MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O QUE É ADORAÇÃO?

O QUE É ADORAÇÃO?

Gênesis 22:1-5. (1). E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. (2). E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, E OFERECE-O ALI EM HOLOCAUSTO sobre uma das montanhas, que eu te direi. (3). Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. (4). Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. (5). E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; E HAVENDO ADORADO, tornaremos a vós.

Romanos 12:1,2 [NVI].

(1). Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. (2). Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

As igrejas têm se esquecido do sentido bíblico de adoração, porque a maioria de nós pensa que adorar é cantar louvores; mas quão fraca é essa interpretação! Alguns dos membros envolvidos com a musicalidade dos cultos, por não conhecerem o que a Bíblia ensina sobre a adoração, afirmam que “louvor de adoração” é aquela melodia mais lenta, mais “espiritual”.

Vejamos o que temos nos versos primeiros de Gênesis 22:

1. Deus mandou e Abraão obedeceu - esta é a forma de ser de um adorador sincero; pois está escrito: “Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à Palavra do Senhor?...” [1 Sm. 15:22].

2. Deus não pediu algo impossível, porém o bem mais precioso que Abraão possuía - Cristo exclamou: “Assim, pois, quem não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” [Lc. 14:33].

3. Adoração envolve fé - Deus havia pedido a Isaque em sacrifício, contudo Abraão diz aos servos que os dois voltariam vivos.

Vejamos o que está escrito em Hebreus:

Hebreus 11:17,18. (17). Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. (18). Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar.

Então, nós podemos vislumbrar que adoração segundo a Bíblia é:

1. Prontidão: o adorador está sempre disponível para o chamado de seu Senhor.

2. Obediência: adorador não questiona a ordem.

3. Presteza: adorador tem pressa em cumprir as ordens recebidas [Abraão levanta de madrugada, antes de o sol nascer, e prepara tudo para cumprir o mandamento de Deus].

4. Desapego: o adorador reconhece que tudo o que tem pertence ao seu Senhor, portanto todos seus bens devem servir para adorá-lo.

Adorar biblicamente significa a prontidão para o chamado, a obediência irrestrita, a presteza no serviço e o desapego dos bens deste mundo. Quem não obedece à Palavra de Deus, mas vive para os seus próprios deleites, considerando seu serviço igual ao dos artistas seculares [busca da fama, do dinheiro, de viagens caras, de hotéis de luxo, do reconhecimento público em shows e turnês, e cobrando cachês], não tem em seu coração o compromisso de exaltar a Deus, porque adoradores em espírito e em verdade não se conformam com o padrão do mundo; mas sim com coisas humildes [Rm. 12:16. “Sejam unânimes entre vós; não ambicioneis as coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos”].

Adoração não se limita a cantar louvores nos cultos, mas concerne também a uma vida sacrificial, ou seja, todo crente sincero deve ser uma oferta viva ao Senhor, um culto de sacrifício espiritual contínuo a Deus; pois assim era a adoração ordenada por Deus ao seu povo na antiguidade, com as ofertas contínuas trazidas para o altar do holocausto no átrio do Tabernáculo, com o incenso queimado diariamente sobre o altar no lugar santo, com os dízimos entregues à tribo de Levi, com o comparecimento nas festas determinadas à nação israelita, e na observância dos alimentos limpos e imundos, e nas vestimentas, e no modo de cortar os cabelos e a barba, e na semeadura da terra, etc.

O culto mosaico tratava de como Deus deveria ser adorado pelo seu povo; eles não imitariam os costumes das nações com que teriam ou tiveram contato, pois que os habitantes de Canaã eram tão idólatras quanto os egípcios. O povo do Senhor seria obediente, prestativo, disposto e separado dos demais povos. A adoração tinha por fim um culto de ação de graças, pois todas as ofertas traziam em si uma resposta consciente de gratidão e de reconhecimento de onde e de quem vinham as suas bênçãos, isto é, do Deus vivo; por isso que havia prescrições específicas na Lei, e todas elas visavam a obediência de Israel.

