MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

domingo, 15 de outubro de 2017

O DEVER DE JULGAR.

Há um vento de doutrina que tem se espalhado com um vírus no meio cristão de hoje, o qual consiste em declarações mais ou menos assim: “Quem somos nós para julgar? Nós somos pó e cinza; quem somos nós para julgar a quem Deus levantou? Não julgueis para que não sejais julgados”.

É certo que Deus é quem levanta e também quem abate; homens são levantados e homens são abatidos, tudo está sob o controle de Deus. Foi Deus quem levantou reinos e reis na história do mundo e Ele mesmo os destruiu, pois ninguém pode escapar das Suas mãos; porém não é porque Deus levantou certos homens, que estes sejam intocáveis. Vejamos por exemplo os perversos líderes da história que só chegaram ao poder por permissão divina assim como os grandes impérios (assírio, babilônico, persa, grego, romano) que só existiram e se engrandeceram na Terra por anuência de Deus, mas que no seu devido tempo Ele os derrubou; então isentar-se de um juízo crítico a esses tronos e seus personagens é o mesmo que concordar com tudo o que eles fizeram, pois como disse Edmund Burke, "Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada".

Em Ezequiel 14 o Senhor diz que se homens vierem a consultá-lo, e se esses homens levantaram seus ídolos em seus corações, e puseram o tropeço da sua maldade diante de seus olhos, Deus lhes responderá conforme a multidão dos seus ídolos, para eles sejam apanhados em seus corações idólatras. O que o Senhor está dizendo é que quem se chegar a Ele, mas não quiser receber a verdade para ser liberto da mentira, o Senhor o entregará ao desejo maligno do seu próprio coração para que creia na mentira (2 Tess. 2:10,11), já que ele a ama... Assim acontece com muitos que não querem acolher o “amor da verdade”, mas preferem amar a mentira.

Estes compõem o grande número dos bodes que se abrigaram no seio das igrejas; eles às frequentam e são batizados, cantam louvores nos cultos e ouvem pregações, dão ofertas e trabalham na obra, mas não nasceram da água e do Espírito, pois seus corações ainda são os altares dos seus ídolos pessoais.

A Bíblia diz que o juízo deve começar pela Casa de Deus. E por que ela diz isso? Porque se no lugar onde deve reinar a justiça, imperar o erro, que saída haverá para os perdidos que em trevas clamam por luz? Sim, pois se não houver profecia, o povo perecerá (Provérbios 29:18), isto é, se os que se dizem justos não ouvem e nem obedecem a voz divina; como o ímpio a ouvirá? A candeia deve estar no velador para que todos da casa vejam a luz e não andem mais em trevas (Mateus 5:15).

Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça (João 7:24).

“Julgar segundo a reta justiça” significa julgar segundo os parâmetros de Deus os quais encontramos na Sua Palavra, fazer isto é agradável ao Senhor, pois manterá o rebanho saudável e livre das heresias, por isso Cristo adverte-nos a tirar a trave dos nossos olhos antes de tirar o cisco dos olhos de outros, pois se estamos cegos, isto é, se os nossos olhos não foram abertos pelas Escrituras, qualquer julgamento que fizermos será maligno, pois passa a ser acusação e Jesus nos proibiu fazermos juízos sem base, isto é, fora da Sua Palavra. Se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova; certamente é o que diariamente se vê nas igrejas com pastores não convertidos levando rebanhos inteiros para o abismo.

Julgar é o dever de todo crente, pois o diabo, o nosso adversário, anda em derredor, rugindo como leão, buscando a quem possa tragar. Que seria de nós se ao ouvirmos certas doutrinas estranhas aos ensinos bíblicos não as julgássemos?

É exatamente pela falta de julgamento que muitas seitas vieram a existir, e olhem que muitas delas se fundamentaram em cima de doutrinas sutis, ou seja, de trechos ardilosamente extraídos das Escrituras, mas totalmente fora do seu contexto. Isto faz com que aqueles que não examinam todo o contexto bíblico aceitem as heresias como se fossem verdades divinas.

