A cultura humana valoriza
a força, os músculos, os físicos esculpidos e a superação dos limites da carne;
vemos isso diariamente nos filmes, revistas, histórias e jornais que exaltam os
atletas do presente e do passado. É difícil para alguém
desconstruir toda essa herança cultural, pois somos ensinados desde criança que
a fraqueza é vergonhosa e que os fracos são patéticos, portanto ninguém quer
ser ou parecer fraco.
Paulo escreveu que ele
recebeu dos judeus “cinco quarentenas de
açoites menos um”, isto é, ele foi açoitado além do que era permitido pela
Lei (Deut. 25:3), foi fustigado (açoitado com vara) três vezes, uma vez
apedrejado, sofreu três naufrágios, passou uma noite e um dia no abismo (Atos
27: 20-27); nas suas viagens missionárias esteve constantemente em perigo,
fatigado pelo trabalho, passou muitas noites em claro, passou fome, passou
sede, sofreu vários jejuns, sofreu nudez e frio (2 Cor. 11: 24-27).
“Além das coisas exteriores, me oprime cada dia
o cuidado de todas as igrejas” (2 Cor. 11: 28).
Este homem com certeza não foi e nem será o modelo de herói
cultuado pelo mundo, mas cumpriu a risca a missão de um cristão: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de
lobos” (Mat. 10: 16).
Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz
respeito à minha fraqueza. (2 Cor. 11: 30).
O apóstolo Pedro disse que
devemos nos armar do mesmo pensamento que esteve presente em Cristo de que quem padeceu na carne já cessou do pecado, e
alegrai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo, pois se pelo Nome
do Senhor formos vituperados, bem-aventurados somos, porque sobre nós repousa o
Espírito da glória de Deus (1 Pedro 4: 1,13,14).
Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis
que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos? E Jesus disse-lhes: Em
verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do
homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze
tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado
casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras,
por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna (Mateus
19: 27-29).
Sim! Eles receberam cem
vezes mais o que deixaram para trás por amor de Cristo, pois na Igreja do
Senhor eles tiveram irmãos e amigos, mães e filhos, porque a Igreja é a família
de Deus.
JESUS NA CRUZ.
Segundo as pinturas elaboradas por artistas do passado, Jesus foi
crucificado seminu, isto é, somente com um pano cobrindo suas partes íntimas
(lombos cingidos). Mas a verdade é que quando Paulo fala do “escândalo da cruz”
(Gálatas 5: 11; 1 Coríntios 1: 23) ele está enfatizando a cena de Cristo
crucificado totalmente nu, por isso Jesus disse de antemão: “E bem-aventurado
aquele que em mim não se escandalizar” (Mateus 11: 6; Lucas 7: 23).
A palavra “vitupério” significa: ato vergonhoso, infame ou indigno, que possui a
capacidade de ofender, de injuriar. O escritor de Hebreus, no cap. 11 cita
Moisés que trocou as benesses do palácio e do título de filho da filha de
Faraó, pelo “vitupério de Cristo” (versos 24-26), e no cap. 13: 13, ele ainda acrescentou: “Saiamos, pois a Ele, fora do arraial levando o
Seu vitupério”. Certamente a crucificação além de dolorosa,
também foi vergonhosa para Cristo.
Na
história dos heróis eles sempre vencem de modo convencional subjugando seus
adversários através de suas aptidões físicas, ou resistindo aos
agressores devolvendo-lhes na mesma medida. Cristo Jesus não fez assim, e
quando os inimigos de Deus pensavam tê-lo liquidado, Ele venceu o valentão (Satanás),
tirou-lhe a armadura, amarrou-lhe as mãos e saqueou todos os seus bens os quais
guardava sob um arsenal (Mateus 12: 29; Lucas 11: 21,22). Essa é a diferença
entre os heróis da fé e os heróis do mundo, os heróis da fé são fortes no
Espírito e os heróis do mundo, na carne; portanto, sendo a nossa militância
somente espiritual, a recomendação ao cristão é: “enchei-vos do Espírito Santo”,
pois é Ele quem vivifica o crente, a carne para nada aproveita (João 6: 63;
Efésios 5: 18). Lembrei-me agora do hino 291 da Harpa Cristã que diz assim: “Eu
aqui com Jesus a vergonha da cruz quero sempre levar e sofrer. Cristo vem me
buscar e com Ele no lar, uma parte da glória hei de ter. Sim! Eu amo a mensagem
da cruz”...
Portanto, nós também, pois estamos
rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado
que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos
está proposta, “fitando os olhos em Jesus”, autor e consumador da nossa
fé, o qual, pelo gozo que lhe está proposto, “suportou a cruz, desprezando a
ignomínia” (desonra extrema, opróbrio, infâmia pública), e está assentado à
direita do trono de Deus. (Hebreus 12: 1,2).
L. M. S.
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