MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O QUE É ADORAÇÃO?

O QUE É ADORAÇÃO?

Gênesis 22:1-5. (1). E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. (2). E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, E OFERECE-O ALI EM HOLOCAUSTO sobre uma das montanhas, que eu te direi. (3). Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. (4). Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. (5). E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; E HAVENDO ADORADO, tornaremos a vós.

Romanos 12:1,2 [NVI].

(1). Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. (2). Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

As igrejas têm se esquecido do sentido bíblico de adoração, porque a maioria de nós pensa que adorar é cantar louvores; mas quão fraca é essa interpretação! Alguns dos membros envolvidos com a musicalidade dos cultos, por não conhecerem o que a Bíblia ensina sobre a adoração, afirmam que “louvor de adoração” é aquela melodia mais lenta, mais “espiritual”.

Vejamos o que temos nos versos primeiros de Gênesis 22:

1. Deus mandou e Abraão obedeceu - esta é a forma de ser de um adorador sincero; pois está escrito: “Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à Palavra do Senhor?...” [1 Sm. 15:22].

2. Deus não pediu algo impossível, porém o bem mais precioso que Abraão possuía - Cristo exclamou: “Assim, pois, quem não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” [Lc. 14:33].

3. Adoração envolve fé - Deus havia pedido a Isaque em sacrifício, contudo Abraão diz aos servos que os dois voltariam vivos.

Vejamos o que está escrito em Hebreus:

Hebreus 11:17,18. (17). Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. (18). Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar.

Então, nós podemos vislumbrar que adoração segundo a Bíblia é:

1. Prontidão: o adorador está sempre disponível para o chamado de seu Senhor.

2. Obediência: adorador não questiona a ordem.

3. Presteza: adorador tem pressa em cumprir as ordens recebidas [Abraão levanta de madrugada, antes de o sol nascer, e prepara tudo para cumprir o mandamento de Deus].

4. Desapego: o adorador reconhece que tudo o que tem pertence ao seu Senhor, portanto todos seus bens devem servir para adorá-lo.

Adorar biblicamente significa a prontidão para o chamado, a obediência irrestrita, a presteza no serviço e o desapego dos bens deste mundo. Quem não obedece à Palavra de Deus, mas vive para os seus próprios deleites, considerando seu serviço igual ao dos artistas seculares [busca da fama, do dinheiro, de viagens caras, de hotéis de luxo, do reconhecimento público em shows e turnês, e cobrando cachês], não tem em seu coração o compromisso de exaltar a Deus, porque adoradores em espírito e em verdade não se conformam com o padrão do mundo; mas sim com coisas humildes [Rm. 12:16. “Sejam unânimes entre vós; não ambicioneis as coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos”].

Adoração não se limita a cantar louvores nos cultos, mas concerne também a uma vida sacrificial, ou seja, todo crente sincero deve ser uma oferta viva ao Senhor, um culto de sacrifício espiritual contínuo a Deus; pois assim era a adoração ordenada por Deus ao seu povo na antiguidade, com as ofertas contínuas trazidas para o altar do holocausto no átrio do Tabernáculo, com o incenso queimado diariamente sobre o altar no lugar santo, com os dízimos entregues à tribo de Levi, com o comparecimento nas festas determinadas à nação israelita, e na observância dos alimentos limpos e imundos, e nas vestimentas, e no modo de cortar os cabelos e a barba, e na semeadura da terra, etc.

O culto mosaico tratava de como Deus deveria ser adorado pelo seu povo; eles não imitariam os costumes das nações com que teriam ou tiveram contato, pois que os habitantes de Canaã eram tão idólatras quanto os egípcios. O povo do Senhor seria obediente, prestativo, disposto e separado dos demais povos. A adoração tinha por fim um culto de ação de graças, pois todas as ofertas traziam em si uma resposta consciente de gratidão e de reconhecimento de onde e de quem vinham as suas bênçãos, isto é, do Deus vivo; por isso que havia prescrições específicas na Lei, e todas elas visavam a obediência de Israel.

