II Reis 2:1-6
1 Quando o Senhor estava para tomar Elias ao céu num
redemoinho, Elias partiu de Gilgal com Eliseu.
2 Disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me
envia a Betel. Eliseu, porém disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não
te deixarei. E assim desceram a Betel.
3 Então os filhos dos profetas que estavam em Betel
saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o
teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Sim, eu o sei; calai-vos.
4 E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o
Senhor me envia a Jericó. Ele, porém, disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma,
que não te deixarei. E assim vieram a Jericó.
5 Então os filhos dos profetas que estavam em Jericó se
chegaram a Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor
por sobre a tua cabeça? E ele disse: Sim, eu o sei; calai-vos.
6 E Elias lhe disse: Fica-te aqui, porque o senhor me
envia ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te
deixarei. E assim ambos foram juntos.
Na passagem citada encontramos delineados quatro estágios de uma jornada singular que partia de Gilgal, rumava para Betel. Jericó e, enfim, cruzava o rio Jordão.
Na época em que o “profeta de fogo” seria tomado ao céu,
Eliseu, o seu moço, pediu para receber uma porção dobrada do espírito de Elias.
Esses dois homens de Deus viajavam por um caminho que ligava os quatro locais
acima citados. A seguir exporei a aplicação destes locais como conceitos
espirituais na vida cristã.
Gilgal
- Tratando com a Carne
A fim de interpretar corretamente o significado de
Gilgal, devemos, primeiramente, compreender o princípio da primeira menção
contido nas Escrituras Sagradas.
A partir de Josué 5.9, descobrimos que Gilgal é um lugar
que significa "removido". Ao ler os versículos 2 a 9, compreendemos
que a geração dos filhos de Israel que inicialmente saíram do Egito foi toda
circuncidada, ao passo que a geração de israelitas que nasceram depois, no
deserto, não o foi.
Naquela época, esta geração estava entrando em Canaã e,
logo, receberia sua herança. Portanto, a velha carne deveria ser
"removida"; o opróbrio do Egito precisava ser lançado fora para que os filhos de Israel pudessem ter a chance de desfrutar uma
nova vida, porquanto o significado da circuncisão, conforme nos é revelado no
Novo Testamento, indica "despojamento do corpo da carne" (Colossenses 2.11).
Quem verdadeiramente reconhece o que é a carne? Quem
entende o que quer dizer tratar com a carne? Quem compreende o que quer dizer o
julgamento da carne? Muitas pessoas supõem que a vitória sobre o pecado é a marca
da perfeição, mas não sabem que é a carne quem peca! No tempo de Josué, Gilgal
era exatamente o lugar onde a carne foi despojada e julgada. Para o crente hodierno
(atual), Gilgal simboliza o lugar onde a carne deve ser julgada por meio do
entendimento que Deus nos concede. Deus declara que a carne deve ser lançada
fora, pois ela é de nenhum proveito (João 6: 63), assim, concordemos com Ele.
Deus afirma que a carne precisa ser circuncidada. Portanto, deixemos que o
Senhor circuncide o nosso coração (Colossenses 2: 11).
Betel
- Lidando com o Mundo
De Gilgal, agora temos de avançar em nossa jornada até
Betel. O que significa o nome Betel? Novamente, descubramos onde, na Bíblia,
Betel é mencionado pela primeira vez e, assim, poderemos decifrar o que
significa para nós hoje em dia.
Leia, por favor, Gênesis 12.8. Betel era o lugar onde
Abraão edificou um altar. Um altar tem o propósito de estabelecer comunicação
com Deus quando a pessoa oferece sacrifícios e entrega-se a Ele por inteiro.
Gênesis 12.9-14 relata a descida de Abraão ao Egito. Ali,
ele não edificou qualquer altar. Sua comunicação com Deus foi interrompida, e o
seu estado de consagração foi posto de lado — o que assinala a diferença entre
Betel e Egito. Logo, Betel significa tudo o que é contrário ao que o Egito
representa.
Gênesis 13.3 e 4 registra algo muito significativo:
"Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel, até ao lugar onde primeiro
estivera a sua tenda, entre Betel e Ai; até ao lugar do altar, que outrora
tinha leito; e aí Abraão invocou o nome do Senhor".
