Origem da palavra
Religião: Do latim “religio”, que significa “louvor e reverência à divindade”. Sua
real origem etimológica é discutível, acredita-se que tenha surgido da junção
do prefixo “re” + “ligare” (“unir” ou “atar”). Assim, o sentido de “religare” seria:
“religar” ou “ligar novamente” e utilizado como o ato de “voltar a unir” o
humano com o divino. Outra teoria diz que o verbo latino “relegere” deu a origem
da palavra religião. “Relegere” significa “reler” ou “revisitar”
associado à constante releitura e exegese (interpretação) dos textos sagrados para
segui-los fielmente.
O conceito de religião hoje em dia é definido como: conjunto de crenças,
rituais e de conduta moral relacionadas com o divino, com o sobrenatural, com o
sagrado e transcendental. A palavra religião existe no dicionário da língua
portuguesa desde o século XIII (treze).
Há muita gente dizendo por aí que Jesus não nos deixou nenhuma religião
e que o cristianismo foi uma invenção de homens, mas se formos analisar bem o
sentido da palavra, tanto “religar” quanto “reler” está dentro do legado que
Jesus nos deixou.
Religare – Cristo Jesus fez
o que era impossível ao homem, Ele “religou” a criatura ao Criador. Deus estava
Nele, em Jesus Cristo, reconciliando o homem consigo mesmo, não levando em
conta os pecados cometidos pela humanidade e nos confiou, em herança, a
mensagem da reconciliação (2 Cor. 5: 19).
Relegere – Não se pode
conhecer a Deus e a Sua vontade senão pelas Escrituras Sagradas. Examinai as
Escrituras, porque cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim
testificam (João 5: 39). São estas as palavras que vos disse estando
ainda convosco: Que convinha que se cumprissem tudo o que de mim estava escrito
na Lei de Moisés, e nos Profetas e nos Salmos (Lucas 24: 44).
As pessoas “pegam” uma palavra que foi “desgastada” pela cultura humana
e sem conhecimento do seu significado por causa dos vícios agregados a ela no decorrer do
tempo, e depreciam-na. O que nós fizemos com a religião cristã não condiz com o
que Jesus nos deixou em herança, isto é, nós a desvirtuamos.
Tiago, o irmão do Senhor, nos escreveu: A religião pura e imaculada para
com Deus e Pai é esta: visitar a viúvas e os órfãos em suas necessidades e
guardar-se da corrupção do mundo (Tiago 1: 27). Aqui podemos “reler” que a
verdadeira religião de Cristo é o amor a Deus e ao necessitado, pois visitar as
carências dos desvalidos suprindo-as e viver de tal modo a não permitir que as doutrinas
mundanas corrompam o Seu legado, acorda com a vontade do Senhor.
Cristão é outra palavra que foi desvirtuada, hoje qualquer um se chama
cristão, mas quando o termo surgiu em Antioquia não era assim. Na Igreja que havia naquela
cidade, onde Paulo e Barnabé foram os doutrinadores, os crentes bem ensinados se tornaram parecidos com Cristo e por isso foram chamados de cristãos (cristãos = pequenos
cristos). Há quem diga que o termo cristão foi usado de forma depreciativa aos
crentes de Antioquia, mas a exegese do texto de Atos (11: 26) não permite tal
interpretação.
A “religião” sofreu adaptações humanas e se desviou do plano divino; assim
como no tempo de Cristo, os religiosos ao longo dos séculos apoderaram-se do reino
do céu e o corromperam. Não temos mais uma re-ligação com Deus pela religião oficial
concorrente, mas no lugar da verdadeira religião, temos um conjunto de regras
e tradições vazias semelhantes ao judaísmo farisaico; os religiosos atuais
buscam a Deus através da carne, na “letra”, eles se esqueceram que Deus é
Espírito que só se pode adorá-Lo no Espírito, que a Lei é espiritual, e que
para cumpri-la é necessário viver no Espírito. Não se pode agradar a Deus na
carne, porque na carne não habita bem algum, pois ela não se sujeita à Lei de
Deus, mas à corrupção, por isso, se vivermos segundo a carne, nós morreremos,
mas, se no Espírito, então viveremos para o Senhor.
Ninguém, pelo Espírito de Deus, “põe de lado” (anátema) a Cristo e Sua Palavra,
portanto ninguém poderá confessá-Lo como Senhor senão pelo Seu Espírito (1 Cor.
12: 3). O que a religião precisa para ser verdadeira e unir o homem pecador com
a santidade de Deus é somente do Seu Espírito Santo, o paracleto (defensor,
advogado, intercessor) doado por Ele aos que temem o Seu Nome.
L. M. S.
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