Em nossos dias sabemos que aquelas ordenanças da Lei eram as sombras dos bens que hoje desfrutamos na Nova Aliança [Cl. 2:17; Hb. 10:1]. E sendo a Lei espiritual [Rm. 7:14] e sendo nosso corpo o Templo do Espírito Santo [1 Cor. 6:19]; precisamos ter discernimento espiritual para compreender a vontade de Deus. Então o que importa saber é que todos os que o invocam em verdade em justiça o Nome do Senhor Jesus Cristo, são seus verdadeiros adoradores; estes adoradores são aqueles que apresentaram seus corpos em sacrifício vivo, santo e agradável em culto racional [Rm. 12:1], isto é, com entendimento e não na ignorância de uma mente corrompida pelas paixões carnais, como daqueles que vivem sem Deus [1 Pe. 1:14]; pois o Senhor quer adoradores diferenciados e inconformados com os costumes pagãos; Ele quer também que estejamos em constante processo de transformação e santificação pela Palavra por seu Espírito, para renovar nossa mente, e só assim poderemos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus [Rm. 12:1,2].

A MINHA CASA SERÁ CHAMADA CASA DE ORAÇÃO.

Isaías 56:6-8. (6). E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado {Mt. 11:28-30; Hb. 4:1-11}, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança, (7). Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. (8). Assim diz o Senhor DEUS, que congrega os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram.

A função principal da igreja é a adoração, pois a Casa do Senhor é chamada de Casa de Oração [Mt. 21:13]; e somente depois de edificada a Casa de Oração, isto é, depois que discípulos de Cristo são feitos [Mt. 28:19,20], e que como pedras vivas são assentados sobre o fundamento da igreja, que é Cristo [1 Pe. 2:4,5]; é que vem a segunda prioridade, que é a propagação do Evangelho de Cristo pelo mundo [Mc. 16:15,16]. Uma igreja edificada sobre Cristo, sadia na fé, unida em amor, santificada pelo Espírito Santo, e madura na Palavra de Deus estará apta a enviar missionários a outros países.

Vejamos o exemplo da igreja de Antioquia:

Atos 11:19-30. ¹⁹ E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estevão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. ²⁰ E havia entre eles alguns homens chíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. ²¹ E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. ²² E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. ²³ O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; ²⁴ Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor. ²⁵ E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. ²⁶ E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. ²⁷ E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. ²⁸ E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. ²⁹ E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. ³⁰ O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.

Atos 13:1-3. (1). E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. (2). E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (3). Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.

Nestes capítulos vemos a edificação de uma verdadeira Casa de Oração; a igreja de Antioquia que recebeu o Evangelho de Cristo, e que depois foi doutrinada na Palavra de Deus por meio de Paulo e Barnabé, seus membros receberam a alcunha de cristãos; e já sadios na fé, os membros da Igreja condoeram-se dos sofrimentos dos santos da Judéia e lhes mandaram ajuda; outro detalhe é que a Igreja de Cristo em Antioquia se manteve numa vida de oração e jejum; e por fim, ela enviou Paulo e Barnabé em missão a outros países.

Uma história semelhante aconteceu na Moravia, com os seguidores de John Huss; os quais sofrendo grande perseguição por causa da sua fé em Jesus Cristo; encontraram refúgio na propriedade de um Conde alemão de chamado Zinzendorf, que os acolheu e proporcionou que muitos outros fugitivos cristãos de várias denominações se abrigassem em suas terras. Lá os cristãos morávios fundaram uma comunidade chamada Herrnhut (guardado pelo Senhor). O conde Zinzendorf era um homem de Deus e dedicação à oração. Os refugiados cristãos por virem de várias denominações com divergências doutrinárias tiveram alguns embates teológicos; pois alguns batizavam suas crianças e outros não; alguns batizavam por aspersão e outros por imersão; alguns criam e celebravam a ceia do Senhor de um jeito, e outro criam e celebravam de outro modo; alguns criam nos dons espirituais, já outros não... As diversas e conflitantes doutrinas pareciam sobrepor à fé em um único Senhor, mas o conde Zinzendorf, sendo um homem sábio e, repito, de oração; convocou a todos numa reunião da Ceia do Senhor, e nela pregou uma mensagem que impactou a todos e provocou arrependimento nos ouvintes, que os levou ao propósito de estabelecer um pacto cristão, e desse pacto, orações contínuas tiveram apreço especial nos corações deles; e sob o tema: "O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará" [Levítico 6:13], deu-se início às orações ininterruptas, 24h por dia, sete dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano; e que se estendeu por 1 século; os crentes se revezaram em duplas, sendo que cada dupla orava duas horas por dia; esta vigília foi chamada de: "A vigília dos cem anos". Nesse tempo os morávios enviaram missionários por quase todo o mundo; e por causa disso o século 18 foi privilegiado por um dos maiores avivamentos da história da igreja.