Abraão havia perdido a comunhão com Deus enquanto estava
no Egito. Contudo, quando voltou ao lugar original, ou seja, Betel, ele
invocou, mais uma vez, o nome do Senhor. Apenas na casa de Deus, na Betel
espiritual, as pessoas terão comunhão com Deus e se entregarão a Ele (1 Pedro
2:5).
Por conseguinte, ao passo que Gilgal fala a respeito de
vencermos a carne, Betel fala sobre vencermos o mundo, pois nas Escrituras
Sagradas o Egito representa o mundo.
Vencer o mundo é uma condição para o arrebatamento e para
produzir o fruto do Espírito Santo. Nossa vida deve chegar ao ponto de o mundo
ser incapaz de afetar nosso coração.
Quanto, na verdade, estamos separados do mundo? Será que
expressamos por nossa vida que nos separamos do mundo? Será que as nossas atitudes
e palavras demonstram que não pertencemos mais a este mundo? E quanto às nossas
intenções? Será que alimentamos algum desejo secreto pelas coisas do mundo?
Será que de forma sub-reptícia (enganosa, fraudulenta), buscamos o louvor dos
homens? Será que nos permitimos sofrer muito interiormente por causa da calúnia
dos homens sem o expediente do revide? Quando sofremos alguma perda material,
sentimos essa perda com intensidade? Existe alguma diferença entre o que
sentimos pelo mundo e o que as pessoas do mundo sentem?
Amigos, se nosso coração não vencer completamente o mundo
e se as pessoas, coisas ou os acontecimentos deste mundo ainda ocuparem lugar
dentro de nós, não seremos capazes de atingir os objetivos de Deus.
Sejamos vigilantes e fiéis, pois se não formos cautelosos,
nós voltaremos ao Egito, onde não existe consagração ou comunhão com Deus.
Permanecer no Egito, ainda que temporariamente, significa viver no pecado. É
patético que algum cristão venha "fixar residência" permanentemente
ali. Embora no mundo a pessoa possa até evitar a tentação, nunca poderá
vencê-lo, pois não existe o altar do Deus Altíssimo no Egito.
Jericó
- Tratando com Satanás
A referência mais clara concernente ao significado de
Jericó para o crente encontra-se no livro de Josué. Nele, podemos observar a
conquista de toda a cidade de Jericó.
"Naquele tempo, Josué fez o povo jurar e dizer:
Maldito diante do SENHOR seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade
de Jericó" (6.26).
Portanto, Jericó significa ser amaldiçoado.
Esse trecho da história bíblica narra o modo como os
filhos de Israel venceram seus inimigos pela primeira vez em Canaã. Espiritualmente
falando, os diversos povos de Canaã representam os espíritos malignos que
pertencem ao diabo e podem ser comparados às hostes espirituais da maldade nos
lugares celestiais mencionadas em Efésios 6: 12. Trata-se dos inimigos contra
os quais os crentes lutam hoje em dia.
Cremos que alcançaremos o resultado prometido por Deus se
praticarmos a Sua Palavra. Deus o falou, e isto nos basta (2 Coríntios 12: 9).
As pessoas que vivem em Jericó, nos dias atuais, dizem possuir a cidade, mas
nós dizemos crer na Palavra de Deus. Elas dizem que as muralhas chegam ao céu,
mas nós dizemos que nosso Deus está nos céus. Elas dizem que o território
incluso na cidade lhes pertence, mas nós dizemos que Deus prometeu dar-nos todo
lugar onde pisar a planta do nosso pé (Josué 1: 3).
A verdadeira guerra espiritual é travada entre nós e
Satanás (com seus espíritos demoníacos). Essa guerra reúne todos os crentes
maduros, pois os filhos de Deus, na Terra, são frequentemente atacados pelos
espíritos do mal. Esses ataques ocorrem, às vezes, no próprio lugar onde nós vivemos,
no corpo, nos pensamentos, nas emoções e no espírito. Sobretudo, no final dos
tempos, as forças malignas redobrarão seus esforços para impedir que os crentes
sirvam ao Senhor, fazendo-os estar angustiados e aflitos com muitas coisas.
