AS OVELHAS PERDIDAS DA CASA DE ISRAEL (MATEUS 15).

As divergências nos ensinamentos bíblicos originam-se de análises superficiais das Escrituras. Outro erro comum é o isolamento de frases ou textos gerando uma exegese¹ descontextualizada da hermenêutica².

(¹ estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários, visando o esclarecimento ou interpretação do mesmo; ² ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de interpretação).

O texto de Mateus 15 verso 24 é um dos alvos de deturpação por alguns judeus messiânicos que, embora creiam nos Evangelhos, ainda se gloriam na carne. Para compreensão do verso devemos entender o que Cristo quis dizer e para isso precisaremos antever todo o panorama, como também as referências bíblicas.

Eu li um comentário interessante sobre a criação da mulher e nele o autor afirmava que o texto hebraico não diz a palavra “costela”, mas refere-se ao “lado curvo” ou “metade curva” de Adão. Então, Logo após Deus criar a mulher, Ele leva-a até Adão, e este exclama: “Esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne...” (Gênesis 2: 23). Portanto, para ter-se o entendimento de que o Senhor criou Eva de uma costela de Adão, se faz necessário que as frases seguintes elucidem as anteriores. Eu sei que alguém pode questionar que o Evangelho de Mateus³ foi escrito em grego e não em hebraico e por isso esta regra não se aplica; bem, eu não sou um linguista, mas há um padrão para interpretação das Escrituras que deve obedecer ao seguinte: a Palavra em seu contexto, a oração do discípulo e a submissão ao Espírito Santo.

(³ Jerônimo de Estridão, ou São Jerônimo – 347 a 420 E. C. - afirmava que o Evangelho de Mateus foi escrito originalmente em hebraico).  

A Pedra Branca de Apocalipse 2: 17.

Às vezes, para uma compreensão mais correta de certas passagens, faz-se necessário saber do seu conceito temporal e local, isto é, qual era o seu significado na época em ela que fora escrita.

Em Apocalipse 2: 17 lemos assim: “... dar-lhe-ei uma pedra branca...“. Para compreendermos o conceito da “pedra branca” precisamos voltar ao tempo em que o texto foi escrito e assim evitar ideias de sentido duvidoso. Portanto, na cultura daquela época, a pedra branca tinha pelo menos duas funções:

I – Nos tribunais, pedras eram lançadas em uma urna, para absolver ou condenar o réu em um julgamento. Pedras brancas significavam absolvição e pedras negras condenação; 

II - Nas grandes festividades os convidados recebiam uma “pedra branca” com uma inscrição distinta e especial. Cada convidado tinha sua pedra que não podia ser trocada ou cedida.

Em ambos os casos, a Pedra Branca era exclusiva de quem a recebia.

Fonte: Bíblia de estudo Plenitude, S. B. B., Edição 1995 – White Stone.

As ovelhas perdidas de Israel: Quem são elas?

No início do capítulo quinze de Mateus, uns doutores da Lei (escribas e fariseus) vêm a Jesus para criticá-lo porque os seus discípulos não lavavam as suas mãos transgredindo a tradição dos anciãos, pois os fariseus e todos os judeus lavavam-se muitas vezes antes de comer (Marcos 7: 3). Porém o Senhor devolve-lhes a critica com outra pergunta: “E por que vocês pela sua tradição transgridem o mandamento de Deus?" (Mateus 15: 3 NVI). Pela tradição deles qualquer israelita que ofertasse suas posses (bens) ao serviço do Templo estaria isento do quinto mandamento. Creio que aqui há um agravante: os discípulos quebravam um preceito de homem, mas os doutores da Lei violavam um preceito de Deus.

Seguindo adiante, o Mestre declara aos orgulhosos descendentes de Abraão, que eles eram hipócritas, cegos e condutores de outros cegos (versos 7 e 14), iníquos que se vangloriavam na carne e cujo destino certo seria a cova (queda). Aí Cristo chama a si a multidão e lhes diz: “O que contamina o homem não é o que ele come, mas o que sai dele, porque tudo o que lhe entra pela boca, desce ao ventre e é evacuado, mas o que sai da sua boca procede do coração (maus pensamentos, mortes, adultério, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias) e isso o contamina” (versos 10,11,17,18 e 19).  