"Que o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa por seu sofrimento" (frase dita pelos primeiros missionários morávios, quando embarcaram num navio em direção às Índias Ocidentais, para servirem como escravos perpétuos de um lorde ateu, porque foi a única maneira de entrarem nas possessões desse lorde, para pregarem o Evangelho de Cristo aos nativos). Isto que é verdadeiramente adoração!

Louvor e adoração não são a mesma coisa? Nem sempre; pois se o louvor é apenas o que sai de minha boca, mas não procede do meu coração, então não é adoração. E como vimos antes, adoração não se resume em cantar louvores; pois o que se traduz por adoração não são apenas as palavras, mas o compromisso da obediência de uma vida consagrada a Deus. E quando alguém perguntou a Jesus sobre qual seria o maior mandamento; Cristo respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38. Este é o primeiro e grande mandamento" [Mt. 22:36-38]. O amor a Deus nos leva a adorá-lo em espírito e em verdade.

1 Coríntios 10:31,32. (31). Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. (32). Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.

Se houver em nós esse espírito de fazer tudo para glorificar a Deus, nossa vida sempre estará pronta para ser derramada como uma libação sobre o sacrifício de Cristo [2 Tm. 4:6], e ser apresentada como uma oferta queimada de cheiro suave ao Senhor [2 Cor. 2:15,16].

A BASE DA ADORAÇÃO.

Adoração tem como fundamento o temor do Senhor.

Eclesiastes 5:1-7. (1). Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. (2). Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. (3). Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras. (4). Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. (5). Melhor é que não votes do que votares e não cumprires. (6). Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos? (7). Porque, como na multidão dos sonhos há vaidades, assim também nas muitas palavras; mas tu temes a Deus.

A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO NA VOLTA DO CATIVEIRO BABILÔNICO.

O povo judeu que retornou de Babilônia sob o decreto de Ciro, rei da Pérsia, veio com a incumbência de reconstruir o Templo em Jerusalém e restabelecer o culto mosaico; e antes de lançarem os fundamentos da Casa de Deus, o sumo sacerdote Josué e os demais sacerdotes, juntos com o governador Zorobabel levantaram o altar do holocausto, para ofertarem ao Senhor, tudo conforme está escrito na Lei de Moisés, e ofereceram sobre ele os sacrifícios contínuos e celebrarem as festividades religiosas (Esdras 3:1-6). Contudo, devido à oposição impetrada pelos samaritanos à reconstrução do Templo, o povo judeu desistiu; o tempo passou e cada um foi tratar dos seus negócios, e assim eles ficaram satisfeitos apenas com o culto no altar, mas essa não era a vontade de Deus. Então o Senhor providenciou dois profetas, Ageu e Zacarias, os quais exortaram os judeus ao arrependimento e os animaram a retornar ao trabalho na Casa de Deus. Não podemos adorar a Deus de qualquer jeito Ele é quem estabeleceu o modo de adorá-lo; um altar sem o Templo está fora do plano arquitetônico do Senhor; o altar é o centro da adoração, mas o Templo é o local da adoração, o lugar do culto onde o Senhor da Casa se manifestará e receberá os sacrifícios oferecidos sobre o altar.

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” [1 Cor. 3:16]. “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” [1 Cor. 6:19].

Deus advertiu os israelitas que, por não edificarem o Templo do Senhor, as ofertas deles não passavam de coisas imundas [Ageu 2:14]; Ele não as recebia. Temos que nos conformar com o que Deus estabeleceu para a Sua glória. Os ídolos são adorados ao "gosto do freguês", mas o Deus verdadeiro não; é por isso que Ele procura verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade [João 4:23]. 

Ev. Levi.

PODE O SAL SE TORNAR INSÍPIDO?

PODE O SAL SE TORNAR INSÍPIDO?

Levítico 2:13.  E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.

