dar a sua vida pelas ovelhas”.

Jamais os reis dão suas vidas em resgate de alguém; reis não morrem por seus súditos, mas os súditos sim; morrem por seus reis. Os senhores da Terra dispõem de muitos soldados; eles põem em perigo as vidas dos seus vassalos quando travam as suas guerras por poder e riquezas; homens são enviados para morte, e suas mulheres e crianças sofrem por causa das vaidades dos seus reis.

O caráter do espinheiro.

Creio que a Parábola de Jotão nos faz refletir que somente os “espinheiros” desejam “pairar” acima das outras árvores. Sim, pois as árvores perguntam à oliveira, à figueira e à videira, se elas desejariam reinar sobre elas, mas a resposta é que cada uma delas já têm a sua função útil a Deus e aos homens, e que exercitando honestamente o labor para a qual nasceram, agradam ao Senhor Deus; isto quer dizer que cada homem de bem desempenha um trabalho necessário neste mundo; uns são pedreiros, outros são carpinteiros, outros professores, médicos, cozinheiros, lavradores, pescadores etc. Deus quer que cada ser humano desempenhe o seu ofício honradamente, porque assim agradará o Senhor, e Ele abençoará a obra das mãos de cada um (Ef. 4:28. “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”. Ver também 1 Tess. 4:11,12) Então por que razão tais trabalhadores deixariam sua obra útil à sociedade, e se colocariam acima dos demais?

Quem é o espinheiro?

Somente os políticos almejam posições acima dos outros homens, eles são comparáveis ao espinheiro; o mais interessante é que o espinheiro, para ser ungido rei sobre as demais árvores, convida-as: “Vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra”; mas o espinheiro é um arbusto que jamais poderá fazer sombra àqueles que são maiores do que ele... Não é exatamente isto que os políticos fazem? Promessas que não podem cumprir? Eles prometem “mundos e fundos” àqueles que os “ungem” sobre si; porém os únicos que se abrigam à sua sombra, isto é, aqueles que se confiam debaixo de espinheiros são os ratos e as serpentes.

Maldito é o homem que confia no homem.

Em Jeremias 17:5; lemos: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e que faz da carne mortal o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor”!

Exatamente o que Jeremias profetizou, é o que os homens fazem quando confiam suas vidas nas mãos de homens inúteis à sociedade; isto mesmo; inúteis! Pois não servem, mas querem ser servidos... Há um ditado antigo que diz: “Quem não vive para servir, não serve para viver”.

Tal qual o espinheiro cuja única função em vida é abrigar à sua sombra ratos e cobras, e na morte ser queimado nos fornos; da mesma forma os reis deste mundo vivem e morrem.

Não existe homem nenhum que seja bom, e muito menos se ele for um político.

Jesus disse: “Eu Sou o bom pastor; o bom pastor dá a Sua vida pelas ovelhas” (João 10:11); e no verso oito Ele diz: “Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram”.

Moral da Parábola de Jotão:

Os que desejam reinar sobre outros, são homens inúteis; eles não gostam de trabalhar honestamente com suas mãos, por isso, enquanto comem o fruto do trabalho alheio, põem a fadiga e miséria nas costas dos que trabalham honestamente. Os tais acolhem sob si àqueles semelhantes a eles mesmos, ou seja, vadios, insensatos e homicidas – as cobras e os ratos que se protegem à sombra do espinheiro – como Abimeleque (filho ilegítimo de Gideão) quando alugou com “setenta peças de prata” (uma prata para cada filho morto de Gideão) os homens ociosos e levianos que o ajudaram executar sobre uma pedra, em Ofra (na casa de seu pai), os seus próprios irmãos.

Meu pai outrora me disse: “Filho, a política é do diabo, pois ele foi o primeiro político da história”.

“Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas”. (Hebreus 2:1).

L. M. S.