... “qualquer
que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do
corpo e do sangue do Senhor” (1 Coríntios 11: 27).
A maioria dos cristãos pensa que o verso acima citado faz alusão à cerimônia da Ceia do Senhor, mas Paulo está ensinando algo muito mais
profundo.
Na história dos Reis de Israel lemos a narrativa da vida
de Jeú, filho de Josafá, que foi ungido como rei de Israel por um jovem profeta
mandado por Eliseu (2 Reis 9: 1-10). O Senhor designou este capitão como
vingador contra toda a casa de Acabe e seus aliados, e para extirpar o culto
idólatra em Israel. Jeú, ungido, saiu e executou o mandado do Deus de seus pais
matando a Jorão rei de Israel (filho de Acabe e Jezabel), a Acazias rei de Judá
(filho de Atália e neto de Acabe e Jezabel) e a Jezabel; aos setenta filhos de
Acabe, ele mandou que os chefes de Jizreel os matassem. Também matou os irmãos
de Acazias e todos os partidários de Acabe, ele ainda eliminou os profetas de
Baal e destruiu o seu templo e os seus ídolos (2 Reis 9: 12-37; cap. 10: 1-28).
Parece ótimo, mas não foi. No verso 31 do cap. 10 de 2 Reis, está escrito: Mas Jeú não teve
cuidado de andar com “todo o seu coração” na lei do Senhor Deus de Israel, nem
se apartou dos pecados de Jeroboão, com que fez pecar a Israel.
O profeta Oséias ouviu do Senhor que Ele vingaria o
sangue de Jizreel sobre a casa de Jeú (cap. 1 verso 4) e no mesmo livro, no
cap. 10, o profeta diz:
Israel
é uma “vide estéril*” que dá fruto para “si mesmo”; conforme a abundância do
seu fruto multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra,
assim, fizeram boas as estátuas. O “seu coração está dividido”, por isso “serão
culpados”; o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas. (Oséias 10: 1,2).
*VIDE ESTÉRIL (Almeida Corrigida e Revisada Fiel) – Em
outras versões: VIDE FRONDOSA, VIDE FRUTÍFERA ou VIDE VIÇOSA (respectivamente: Almeida
Revisada Imprensa Bíblia; Versão Católica; Sociedade Bíblica Britânica; Nova
Versão Internacional); mas mesmos nessas outras versões está subentendido que
os “frutos” da videira Israel não são para o Senhor que a plantou, portanto para
Ele, Israel é uma videira estéril, pois seus “altares” descritos não servem
sacrifícios a Deus, senão aos seus ídolos (estátuas ou colunas – postes ídolos
– Astarote, deusa da fertilidade).
Quando Deus disse que vingaria (ou visitaria) o sangue derramado
por Jeú em Jizreel (local onde se situava o Palácio do rei Acabe e Jezabel),
nos parece um paradoxo (contradição) da parte do Senhor, pois foi Ele mesmo
quem ordenou que Jeú fizesse a matança e libertasse Israel do reinado iníquo
estabelecido por Acabe e sua esposa. Alguém pode sugerir que Jeú excedeu às ordens que
recebera e por isso Deus requereu o sangue derramado, mas o verso 30 do
capítulo 10 de 2 Reis desfaz totalmente essa suspeita:
Por isso disse o Senhor a Jeú: Porquanto BEM AGISTE EM FAZER O QUE É
RETO AOS MEUS OLHOS, E CONFORME TUDO QUANTO EU TINHA NO MEU CORAÇÃO, FIZESTE À
CASA DE ACABE, teus filhos, até à quarta geração, se assentarão no trono de
Israel.
Então por que Deus tomaria vingança contra a casa de Jeú?
Porque Jeú não era íntegro de coração com Deus (2 Reis 10: 31), isto é, o seu
coração não era inteiro do Senhor, pois ele comungava da mesa de Deus e dos
demônios.
Porém não se “apartou” Jeú de “seguir” os pecados de
Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel, a saber: dos bezerros de
ouro, que estavam em Betel e em Dã. (2 Reis 10: 29).
Jesus disse que ninguém pode
servir a dois senhores; Elias repreendeu os israelitas por coxearem (hesitar,
vacilar, pender) entre dois pensamentos; João Batista censurou os fariseus por
buscarem o seu batismo sem o verdadeiro fruto do arrependimento; Tiago, o irmão
do Senhor, advertiu que o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus
caminhos e que da mesma fonte não pode sair água doce e amargosa (Mateus 6: 24;
1 Reis 18: 21; Mateus 3: 7,8; Tiago 1: 8; 3: 12).
Na “Parábola dos Talentos” o
terceiro servo que recebeu apenas um talento e o enterrou, quando o seu senhor
retornou ele lhe disse: “Eu sabia que és homem severo, que ceifas onde não
semeaste e recolhes onde não joeiraste (joeirar – peneirar os grãos, cirandar),
e com medo escondi o teu talento na terra...”; os leitores desta parábola dizem
que “enterrar o talento” significa não fazer a obra de Deus, não trabalhar
nela, mas eu penso que o ensino vai além disso, pois o ato de “enterrar” sugere
uma mistura do talento com a terra, quero dizer, das coisas sagradas com as imundas.
Outra coisa patente na parábola é o mau juízo que o servo faz do seu Senhor. Acho
que ele pensou assim: “por que eu sofreria em favor de um tirano”?
Há cristãos inimigos da cruz,
eles não querem mudar suas atitudes, não querem se separar do mundo e nem sofrer pelo Evangelho de Cristo, por
isso eles amontoam para si teólogos segundo as suas concupiscências, e organizam meios de suprir o Reino do Céu com as riquezas dos Reinos do
Mundo, e para tanto correm atrás de falsas doutrinas, de dinheiro, de políticos, de status, de
diplomas, de fama etc. Deixam a fé de lado e vivem pelo ventre,
abdicam das regiões celestiais em Cristo para habitarem na Terra, entristecem o
Espírito Santo em prol do espírito do mundo... Mas, ai deles, pois são seguidores do caminho de Caim, Balaão, e Coré, são amantes de si mesmos e do prêmio da injustiça.
Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos
demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos
demônios. (1
Cor. 10: 21).
L. M. S.
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