Aqui em Levítico 2:13 está a ordenança de que em toda "qorban" ou “corbã”, dom oferecido, dedicado a Deus [Mc. 7:11] - raiz de "qarab": de aproximação, de chegar perto – de alimentos ("minchah" - tributo, sacrifício, manjar) deve ser apresentado no altar do Senhor com sal. Isto quer dizer que qualquer dom quando dedicado ao Senhor, sejam dons naturais da carne como uma voz bem afinada para cantar e outras habilidades musicais por exemplo, quando dedicadas para o louvor a Deus, devem ser apresentadas acrescidas do "sal da Aliança do nosso Deus", ou seja, do “sal da terra"; isto é, o sal não corrompe, mas evita a corrupção, em vista que desde a antiguidade até agora, o sal é usado na carne para conservá-la livre da degradação, do apodrecimento. O sal tem também propriedades antissépticas e ação cicatrizante em feridas; isto nos leva a pensar que toda nossa vida deve ser “temperada com sal” para ser “dedicada” e apresentada como um tributo ao Senhor Deus; e não podemos igualar-nos com o pecado; pois o pecado é semelhante à lepra, ou seja, quem está no pecado é como se estivesse leproso e coberto de chagas purulentas [vejam o que Isaías 1:4-6 diz do pecado]; e nós – como o sal da Terra – devemos servir na “antissepsia” das feridas do pecado, e nas chagas presentes na carne dos perdidos; e como o sal impede o apodrecimento das carnes, assim deve a nossa “qorban” ser dedicada a Deus, porque o “sal da aliança do Senhor”, que é símbolo da vida santa de Jesus; estará “salgando as ofertas da nossa carne”; por isso, as corbãs – as ofertas de dedicação e de aproximação – de minchás – de alimentos, de tributo a Deus nos lembram que João [Ap. 10:9-11] tomou o livrinho da mão do anjo e comeu, e que lhe foi doce na boca, mas amargo no ventre. Mas que depois de comê-lo, João recebe a ordem de profetizar a muitos povos, e nações, e línguas e reis. Pois é! “... Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos”. [João 6:53].

O SAL INSÍPIDO.

Mateus 5:13. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.

Muitos dizem que essa afirmação de Cristo é improvável, pois o sal sempre terá sabor de sal; mas eu não quero aqui entrar no mérito, como muitos fazem, de tentar explicar a que espécie de sal Jesus se referiu no texto, se era do sal bruto mineral (em pedras), porque isto é inútil; porém, na frase anterior, Cristo nos dá uma prova de que não está falando de tipos de sais, mas de que “nós somos o sal da Terra”, e que a verdade do seu ensino é que se nós nos tornarmos “insípidos”, ou seja, irrelevantes nesta Terra, não serviremos mais para os propósitos de Deus, isto é, toda a carne debaixo do pecado está em franca decomposição e muitos num estado avançado de sepse (infecção generalizada) já a beira da morte; contudo, Deus nos salvou das garras de Satanás, nos purificou no sangue de Jesus, nos lavou com a água limpa da Sua Palavra, e nos está santificando dia a dia com Seu Espírito Santo, e por isso Ele nos enviou ao mundo para fazermos a diferença, para sermos luz entre as trevas – é o Reino do Céu contra as potestades das trevas, não há conciliação [Gn. 1:4]. Agora, se nós, que por meio Cristo, estamos recuperando a imagem e a semelhança de Deus, em nosso espírito, alma e corpo, tornarmos a antiga forma – a dos perdidos – e se cobiçarmos o que eles cobiçam, e agirmos segundo conselho dos ímpios, nos determos nos caminhos dos pecadores, e nos assentarmos na roda dos escarnecedores, então nós perderemos o sabor; porque se na igreja os cânticos são tão mundanos como os dos mundanos, se nossa aparência assemelha-se aos dos ímpios, e se nossa ética e moralidade forem as mesmas dos incrédulos, então “o sal tornou-se insípido” e não mais evitará a corrupção de toda carne no mundo; então o "sal da Terra" será lançado fora, pois para nada mais presta, senão para ser pisado pelos homens. Lembro-me de que o mendigo Lázaro quando desejava comer das migalhas que caíam da mesa do rico, os cães vinham lamber-lhe as feridas; será que na Parábola, Cristo acrescentou esta observação por acaso? Ou será ainda não enxergamos uma verdade da qual devemos nos aprofundar mais nela; heim?!   

Marcos 9:47-50. (47). E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno, (48). Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. (49). Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. (50). Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.

Sim, o Sal tem conotação de um Evangelho incólume, limpo e puro, sem tropeços e sem escândalos, tanto para aqueles que nos ouvem como para os que nos veem; o sal da Terra deve trazer a incorrupção da carne e a antissepsia para as chagas podres dos pecadores e causar sua consequente cicatrização; o sal da Terra deve possuir em si mesmo o sabor da vida de Cristo, com Cristo e por Cristo, e isto em oferta de louvor, em gratidão, em alegria, em santidade e justiça, e sendo nEle preservados da podridão do pecado, sermos agradecidos.