Em Êxodo capítulo 16 o povo murmurou contra Moisés e Arão porque não tinham pão para comer, então o Senhor disse que pela manhã eles comeriam pão a fartar, mas o povo deveria colher o maná diariamente e não guardá-lo para o outro dia, assim Deus os provaria para ver se andavam na Sua Lei. Alguns não obedeceram e deixaram parte do maná para a manhã seguinte; o pão do céu deu bichos e cheirou mal. Esta passagem quer nos ensinar que quando lemos um trecho da Bíblia, isto é, a porção do nosso pão do céu, nós deveremos comê-lo todo e não em parte, ou seja, precisamos estudá-lo em seu escopo, minuciosamente, pois assim teremos mais luz do trecho em questão; se basearmos as doutrinas da Igreja em apenas uma fração de um texto escriturístico e deixar de lado os outros que o completam, estaremos fazendo exatamente como os desobedientes israelitas que comeram uma porção do maná e deixaram o resto para o dia seguinte; as heresias são como os bichos do maná que o fazem cheirar mal. É assim que Deus nos prova para ver se nós andamos na Sua Lei ou não.

“E falem dois ou três profetas, e os outros JULGUEM” (1 Cor. 14:29). Se até as profecias devem ser julgadas pelos crentes para saber se realmente são de Deus, que dirá os maus comportamentos de quem está em evidência na cristandade. Pois se alguém profetizar em Nome do Senhor ou fizer um prodígio e tal prodígio suceder, e se esse alguém disser: “Vamos, sigamos outros deuses”; não devemos segui-lo, mesmo que ele realize milagres em Nome de Deus, pois se sua doutrina for contraria à de Cristo, o tal é um falso profeta e faz milagres em nome da mentira. É por meio de falsos profetas que Deus prova os corações e vê se estes temem a Sua Palavra (Deut. 13; Ez. 14).

À Lei a ao Testemunho, se não falarem segundo esta Palavra é porque neles não há Luz (Isaías 8:20). 

Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Como poderemos fazer isto se não nos julgamos a nós mesmos? Temos o dever de julgar. Julgar não é condenar, julgar é discernir entre o certo e o errado, entre o santo e o profano; fazemos isso o tempo todo. É assim que se descobre onde está o engano. Portanto, nós julgamos, mas não condenamos, porque cada um condena a si mesmo naquilo que faz e aprova. Não podemos sentar à mesa do Senhor e depois à mesa do diabo, não podemos beber do cálice do Senhor e também do cálice dos demônios... 

Um mecânico para achar um problema num carro, primeiro ele deve conhecer a sua mecânica e depois as queixas do seu condutor, após isso, com a “mão na massa” encontrará o defeito por eliminação. Exemplo: o motor não “pega” na partida, verificar: bateria, motor de arranque, injeção/carburação, bomba de combustível etc. Sem essa capacidade de julgar como interagem os itens que fazem o motor “pegar”, o conserto não acontecerá. Da mesma forma faz o crente quando se depara com o que não está de acordo com a fé cristã; de posse de sua Bíblia e do conhecimento do alto, julgando entre o mandamento de Deus e o mandamento de homens, por eliminação textual se descobrirá o defeito.


L. M. S.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017


O SELO DE DEUS.

Todavia o fundamento de Deus permanece tendo este Selo: “O Senhor conhece os que são Seus”; e todo aquele que professa o Nome de Deus aparte-se do mal.

Deus não se agrada de sacrifícios, mas da obediência. Hoje, o que se vê para todo o lado são “louvores”, isto é, canções gospels – como se louvor fosse isso – louvores de língua, apenas de lábios, mas não de coração, porém, assim como Samuel disse a Saul (Tem o Senhor tanto prazer em sacrifícios do que se obedeça a Sua voz?), assim também devem ser questionados a esses louvores de aparência, mas não em verdade, pois cantam-se muitos “louvores” nas igrejas, porém vive-se muito pouco para o louvor da glória de Deus.