Com bastante frequência, os crentes não tem consciência
de estarem sendo atacados pelos espíritos malignos e não compreendem por que
tudo parece estar contra eles, o que produz uma terrível confusão e muito
problema. É também muito comum que eles achem naturais as coisas que acontecem
e não percebam que estão sendo oprimidos por forças sobrenaturais.
A fim de vencer os ataques dos espíritos imundos, devemos
agir de duas formas:
(1) ignorar as circunstâncias e os sentimentos,
acreditando na promessa contida na Palavra de Deus e fazendo o inimigo baterem
retirada (Tiago 4: 7 e Efésios 4:27 e 6:11);
(2) permanecer [pela fé] nos lugares celestiais que
Cristo nos proporcionou, mantendo Satanás e seus espíritos malignos em posição
inferior (Colossenses 3: 1-3; Efésios 2: 6).
Sem a Palavra de Deus e sem assumir a posição que Deus
nos concedeu pela fé não conseguimos ter vitória sobre o inimigo.
SUJEITAI-VOS, POIS A DEUS, RESISTI AO DIABO, E ELE FUGIRÁ
DE VÓS.
O
Rio Jordão - Tratando com a Morte
O rio Jordão assinala o poder da morte, e, por
conseguinte, cruzar o rio Jordão significa vencer a morte.
Essa faceta da jornada tem uma relação especial com o
Senhor Jesus, já que o próprio Senhor foi batizado no rio Jordão.
O fato de Ele ter descido às águas batismais indica a
morte e por ter subido das águas denota a ressurreição. Ele vence a morte por
meio do poder da ressurreição.
O maior poder de Satanás conforme sabemos é a própria
morte (veja 1 Co 15.26). É como se o Senhor desafiasse Seu inimigo ao dizer-lhe:
"Faça o que puder Comigo" (cf. Hebreus 2: 14). E de fato, Satanás faz
o melhor que pode, no entanto, Deus tem o poder da ressurreição.
Satanás almejou matar o Senhor Jesus, mas não pôde,
porque somente Nele está a verdadeira vida, a qual não pode ser tocada ou tirada
pela morte. O Senhor, conforme as Escrituras foi um renovo numa terra seca
(Isaías 53: 2), isto é, com exceção de Cristo, não há poder que possa vencer a
morte. A vida que recebemos da regeneração pela Sua Palavra e pela santificação
através do Seu Espírito é a vida da ressurreição, e o poder da vida ressurreta
afugentará toda morte.
Cruzar o mar Vermelho e atravessar o rio Jordão tem
significados muito diferentes. Cruzar o mar Vermelho foi um acontecimento
forçado pelas circunstâncias. Os filhos de Israel foram perseguidos pelos
inimigos egípcios e teriam sido mortos se não o tivessem feito. Atravessar o
rio Jordão, todavia, foi uma ação voluntária. Explico! Há muitos que por força
das agruras da vida (problemas familiares, doenças, falências e outros)
procuram fugir delas, tal qual Israel na sua fuga dos egípcios, quando atravessou
o Mar Vermelho.
Nos dias de hoje, algumas pessoas recusam-se a cruzar o
rio Jordão e não buscam o poder da Sua ressurreição. Porém, Paulo estimava
muitíssimo este poder e, por isso, buscava-o com diligência (Filipenses 3:
10-12).
Todos os filhos de Deus foram ressuscitados com o Senhor.
Entretanto, muitos não conhecem o poder da ressurreição do Senhor na prática.
Portanto, eles não experimentam a vitória sobre a morte. O Espírito Santo só
pode encher aqueles que estão repletos da vida de Cristo. Tão logo sejamos
regenerados em Jesus Cristo, tão logo nós seremos arrebatados. Deus não pode
levar alguém que não está preparado. Por isso, antes que possamos ter um
arrebatamento como Elias, devemos passar pelas experiências de Gilgal, Betel,
Jericó e rio Jordão.
Deus nos diz que seremos arrebatados. Então, façamos o
que devemos fazer começando de Gilgal e terminando pela outra margem do Jordão.
Descobriremos
que Deus estará ali esperando por nós!
Watchman Nee.
http://escoladogamaliel.blogspot.com.br/
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