Data: Por volta de 760 A. C. ou após
612 A. C. (?)
O Autor e a Data
As questões
da data e autoria de Jonas estão profundamente relacionas. Se Jonas escreveu o
Livro seria, obviamente, datado durante o reinado de Jeroboão II, no início do
séc. VIII A.C. (cerca de 793 a 753 A.C.). Se um narrador escreveu o livro, ele
poderia ter sido em qualquer tempo depois do acontecimento descrito nele.
Dentre
aqueles que sustentam outro autor, que não seja Jonas, alguns datam o livro na
segunda metade do séc. VIII ou no início do século VII, baseado nas datas
pós-exílica, depois da destruição de Nínive em 612 A.C. Essa disputa é baseada
em 3.3, que diz que Nínive era uma grande cidade. Aqueles que apoiam a data
pré-exílica explicam que isso pode ser meramente uma forma literária usada para
contar a história de que Nínive existia, mas não era uma grande cidade.
Como indicado
em 2 Reis 14.25, Jonas era filho do profeta Amitai e um nativo de Gate-Hefer, um
vilarejo situado a 5 Km em direção ao nordeste de Nazaré, dentro das fronteiras
tribais de Zebulom, portanto ele era galileu. Profetizando durante o reinado de Jeroboão II e precedendo
imediatamente Amós, ele foi um forte nacionalista que estava completamente
consciente da destruição que os assírios haviam feito em Israel através dos
anos. Jonas achou difícil aceitar o fato de que Deus pudesse oferecer
misericórdia a Nínive da Assíria, uma vez que seus habitantes mereciam um
julgamento severo.
Ele foi o
único profeta mandado para pregar aos gentios. Elias foi mandado para Sarepta
para morar lá durante uma temporada (1 Reis 17.8-10), e Eliseu viajou a Damasco
(2 Reis 8.7), mas somente a Jonas dada uma mensagem de arrependimento e
misericórdia, para pregar diretamente a uma cidade gentia. Sua relutância em ir
pregar a Palavra de Deus baseava-se num desejo de ver declinar completamente o poder de Nínive. Também ele temeu que Deus pudesse mostrar misericórdia, deste
modo oferecendo aos assírios a oportunidade de molestar Israel conforme predisse o profeta Amós (Amós 7:17).
O nome de
Jonas significa “pomba” ou “pombo”. Quanto ao caráter, ele é representado como
obstinado, irritado, mal-humorado, impaciente e por seu hábito de viver somente
com seu clã. Politicamente, é obvio que ele era um amante leal de Israel e um
patriota comprometido. Religiosamente, ele professava um temor ao Senhor como
Deus do céu, o Criador do mar e da terra. Mas sua primeira desobediência
intencional, sua posterior e relutante obediência e a sua ira sobre a extensão
de misericórdia aos ninivitas revelam óbvias incoerências na aplicação da sua
fé. A história termina sem indicar como Jonas respondeu à exortação e à lição
objetiva de Deus.
Contexto Histórico
Inimigos de Israel de longa data, os assírios
pagãos eram uma força dominante entre os antigos no período de aproximadamente
885 a 665 A.C. Relatos do A.T. descrevem seus saques contra Israel e Judá, onde
eles destruíram a zona rural e levaram cativos. O poder assírio enfraqueceu no
tempo de Jeroboão II, sendo que este rei foi capaz de restaurar áreas dominadas
pelos assírios na Palestina, desde Hamate localizada em direção ao sul, até o
mar Morto, como havia sido profetizado por Jonas (2 Reis 14.25)
Conteúdo
O livro de
Jonas, embora tenha sido colocado entre os profetas no cânon, é diferente do
outros livros proféticos, pois não contem uma profecia direta, isto é, não há
uma mensagem direta a alguém; a história é a mensagem. A história recorda um dos
mais profundos conceitos teológicos encontrados no A.T. de que Deus ama todas
as pessoas e deseja compartilhar seu perdão e misericórdia com elas. Israel
havia sido encarregado de entregar a mensagem do Amor de Deus, mas, de algum
modo, eles não compreenderam a importância dela. Essa falha consequentemente
levou-os a um orgulho religioso extremo. No Livro de Jonas, pode ser encontrada
a semente do farisaísmo combatida por Cristo no N.T. – “Uma geração má e adúltera
pede um sinal, porém, nenhum sinal lhes será dado senão o sinal do profeta
Jonas” (Mateus 12:39).
Deus pediu a
Jonas, o profeta, para levantar-se e ir 1300 km pra o oriente, a Nínive, uma
cidade dos temidos e odiados assírios. Sua mensagem é um chamado ao
arrependimento, e uma promessa de misericórdia caso eles respondessem
positivamente. Jonas, sendo profeta, provavelmente sabia que se Deus poupasse a
Nínive, então aquele povo estaria livre para, futuramente, saquear e tomar a
Israel (em 722 a.C. caiu Samaria e
com ela, Israel). Esse patriotismo nacionalista de Jonas e seu desdém para
com a misericórdia de Deus que também seja oferecida àqueles que não fazem
parte do “concerto” (Lei) são reflexos claros do caráter do povo israelita em
sua pureza cerimonial, e é por isso que Jonas decidiu deixar Israel e “fugir de
diante da face do Senhor”. Sem dúvida, ele esperava que o Espírito da profecia
não o seguisse e como está descontente com Deus, de algum modo se convence de
que uma viagem a Társis o livrará da responsabilidade que Deus colocou sobre
ele.