A mulher samaritana questionou a Jesus sobre o local para verdadeira adoração Deus, e Cristo lhe disse: “Os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em Espírito e em verdade”... A adoração externa – “no monte” ou em Jerusalém – não tem nenhum valor se não partir do Espírito Santo, e os propósitos do Espírito são desprovidos dos interesses materiais (dinheiro, a fama e as aclamações). A adoração verdadeira é a de Jó, que mesmo depois de perder tudo ainda glorifica ao seu Deus dizendo: “Deus o deu, Deus o tirou; louvado seja o Seu santo Nome”.  

O altar, local onde se oferecem dons à divindade está no coração do crente, pois a boca falará daquilo que o coração está cheio, porque “não é judeu aquele que o é no exterior, nem é circuncisão aquela que é na carne, mas é judeu aquele que o é no interior e é circuncisão a que é do coração no espírito, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus”. O que Paulo está afirmando nestas palavras é que crente não é aquele aparenta sê-lo, mas que o é de fato; adorador é quem nasceu “da água e do Espírito”, isto é, do casamento da Palavra de Deus ouvida, e do Espírito Santo que a “fecundou no coração” de quem a ouviu.

... E o Espírito de Deus pairava sobre as águas. E disse Deus: Haja luz! E houve luz...

Cristãos são aqueles que professam a Cristo no coração, na alma, no espírito; nestes a Semente caiu em boa terra; estes darão frutos perfeitos e por seus frutos o Senhor será glorificado.

A expressão do amor que o marido e mulher sentem um pelo outro não reside nas palavras, mas nas atitudes; sim, são as atitudes que comprovam o amor entre eles; a fidelidade, o cuidado, o respeito, os afetos, a presteza e a admiração mútua são as marcas fiéis de um amor verdadeiro e não em meras palavras ao vento. Da mesma forma, o louvor a Deus não são as apresentações nem os paramentos, mas as vidas transformadas, vidas que testemunham as misericórdias do Senhor e que se revelam nas boas atitudes do falar, do agir e do pensar, pois com tais sacrifícios de uma fé obediente, Deus se agrada. A genuína fé cristã gera fidelidade, a fidelidade gera obediência, a obediência gera boas obras, e as boas obras redundam em louvor a Deus.


L. M. S.    

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

HORIZONTE DE ÁGUIA – UMA PARÁBOLA JUDAICA.

"Não te fatigues para enriqueceres; e não apliques nisso a tua sabedoria. Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia" (Provérbios 23:4-5).

Certamente o escritor de Provérbios está dizendo que coisas superiores às terrenas esperam por aqueles que aplicam os seus corações ao exame e à prática das Escrituras Sagradas, pois o que ele escreve, escreve aos filhos que atentam para a sabedoria (Provérbios 1).

Eu estava pesquisando alguns temas e deparei-me com algo muito interessante: uma parábola judaica; bem, pelo menos é assim que o texto foi apresentado. O seu título é: "HORIZONTE DE ÁGUIA".

Vejamos o que a Parábola nos conta:
"Era uma vez um camponês que queria um pássaro e com esse objetivo foi até uma floresta e capturou um filhote águia criando-o porém, junto com as galinhas. E assim a águia cresceu pensando e vivendo como uma galinha. Alguns anos depois, ele recebeu a visita de um naturalista de passagem por aquelas bandas que, ao ver uma águia vivendo com galinhas, ficou abismado. O naturalista explicou ao camponês que aquele pássaro não era uma galinha e sim uma águia. O camponês retrucou que embora realmente o animal houvesse nascido águia, depois de todos aqueles anos havia se tornado uma galinha. O naturalista replicou que isso era errado, uma vez que se nasceu águia, a sua natureza será essa para sempre, e resolveu provar sua tese. No dia seguinte colocou a águia bem alta em seu braço, dizendo a ela que voasse. A águia olhava distraída ao redor e quando viu as galinhas ciscando pulou para junto delas para fazer o lhe era comum: ciscar o chão também. Diante do resultado o homem disse ao naturalista que este deveria reconhecer que equivocara-se, pois a águia havia se tornado uma galinha. O naturalista não satisfeito propôs fazer uma segunda e última tentativa, caso a águia não voasse seria realmente forçado a reconhecer que se transformara numa galinha. Ao amanhecer o camponês e o naturalista pegaram a águia e levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe que voasse. A águia olhou ao redor e tremia, como se experimentasse uma nova vida, mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte. Foi quando ela abriu suas potentes asas, ergueu-se soberana sobre si mesma, e começou a voar, voar para o alto e voou cada vez mais alto. Voou e nunca mais retornou".