Em nossos dias sabemos que aquelas ordenanças da Lei eram as sombras dos bens que hoje desfrutamos na Nova Aliança [Cl. 2:17; Hb. 10:1]. E sendo a Lei espiritual [Rm. 7:14] e sendo nosso corpo o Templo do Espírito Santo [1 Cor. 6:19]; precisamos ter discernimento espiritual para compreender a vontade de Deus. Então o que importa saber é que todos os que o invocam em verdade em justiça o Nome do Senhor Jesus Cristo, são seus verdadeiros adoradores; estes adoradores são aqueles que apresentaram seus corpos em sacrifício vivo, santo e agradável em culto racional [Rm. 12:1], isto é, com entendimento e não na ignorância de uma mente corrompida pelas paixões carnais, como daqueles que vivem sem Deus [1 Pe. 1:14]; pois o Senhor quer adoradores diferenciados e inconformados com os costumes pagãos; Ele quer também que estejamos em constante processo de transformação e santificação pela Palavra por seu Espírito, para renovar nossa mente, e só assim poderemos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus [Rm. 12:1,2].

A MINHA CASA SERÁ CHAMADA CASA DE ORAÇÃO.

Isaías 56:6-8. (6). E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado {Mt. 11:28-30; Hb. 4:1-11}, não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança, (7). Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. (8). Assim diz o Senhor DEUS, que congrega os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram.

A função principal da igreja é a adoração, pois a Casa do Senhor é chamada de Casa de Oração [Mt. 21:13]; e somente depois de edificada a Casa de Oração, isto é, depois que discípulos de Cristo são feitos [Mt. 28:19,20], e que como pedras vivas são assentados sobre o fundamento da igreja, que é Cristo [1 Pe. 2:4,5]; é que vem a segunda prioridade, que é a propagação do Evangelho de Cristo pelo mundo [Mc. 16:15,16]. Uma igreja edificada sobre Cristo, sadia na fé, unida em amor, santificada pelo Espírito Santo, e madura na Palavra de Deus estará apta a enviar missionários a outros países.

Vejamos o exemplo da igreja de Antioquia:

Atos 11:19-30. ¹⁹ E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estevão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. ²⁰ E havia entre eles alguns homens chíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. ²¹ E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. ²² E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. ²³ O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; ²⁴ Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor. ²⁵ E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. ²⁶ E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. ²⁷ E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. ²⁸ E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. ²⁹ E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. ³⁰ O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.

Atos 13:1-3. (1). E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. (2). E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (3). Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.

Nestes capítulos vemos a edificação de uma verdadeira Casa de Oração; a igreja de Antioquia que recebeu o Evangelho de Cristo, e que depois foi doutrinada na Palavra de Deus por meio de Paulo e Barnabé, seus membros receberam a alcunha de cristãos; e já sadios na fé, os membros da Igreja condoeram-se dos sofrimentos dos santos da Judéia e lhes mandaram ajuda; outro detalhe é que a Igreja de Cristo em Antioquia se manteve numa vida de oração e jejum; e por fim, ela enviou Paulo e Barnabé em missão a outros países.

Uma história semelhante aconteceu na Moravia, com os seguidores de John Huss; os quais sofrendo grande perseguição por causa da sua fé em Jesus Cristo; encontraram refúgio na propriedade de um Conde alemão de chamado Zinzendorf, que os acolheu e proporcionou que muitos outros fugitivos cristãos de várias denominações se abrigassem em suas terras. Lá os cristãos morávios fundaram uma comunidade chamada Herrnhut (guardado pelo Senhor). O conde Zinzendorf era um homem de Deus e dedicação à oração. Os refugiados cristãos por virem de várias denominações com divergências doutrinárias tiveram alguns embates teológicos; pois alguns batizavam suas crianças e outros não; alguns batizavam por aspersão e outros por imersão; alguns criam e celebravam a ceia do Senhor de um jeito, e outro criam e celebravam de outro modo; alguns criam nos dons espirituais, já outros não... As diversas e conflitantes doutrinas pareciam sobrepor à fé em um único Senhor, mas o conde Zinzendorf, sendo um homem sábio e, repito, de oração; convocou a todos numa reunião da Ceia do Senhor, e nela pregou uma mensagem que impactou a todos e provocou arrependimento nos ouvintes, que os levou ao propósito de estabelecer um pacto cristão, e desse pacto, orações contínuas tiveram apreço especial nos corações deles; e sob o tema: "O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará" [Levítico 6:13], deu-se início às orações ininterruptas, 24h por dia, sete dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano; e que se estendeu por 1 século; os crentes se revezaram em duplas, sendo que cada dupla orava duas horas por dia; esta vigília foi chamada de: "A vigília dos cem anos". Nesse tempo os morávios enviaram missionários por quase todo o mundo; e por causa disso o século 18 foi privilegiado por um dos maiores avivamentos da história da igreja.