Lucas 14:33-35. (33). Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo. (34). Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? (35). Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

O sal tem que ser bom, não degenerado, e ainda acrescentar o sabor à vida, tanto à nossa, como daqueles com quem nos relacionarmos; porém, para sermos esse sal, nós devemos renunciar a tudo deste mundo e sermos discípulos de Cristo; pois é com Ele que podemos aprender como ser sal nesta Terra, e nunca sermos lançados fora do Seu Reino. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

UM EXEMPLO DE SAL DA TERRA.

William Carey chamado: "O pai das missões modernas"; nasceu em uma família pobre, em 1.761, na Inglaterra. Filho de um tecelão; William desejava trabalhar como jardineiro, mas como não podia mexer com flores, pois tinha problemas alérgicos, aos 16 anos começou a trabalhar como sapateiro permanecendo nessa profissão até os 28 anos de idade. Aos 18 anos, logo após sua conversão, desenvolveu o hábito de estudar a Bíblia. E em 1.781, já com dezenove anos, William Carey se casou; e sua esposa, Dorothy tinha um temperamento difícil. Ele acumulou as funções de pastor, professor e sapateiro na aldeia que vivia, mas teve problemas financeiros; contudo, movido por Deus a um sentimento de enviar missionários pelo mundo, Carey encontrou seu primeiro obstáculo na igreja que pertencia, o que o levou a escrever um tratado intitulado “Uma investigação sobre o dever dos cristãos de empregarem meios para a conversão dos pagãos”, em 1.792. Mas foi num sermão sobre Isaías 54:2,3 [(2). Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e fixa bem as tuas estacas. (3). Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas as cidades assoladas], dirigido a um grupo de pastores batistas ingleses, no dia 31 de maio de 1.792, Carey reforçou os apelos constantes da sua “Investigação” e pronunciou a frase que se tornou célebre como a filosofia de trabalho missionário: “Espere grandes coisas de Deus; tente grandes coisas para Deus”. Os argumentos de Carey resultaram na formação da Sociedade Missionária Batista, organizada em setembro de 1.792. E em junho de 1.793, ele e sua família partiram para a Índia e chegaram lá no dia 11 de novembro de 1793, marcando o início da grande era das missões além mar. Já em terras hindus, sofreu oposição da "Companhia das Índias Orientais", pois a política do Império Inglês era contra a evangelização dos nativos, mas Carey mesmo com dificuldades "driblou as dificuldades”, e se dedicou a aprender a língua bengali e pôs-se a traduzir o Novo Testamento para essa língua, cuja empreitada foi um fracasso, porém não desanimou, ele refez a tradução até que pudesse ser compreendida pelo povo bengalês. Ainda com muitos problemas familiares como a morte de seu filho de apenas 5 anos, os problemas mentais da sua esposa e a morte dela, o incêndio na gráfica onde preparou vários documentos e muitas traduções, o que lhe deu grande prejuízo, ele continuou perseverante. Mas como Deus é muito misericordioso, Ele enviou-lhe ajuda; dois missionários, William Ward e Joshua Marshman se juntaram a Carey em 1.799. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000 alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários, organizaram a primeira missão médica na Índia, fundaram seminários, escolas para meninas, e o jornal na língua Bengali. Ele foi um dos responsáveis pela erradicação do costume "sati", um ritual hindu no qual a esposa viúva era queimada viva juntamente na pira funerária com o defunto do seu marido. William foi responsável pela fundação da "Sociedade de Agricultura e Horticultura" na Índia em 1.820; a primeira imprensa e a primeira fábrica de papel, e também introduziu o motor a vapor na Índia; ele traduziu da Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telugu e nos idiomas dos Siques, pois tinha um dom natural para aprender línguas. Em 1.800, William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao Evangelho. Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão, descobriram que a única versão que esse povo entendia era a em língua Pachto, tradução feita em Serampore (na Índia) por Carey. Durante mais de trinta anos, William Carey foi professor de línguas orientais no Colégio de Fort Williams. Fundou também o “Serampore College” para ensinar evangelistas e, sob a sua direção, o colégio prosperou na evangelização do país. Os seus esforços, inspiraram a fundação de outras missões, dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1.795; a Associação Missionária da Holanda, em 1.797; a Associação Missionária Americana, em 1.810; e a União Missionária Batista Estadunidense, em 1.814.

"Não tenho medo do fracasso; Tenho medo de ter sucesso em coisas que não importam". William Carey.

Obs:- Um sapateiro convertido perguntou a Lutero o que poderia fazer para servir melhor a Deus e ser um bom cristão; e Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e o venda por um preço justo”.  O sapateiro William Carey fez o melhor sapato e o vendeu por um preço justo.

Ev. Levi.