Dá o que pensar não é? Na minha mente consigo entender que esta parábola está intrinsecamente ligada aos cristãos, isto é, à vida cristã. O cristianismo primitivo com o passar dos séculos foi subestimado perdendo gradativamente o seu valor e assim doutrinas estranhas foram introduzidas em meio à ausência da leitura bíblica e do juízo crítico por parte dos professos cristãos.

A coisa é assim mesmo: tem águia pensando que é galinha; isto é, tem cristão pensando que é do mundo, pois age como mundano, veste-se como um mundano, pensa como o ímpio pensa, gosta das migalhas oferecidas por este mundo e tem apreço ao que é material; ele ainda não se tocou que Deus o escolheu para ser de cima e não debaixo. Tudo isso por causa da ignorância em que vive e que lhe é confortável.

Tem um trecho em Isaías 40 que diz: "Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, SUBIRÃO COM ASAS COMO ÁGUIAS; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão" (Isaías 40:31). Creio que muitos crentes já ouviram alguns pregadores lerem esta passagem, mas nunca aplicaram os seus corações ao texto, pois se o aplicassem mudariam os seus comportamentos diante do Senhor.

Jesus disse aos seus discípulos que, assim como Ele era de cima, naturalmente os seus escolhidos também seriam (João 8:23; 15:19), e ignorar este fato é viver fora da realidade, como uma águia no meio de galinhas. Deus nos escolheu para algo maior, pois a Escritura diz: "o que o olho não viu, o ouvido não ouviu, nem sequer a mente humana pôde imaginar, é o que Deus preparou para aqueles que O amam" (1 Coríntios 2:9). Portanto já que fostes comprados por bom preço, preço de sangue, derramado numa cruz; não vos façais servos dos homens; mas cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado (1 Coríntios 7:23-24). Amém!


L. M. S.

domingo, 1 de outubro de 2017

QUEM SÃO FILHOS DE DEUS MENCIONADOS EM GÊNESIS 6?

... “e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Timóteo 4: 4).


Leitura Gênesis 6: 1-9.

Os filhos de Deus de Gênesis 6 eram anjos?

... “e não se ocupem com fábulas judaicas...” (Tito 1: 14).

Mateus 22: 23-30 – Certa vez uns saduceus (seita da qual faziam parte os sacerdotes) vieram fazer chacota de Cristo por causa da doutrina da ressurreição. Eles perguntaram sobre uma mulher que se casou com um homem o qual tinha sete irmãos, e que morreu sem deixar filhos, então, segundo o levirato, o seu irmão desposou viúva para suscitar-lhe descendência,  mas também veio a falecer antes que isso acontecesse, daí o outro irmão mais novo casou-se com a sua cunhada e também morreu sem filhos, assim sucedeu aos sete irmãos e por fim, morreu também a mulher; então os saduceus perguntaram: “De quem ela será esposa na ressurreição dos mortos, visto ter desposado os sete irmãos”? Jesus lhes respondeu: Errais por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus; no céu não se casam nem se dão em casamento, pois são como os anjos... E Lucas 20: 36 acrescenta: Pois não podem morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.