"Que o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa por seu sofrimento" (frase dita pelos primeiros missionários morávios, quando embarcaram num navio em direção às Índias Ocidentais, para servirem como escravos perpétuos de um lorde ateu, porque foi a única maneira de entrarem nas possessões desse lorde, para pregarem o Evangelho de Cristo aos nativos). Isto que é verdadeiramente adoração!

Louvor e adoração não são a mesma coisa? Nem sempre; pois se o louvor é apenas o que sai de minha boca, mas não procede do meu coração, então não é adoração. E como vimos antes, adoração não se resume em cantar louvores; pois o que se traduz por adoração não são apenas as palavras, mas o compromisso da obediência de uma vida consagrada a Deus. E quando alguém perguntou a Jesus sobre qual seria o maior mandamento; Cristo respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38. Este é o primeiro e grande mandamento" [Mt. 22:36-38]. O amor a Deus nos leva a adorá-lo em espírito e em verdade.

1 Coríntios 10:31,32. (31). Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. (32). Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.

Se houver em nós esse espírito de fazer tudo para glorificar a Deus, nossa vida sempre estará pronta para ser derramada como uma libação sobre o sacrifício de Cristo [2 Tm. 4:6], e ser apresentada como uma oferta queimada de cheiro suave ao Senhor [2 Cor. 2:15,16].

A BASE DA ADORAÇÃO.

Adoração tem como fundamento o temor do Senhor.

Eclesiastes 5:1-7. (1). Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. (2). Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. (3). Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras. (4). Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. (5). Melhor é que não votes do que votares e não cumprires. (6). Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos? (7). Porque, como na multidão dos sonhos há vaidades, assim também nas muitas palavras; mas tu temes a Deus.

A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO NA VOLTA DO CATIVEIRO BABILÔNICO.

O povo judeu que retornou de Babilônia sob o decreto de Ciro, rei da Pérsia, veio com a incumbência de reconstruir o Templo em Jerusalém e restabelecer o culto mosaico; e antes de lançarem os fundamentos da Casa de Deus, o sumo sacerdote Josué e os demais sacerdotes, juntos com o governador Zorobabel levantaram o altar do holocausto, para ofertarem ao Senhor, tudo conforme está escrito na Lei de Moisés, e ofereceram sobre ele os sacrifícios contínuos e celebrarem as festividades religiosas (Esdras 3:1-6). Contudo, devido à oposição impetrada pelos samaritanos à reconstrução do Templo, o povo judeu desistiu; o tempo passou e cada um foi tratar dos seus negócios, e assim eles ficaram satisfeitos apenas com o culto no altar, mas essa não era a vontade de Deus. Então o Senhor providenciou dois profetas, Ageu e Zacarias, os quais exortaram os judeus ao arrependimento e os animaram a retornar ao trabalho na Casa de Deus. Não podemos adorar a Deus de qualquer jeito Ele é quem estabeleceu o modo de adorá-lo; um altar sem o Templo está fora do plano arquitetônico do Senhor; o altar é o centro da adoração, mas o Templo é o local da adoração, o lugar do culto onde o Senhor da Casa se manifestará e receberá os sacrifícios oferecidos sobre o altar.

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” [1 Cor. 3:16]. “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” [1 Cor. 6:19].

Deus advertiu os israelitas que, por não edificarem o Templo do Senhor, as ofertas deles não passavam de coisas imundas [Ageu 2:14]; Ele não as recebia. Temos que nos conformar com o que Deus estabeleceu para a Sua glória. Os ídolos são adorados ao "gosto do freguês", mas o Deus verdadeiro não; é por isso que Ele procura verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade [João 4:23]. 

Ev. Levi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário