Nos idos dias de verão dos anos de 1977 a 1978, numa cidadezinha do interior onde morei, havia um rio que passava próximo a ela e, naqueles dias quentes, toda a criançada se dirigia àquele rio para nadar. É claro que as mães ficavam doidas da vida,
pois tinham medo de que os seus filhos se afogassem, mas a molecada não estava
nem aí e cada um dava um jeito de, à surdina, escapar da vigilância materna
para ir até o lugar de diversão preferido de todos.
Uma coisa
que me lembro bem é que quando estávamos nas águas e ficávamos quietos,
sentíamos algumas pequenas mordiscadas “de leve” em nossos pés ou nos dedos das
mãos. Alguns mais entendidos diziam que eram peixes, pois naquele rio havia
muitos; como não estávamos ali para pescar, mas tão somente para nos divertir,
visto que nem tínhamos levado alguma tralha de pesca, nós ignorávamos aquela situação
e atinávamos ao que nos interessava: brincadeiras nas águas. Devido às nossas “bagunças” os pescadores
evitavam o lugar em que estávamos porque os mergulhos e as gritarias da
meninada afugentavam os peixes.
Estes dias,
sem querer, veio à minha memória a história que contei acima, lembranças do meu
tempo infantojuvenil, tempo em que, ainda menino, eu comecei aos poucos deixar
de lado das coisas de menino, e o Espírito Santo falou ao meu coração assim: “O
que vês”?... É algo fascinante como Deus nos ensina as verdades espirituais usando
de coisas tão comuns; Ele fez-me enxergar um fato ocorrido em minha juventude
como uma parábola aos cristãos de hoje.
Jesus disse
aos seus discípulos: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens” (Mateus
4: 19). Em outra passagem Ele falou que o Reino dos Céus é semelhante a uma
rede que é lançada ao mar e nela se apanham todos os tipos de peixe, mas que os
bons são recolhidos em cestos e os maus são lançados fora. Aí uma pergunta brotou
em mim: “Estamos pescando nas águas ou estamos brincando nelas”? Sinceramente
eu temi a resposta!
Há uma frase
em Eclesiastes que diz “Lança o teu pão sobre as águas” (Eclesiastes 11:1).
Jesus disse que Ele é o pão vivo que desceu do céu e que quem comer Dele jamais
terá fome e viverá para sempre (João 6: 35,51). Na primeira multiplicação dos
pães Cristo disse aos seus discípulos: “Dai-lhes vós de comer”; refutando a
ideia primeira dos doze de que o Mestre despedisse a multidão às aldeias em
busca de alimento. Há muitas pessoas famintas por Cristo neste mundo, mas nós não
lançamos o “Pão” nosso que desceu do céu às águas, nem atiramos nossas redes ao
mar, também não alimentamos mais as multidões e deixamos cada um por si.
Sim! Ainda
estamos indo às “águas”, contudo, como meninos despreocupados, apenas para se
divertir. Em meio à nossa “diversão” fazemos tanto “barulho” (mau testemunho)
que afugentamos os “peixes” (almas). Fizemos das “águas” (mundo) o nosso lugar
de recreio, e não levamos conosco nossa tralha de pesca (o Evangelho de Cristo e o bom testemunho cristão), já que não temos a
intenção de “pescar” (ganhar almas para o Senhor), pois queremos apenas “brincar”; brincar de crente, divertir-se,
andar despreocupado, desobedecer às ordenanças como meninos que fogem das suas
obrigações, bagunça em detrimento da quietude, entretenimento em prejuízo da Palavra,
carnalidade no lugar do Espírito. Todavia, se ficamos em silêncio, ainda sentimos
os peixes mordiscando nossas mãos e pés.
L. M. S.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir...palavras verdadeiras!!! Estamos brincando de crentes.
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