O que este comentário tem haver com Gênesis 6? Bem! Tem gente que diz que os filhos de Deus de Gênesis 6 são anjos que viram as formosas filhas dos homens, que se casaram com elas e tiveram filhos. Vejam o absurdo dessa afirmação, pois se os anjos não se casam, isto é, não coabitam com mulher, e nem se dão em casamento, ou seja, não se reproduzem; como poderiam se relacionar com mulheres e gerar filhos?

“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas” (1 Tim. 4: 7).
“E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas” (2 Timóteo 2: 23).

Quem crê que os filhos de Deus de Gênesis 6 são anjos, crê numa blasfêmia, pois consciente ou inconscientemente afirma que Cristo é um mentiroso, visto que está contradizendo as palavras de Jesus. 

Em Gênesis 3: 15 diz que haveria a “semente da serpente”, ou seja, a  “descendência da serpente”, isto é, os “filhos do diabo”; mas que da semente da mulher nasceria um que esmagaria a cabeça da serpente. Devido a esta promessa, o nascimento do primogênito de Adão, Caim foi aguardado com grande expectativa. Eva disse: "Alcancei do Senhor um varão" (Gênesis 4:1); essa frase exprime júbilo, pois era a esperança da promessa de Gênesis 3:15 se cumprir. Porém Caim foi rejeitado por Deus. O apóstolo João diz que Caim era do maligno por causa das suas obras más (1 João 3: 12), pois Deus mesmo lhe disse: “Se procederes bem, também haverá aceitação para ti” (Gên. 4: 7); então são as obras* que definem se a descendência é de Deus ou do diabo (1 João 3: 7-10), pois é pelos frutos que se conhece a árvore (Mateus 7:16-20).

*Obras: Lembremo-nos que Abel é citado em Hebreus 11 como um dos heróis da fé; o autor diz: "Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, 'pelo qual' (sacrifício) alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus 'dons' (oferta), e por ela (fé), depois de morto, ainda fala" (Hebreus 11: 4); então, o conceito bíblico de produzir "bons frutos" e de executar as "boas obras", é a ideia do fruto gerado pela fé e da obra que se faz por meio da fé em Deus.   

Mais adiante lemos que a descendência de Sete começou a invocar o Nome do Senhor (Gên. 4: 26), isto quer dizer que eles começaram a interceder, oferecer dons, anunciar o conhecimento do Senhor Deus; ali nasceu uma linhagem sacerdotal substituindo o sacerdócio de Abel o qual foi morto por seu irmão Caim. No que diz respeito ao filho de Sete, o nome Enos (Enosh*) significa "homem", mas não como o de Adão (espécie humana) e sim como de alguém fraco e carente de Deus. Esta característica de dependência da misericórdia divina se traduz na frase: "Então se começou a invocar o Nome do Senhor" (veja: 1 Pedro 5:5; Tiago 4:6,10; Romanos 8:14-16).

*Enosh - um mortal (homem mortal).

ABEL FOI UM SACERDOTE???

Sim, Abel foi um sacerdote, e ofereceu a melhor dádiva que seu irmão (versos 4 e 5); ele foi o primeiro “sacerdote” aceito por Deus após a queda do homem ("Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados... E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus..." - Hebreus 5: 1,4).

SETE ERA CONFORME A SEMELHANÇA E IMAGEM DE SEU PAI (Gênesis 5: 3).

E Adão conheceu a sua mulher e ela lhe deu um filho, a quem pôs o nome de Sete, porque disse ela: Deus me concedeu “outro descendente” “em lugar de Abel”, que Caim matou (Gênesis 4: 25). Veja que na expressão “outro descendente”, Eva ainda esperava a promessa de Deus lhe dar um filho para esmagar a cabeça da serpente, e como disse: “em lugar de Abel”; ela faz referência a um “posto” que ele ocupava (Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta – Gên. 4: 4), isto é, uma função exercida por ele, um sacerdócio (Leia Malaquias 2:1-17).

