MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

terça-feira, 26 de abril de 2016

EVANGELHO MISCIGENADO.

... “qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor” (1 Coríntios 11: 27).

A maioria dos cristãos pensa que o verso acima citado faz alusão à cerimônia da Ceia do Senhor, mas Paulo está ensinando algo muito mais profundo.

Na história dos Reis de Israel lemos a narrativa da vida de Jeú, filho de Josafá, que foi ungido como rei de Israel por um jovem profeta mandado por Eliseu (2 Reis 9: 1-10). O Senhor designou este capitão como vingador contra toda a casa de Acabe e seus aliados, e para extirpar o culto idólatra em Israel. Jeú, ungido, saiu e executou o mandado do Deus de seus pais matando a Jorão rei de Israel (filho de Acabe e Jezabel), a Acazias rei de Judá (filho de Atália e neto de Acabe e Jezabel) e a Jezabel; aos setenta filhos de Acabe, ele mandou que os chefes de Jizreel os matassem. Também matou os irmãos de Acazias e todos os partidários de Acabe, ele ainda eliminou os profetas de Baal e destruiu o seu templo e os seus ídolos (2 Reis 9: 12-37; cap. 10: 1-28). Parece ótimo, mas não foi. No verso 31 do cap. 10 de 2 Reis, está escrito: Mas Jeú não teve cuidado de andar com “todo o seu coração” na lei do Senhor Deus de Israel, nem se apartou dos pecados de Jeroboão, com que fez pecar a Israel.

O profeta Oséias ouviu do Senhor que Ele vingaria o sangue de Jizreel sobre a casa de Jeú (cap. 1 verso 4) e no mesmo livro, no cap. 10, o profeta diz:

Israel é uma “vide estéril*” que dá fruto para “si mesmo”; conforme a abundância do seu fruto multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra, assim, fizeram boas as estátuas. O “seu coração está dividido”, por isso “serão culpados”; o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas. (Oséias 10: 1,2).

*VIDE ESTÉRIL (Almeida Corrigida e Revisada Fiel) – Em outras versões: VIDE FRONDOSA, VIDE FRUTÍFERA ou VIDE VIÇOSA (respectivamente: Almeida Revisada Imprensa Bíblia; Versão Católica; Sociedade Bíblica Britânica; Nova Versão Internacional); mas mesmos nessas outras versões está subentendido que os “frutos” da videira Israel não são para o Senhor que a plantou, portanto para Ele, Israel é uma videira estéril, pois seus “altares” descritos não servem sacrifícios a Deus, senão aos seus ídolos (estátuas ou colunas – postes ídolos – Astarote, deusa da fertilidade).    

Quando Deus disse que vingaria (ou visitaria) o sangue derramado por Jeú em Jizreel (local onde se situava o Palácio do rei Acabe e Jezabel), nos parece um paradoxo (contradição) da parte do Senhor, pois foi Ele mesmo quem ordenou que Jeú fizesse a matança e libertasse Israel do reinado iníquo estabelecido por Acabe e sua esposa. Alguém pode sugerir que Jeú excedeu às ordens que recebera e por isso Deus requereu o sangue derramado, mas o verso 30 do capítulo 10 de 2 Reis desfaz totalmente essa suspeita: 

Por isso disse o Senhor a Jeú: Porquanto BEM AGISTE EM FAZER O QUE É RETO AOS MEUS OLHOS, E CONFORME TUDO QUANTO EU TINHA NO MEU CORAÇÃO, FIZESTE À CASA DE ACABE, teus filhos, até à quarta geração, se assentarão no trono de Israel.     

Então por que Deus tomaria vingança contra a casa de Jeú? Porque Jeú não era íntegro de coração com Deus (2 Reis 10: 31), isto é, o seu coração não era inteiro do Senhor, pois ele comungava da mesa de Deus e dos demônios.

Porém não se “apartou” Jeú de “seguir” os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel, a saber: dos bezerros de ouro, que estavam em Betel e em Dã. (2 Reis 10: 29).

Jesus disse que ninguém pode servir a dois senhores; Elias repreendeu os israelitas por coxearem (hesitar, vacilar, pender) entre dois pensamentos; João Batista censurou os fariseus por buscarem o seu batismo sem o verdadeiro fruto do arrependimento; Tiago, o irmão do Senhor, advertiu que o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos e que da mesma fonte não pode sair água doce e amargosa (Mateus 6: 24; 1 Reis 18: 21; Mateus 3: 7,8; Tiago 1: 8; 3: 12).

Na “Parábola dos Talentos” o terceiro servo que recebeu apenas um talento e o enterrou, quando o seu senhor retornou ele lhe disse: “Eu sabia que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste (joeirar – peneirar os grãos, cirandar), e com medo escondi o teu talento na terra...”; os leitores desta parábola dizem que “enterrar o talento” significa não fazer a obra de Deus, não trabalhar nela, mas eu penso que o ensino vai além disso, pois o ato de “enterrar” sugere uma mistura do talento com a terra, quero dizer, das coisas sagradas com as imundas. Outra coisa patente na parábola é o mau juízo que o servo faz do seu Senhor. Acho que ele pensou assim: “por que eu sofreria em favor de um tirano”?  

Há cristãos inimigos da cruz, eles não querem mudar suas atitudes, não querem se separar do mundo e nem sofrer pelo Evangelho de Cristo, por isso eles amontoam para si teólogos segundo as suas concupiscências, e organizam meios de suprir o Reino do Céu com as riquezas dos Reinos do Mundo, e para tanto correm atrás de falsas doutrinas, de dinheiro, de políticos, de status, de diplomas, de fama etc. Deixam a fé de lado e vivem pelo ventre, abdicam das regiões celestiais em Cristo para habitarem na Terra, entristecem o Espírito Santo em prol do espírito do mundo... Mas, ai deles, pois são seguidores do caminho de Caim, Balaão, e Coré, são amantes de si mesmos e do prêmio da injustiça. 

Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. (1 Cor. 10: 21).


L. M. S.        

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