A viagem de
navio a Társis logo fornece a evidência de que a presença e a influência do
Senhor não estão restritas à Palestina. Deus manda uma tempestade para golpear
o navio e causar os meios que conduzirão Jonas a encarar face a face o seu
chamado missionário. Após esgotarem todas as alternativas e acabarem por
determinar que Jonas e seu Deus são os responsáveis pela tempestade, os
marinheiros atiram Jonas ao mar. Sem dúvida, Jonas e os marinheiros acharam que
esse seria o seu fim; mas Deus havia preparado um grande peixe para engolir
Jonas e, após três dias e três noites, o peixe jogou-o em terra firme. Novamente,
Deus ordena Jonas a levantar-se e dirigir-se a Nínive para entregar a mensagem
de libertação ou condenação. Desta vez, o profeta concorda em fazer a viagem e
entregar a mensagem de Deus. Após a mensagem do Senhor ser entregue aos
habitantes de Nínive, os ninivitas, desde a pessoa mais humilde até o rei, se
arrependem e, vestindo-se de panos de saco e assentando-se sobre a cinza, eles
jejuam. Até mesmo os animais são levados a participar dessa conduta humilde.
Então Deus se torna favorável (Jonas 3:10).
Jonas apesar
de ter obedecido à voz divina, no seu coração ele ainda permaneceu inflexível,
e reagiu com ira à misericórdia dispensada pelo Senhor (cap. 4:1-3), pois,
confuso, não entendeu porque Deus poupou um povo que, historicamente, abusara
da nação de Israel. Talvez ele esperasse que o arrependimento dos ninivitas não
fosse genuíno, e que Deus ainda os destruiria. Assim ele sai da cidade e constrói
um abrigo numa colina, com vista para ela do lado oriente; lá, o profeta
aguarda do dia indicado para o julgamento. Deus usa esse
tempo de espera para ensinar uma valiosa lição a Jonas. O Senhor faz crescer
uma aboboreira que fizesse uma boa sombra à cabeça de Jonas para livrá-lo do
seu enfado, e o profeta se regozija em extremo por ela (verso 6). Então, Deus
prepara um bicho pra comer o caule da aboboreira e a faz secar (verso 7) e,
mais adiante, intensifica a situação desconfortável de Jonas, ao trazer um
vento calmoso, vindo do oriente, faz com que o sol fira-lhe a cabeça
desfalecendo-o (verso 8). Ele lamenta a morte da aboboreira e expressa seu
descontentamento a Deus. Deus lhe responde mostrando sua incoerência ao se lamentar
por uma aboboreira pela qual não trabalhou, e despreocupar-se acerca do destino
dos habitantes de Nínive, a quem Deus amava (verso 9-11).
O Espírito Santo em Ação
E Espírito de
Deus inspirou Jonas a profetizar naquela terra e a sua posição seria recuperada
por Israel. Isso aconteceu sob a liderança de Jeroboão II (2 Reis 14.25).
Quando o Espírito conduziu Jonas para ir a Nínive profetizar contra o povo lá,
o profeta se recusou a seguir a orientação do Senhor. O Espírito de Deus não
cessou sua obra, mas continuou a intervir na vida de Jonas, pois, na desobediência
do profeta, Deus salvou a tripulação do navio que rumava para Társis e depois, na
sua obediência, o Senhor salvou uma cidade inteira, sendo que, em qualquer
situação, Deus induziu-o a fazer a Sua vontade. Quando Jonas obedeceu à vontade
do Senhor, o Espírito operou um arrependimento piedoso no coração do povo e
eles responderam à mensagem do julgamento iminente. Quando Jonas se recusou a
aceitar esta obra divina, o Espírito Santo mostrou-lhe em contraste o amor dele
por uma aboboreira e o amor de Deus pelos pecadores.
ESBOÇO DE JONAS
I. A retirada
ordenada 1.1-3
“Levanta-te,
vai à grande cidade de Nínive” 1.1-2
Jonas foge da
presença do Senhor e toma um navio para Társis 1.3
II. O retorno
providencial 1.4-2.10
O Senhor
manda uma tempestade 1.4-9
Os
marinheiros temem ante a declaração de Jonas, o jogam ao mar e oferecem
sacrifícios a Deus 1.10-16
O Senhor
prepara um grande peixe que o engole 1.17
Jonas ora em
arrependimento 2.1-9
Ele é
vomitado na terra 2.10
III. A renovação bem-sucedida 3.1-10
É dada uma
segunda chance ao profeta de se levantar e ir pregar a Palavra 3.1-3
Jonas prega a
mensagem de Deus 3.4
A população
se converte 3.5-9
Deus
demonstra a Sua piedade 3.10
IV. Uma
reação negativa 4.1-11
Jonas
desgostou-se com a bondade de Deus 4.1-5
Deus ensina
uma lição ao profeta 4.6-11
Fonte:
Bíblia Plenitude.
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