É fascinante o que nos diz Gên. 5: 3, com o fato de Sete ser gerado à semelhança de Adão e conforme a sua imagem. Adão já estava com 130 anos de idade quando gerou seu filho Sete, então as palavras “conforme a sua imagem e semelhança” dizem respeito à juventude de Adão quando ele fora criado conforme a imagem e semelhança de Deus, do tempo em que Deus falava com Adão e este ouvia a Sua voz no Jardim (Gên. 1: 26, 28-30, cap. 2: 16, 17, 19). Portanto, o texto está claramente indicando não somente o aspecto físico de Sete, mas também a relação deste com Deus à semelhança daquela que foi perdida por seu pai.

DE SETE A NOÉ.

Genealogia geralmente é meio cansativa de se ler, mas ela é muito proveitosa se a lermos no Espírito. Gênesis 5 nos dá a genealogia de Adão até Noé, destacando-se nela os “cabeças” dos descendentes. Temos então: Sete, 105 anos – Enos, 90 anos – Cainã, 70 anos – Maalalel, 65 anos – Jarede, 162 anos – Enoque, 65 anos Matusalém, 187 anos – Lameque, 182 anos – Noé, 500 anos – Sem. Repararam no tempo em que estes “cabeças” demoraram em gerar filhos? Pois é! É que eles esperavam por mulheres tementes a Deus para tomá-las por esposa. Os filhos de Deus se casam com as filhas de Deus, não com as filhas dos homens.

O verso 9 de Gênesis 6 diz que Noé era “justo e íntegro” entre os seus contemporâneos (A.R.A. S.B.B.), e numa outra tradução da Bíblia, o mesmo texto diz que ele era “perfeito em todas as suas gerações”; isto quer dizer que Noé e seus antepassados eram inteiros (íntegros), ou seja, “os cabeças”, os patriarcas dos filhos de Deus, desde Sete até ele, permaneceram justos e tementes a Deus; perfeitos e não misturados com os decadentes filhos de Caim, mas os demais descendentes destes homens justos não fizeram como seus pais, pois não quiseram esperar no Senhor as filhas de Deus para se casarem, porque ao se multiplicarem os homens sobre a terra, nasceram-lhes filhas, e os filhos de Deus viram que elas eram formosas (towb - linda: mulher; terra: fecunda), e as tomaram por esposas, e dessa união, por meio dos seus descendentes, o gênero humano foi de todo corrompido (Gênesis 6: 1-7); já não havia mais a “separação” entre a luz e as trevas (Gênesis 1: 4). Mas Noé alcançou graça diante do Senhor.   

O SACERDÓCIO SEGUNDO A ORDEM DE MELQUISEDEQUE (Salmos 110: 4; Hebreus 5: 6-10, 6: 17-20, 7).

Melquisedeque não é um nome, mas um título: “REI DE JUSTIÇA”; ele era sacerdote do Deus Altíssimo; e quando Abraão, ainda chamado de Abrão, voltava da guerra contra Quedorlaomer e os seus aliados, para livrar seu sobrinho Ló, este Melquisedeque veio ao seu encontro e lhe trouxe pão e vinho e o abençoou. Segundo a cultura judaica, o ato de "servir pão e vinho" simboliza dar as “boas vindas” para alguém.


É mister servir pão e vinho numa cerimônia de boas vindas aos convidados de uma casa, por exemplo, aos ingressantes da casa de Deus, Jesus consagrou o pão e o vinho como cerimonial de boas vindas aos que se tornam membros da Igreja, isto é, aos que ingressam no Seu Corpo, pois Ele os faz herdeiros do Reino do Céu. Da mesma forma Melquisedeque fez com Abraão servindo-lhe pão e vinho e entregando-lhe a sua herança para integrá-lo na ordem sacerdotal que iniciou-se em Abel, foi retomada em Sete, continuada em Noé e passado ao seu filho Sem que, segundo alguns estudiosos* pode ser reconhecido em Gênesis 14: 18 como Melquisedeque, rei de Salém, embora não haja nenhum registro bíblico (ver: Hebreus 7:3). É possível que Sem fosse mesmo Melquisedeque, pois ele viveu mais quinhentos anos depois do dilúvio, vindo a dormir com seus pais com seiscentos anos de idade (Gên. 11: 10,11), e Abraão, quando deixou sua parentela, era da idade de setenta e cinco anos (Gên. 12: 4); fazendo as contas do tempo da geração dos descendentes de Sem até o chamado de Abraão, dá um total de trezentos e sessenta e cinco anos, pouco mais da metade da vida de Sem.

*Alguns estudiosos da Escrituras como Jerônimo e Lutero afirmavam que o Melquisedeque era mesmo Sem, o filho mais velho de Noé, e isto faziam por inferências. 

Veja isto: Sem vive 100 anos e gera Arfaxade, que vive 35 anos e gera Salá, que vive 30 anos e gera Héber, que vive 34 anos e gera Pelegue, que vive 30 anos e gera Reú, este vive 32 anos e gera Serugue, que após 30 anos gera Naor, que vive 29 anos e gera Terá, que vive 70 anos e gera Abrão e este recebe o chamado de Deus aos 75 anos de idade, isso dá um total de 365 anos.

Se Sem* foi mesmo Melquisedeque, a causa dele não ter passado o “cetro” a um dos seus filhos pode estar na desobediência de Babel (Gên. 9: 1,7 e cap. 11: 4). Ou talvez Sem esperasse um sinal de Deus em alguém de sua linhagem e a matança dos reis de Sinar, Elasar, Elão e Goim por Abrão, foi esse sinal (Gên. 14: 19-20). Por certo ele era o herdeiro de Noé, o pregoeiro da justiça (2 Pedro 2: 5), pois era o seu primogênito, e o próprio Noé faz uma declaração indicando isso quando o abençoou dizendo: “Bendito seja o Senhor, Deus de Sem...” (Gên. 9: 26). Nestas palavras vemos que o Senhor era o Deus de Sem, mas não de Jafé e nem de Cam, contudo Jafé seria engrandecido por Deus e habitaria sob o mesmo teto de Sem e quanto a Canaã, filho de Cam, também viria a viver sob a proteção dos seus irmãos servindo-os. O texto em questão pode até não ser uma maldição hereditária, mas uma benção, isto é, pode significar que os descendentes de Jafé e de Cam se converteriam ao Deus de Sem.

*A palavra "Sem" significa "Nome"; mas por que Noé o chamou assim? Talvez porque Sem estava incumbido de, piedosamente, "levar o Nome" de Deus à humanidade, pois essa era a missão dos filhos de Deus (Malaquias 2:7,11).

Contudo, Sem pode também ter passado o seu legado ao seu primogênito Arfaxade, e Arfaxade ao seu filho Salá e deste ao seu filho Héber, portanto qualquer um destes pode ser o Melquisedeque que abençoou Abrão. Em Gên. 10:21 está escrito que Sem foi pai de todos os filhos de Héber. Cronologicamente também é possível que Heber fosse o Melquisedeque, pois ele viveu ao todo 464 anos ultrapassando em muito o tempo do chamado de Deus a Abraão. E porque Heber não passou o sacerdócio a seu primeiro filho Pelegue? Creio que a resposta está no cap. 10 de Gênesis verso 25 que diz: “A Héber nasceram dois filhos: um teve o nome de Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra...” Se compararmos com o cap. 11 verso 9 do mesmo livro, veremos que o “repartir da terra” tem haver com a confusão das línguas em Babel.

A Epístola aos Hebreus destaca a superioridade do sacerdócio de Cristo em comparação ao levítico, exatamente pelo motivo de que a “Ordem Sacerdotal de Melquisedeque” além de mais antiga, também é mais ampla, pois não abrange somente a nação de Israel, mas o mundo inteiro, visto que no descendente de Abraão, isto é, em Jesus Cristo, todas as famílias da terra seriam benditas (Gên. 22: 18 e Gál. 3: 8). Amém!

L. M. S.