AS PARTES DE TIRO E SIDOM. 

O verso 21 começa assim: “E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom”. Aqui cabe uma pergunta: O que Jesus foi fazer na região da Fenícia? Respondo: “Buscar uma ovelha desgarrada”!

Eis que surge em cena uma mulher cananeia (siro-fenícia) que vem clamando ao filho de Davi, ao descendente legal do trono de Israel que aparentemente a ignora. Os discípulos, incomodados com gritaria daquela mulher andando atrás deles, rogaram que a despedisse, visto que ela nem era uma israelita, mas Jesus respondeu: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (verso 24). “Então ela chegou e o adorou dizendo: Senhor socorre-me” (verso 25).

É chegada a hora dos verdadeiros adoradores, chegou a vez daqueles que o Pai procura, dos homens e mulheres que O adorem em espírito e em verdade, os que não nasceram do sangue e nem da vontade da carne, mas pela vontade soberana de Deus (João 4: 23; 1: 13).

“Não é lícito dar o pão dos filhos aos cachorrinhos”.

Há alguns dias atrás tive o desprazer de ler uma explanação infeliz sobre a resposta de Cristo à mulher cananeia, nele o comentarista disse que os judeus chamavam os habitantes daquela região de Tiro e Sidom de cães e por isso Jesus respondeu daquela maneira. Mas o Senhor não a chamou de cão, porque em Mateus 7: 6 diz que, os cães são os que desprezam as coisas santas, em Filipenses 3: 2 está escrito que os cães são os maus obreiros, em Isaías 56: 11 eles são os pastores gananciosos e em Lucas 16: 21 são os que lambem as chagas de lázaro, numa alusão àqueles escarnecedores que vivem trazendo à memória os pecados dos que se convertem das trevas para a luz. Aquela pobre mulher não se encaixa em nenhuma destas citações.

O que Jesus fez foi provar a fé daquela mulher siro-fenícia e mostrar a todos os presentes quem eram as “ovelhas perdidas da casa de Israel”, porque os que são da fé são os filhos benditos com o crente Abraão (Gálatas 3: 7 e 9), e também a prova da nossa fé redundará em louvor, honra e glória na revelação de Jesus Cristo (1 Pedro 1: 7).

     

Lucas 4: 25-27

“Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva. E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro”.

“Para bom entendedor, meia palavra basta”!

Pois não é judeu e nem circuncisão o que exteriormente o é na carne, pois nem todos os que são de Israel são israelitas, mas é israelita, e é judeu e é circuncisão o que o é no seu interior, isto é, no coração dos que nasceram da água e do Espírito, cujo louvor não vem dos homens e sim de Deus (Romanos 2: 28,29; 9: 6; João 3: 5).

GRAÇAS A DEUS PAI QUE NOS ENXERTOU EM CRISTO, A SUA OLIVEIRA; A NÓS, OS GENTIOS, OS RAMOS DE ZAMBUJEIRO; NÓS QUE NÃO ÉRAMOS POVO, MAS QUE POR SUA INFINITA GRAÇA NOS FEZ PARTICIPANTES DA SEIVA DA FÉ DE ABRAÃO E SUAS PROMESSAS; QUE NOS SELOU COM O SEU GLORIOSO NOME POR MEIO DO SEU ESPÍRITO SANTO, E POR ISSO O PAI NOS DIZ: “VÓS SOIS O MEU POVO”! ALELUIA!

Portanto ninguém me inquiete, pois sou cidadão da Jerusalém Celestial, sou judeu no espírito, fui circuncidado no coração pelo meu Senhor e pertenço ao Israel de Deus, em Cristo serei uma das colunas do Templo do meu Deus, e não receberei o dano da segunda morte, comerei do maná escondido e da Árvore da Vida, e assentar-me-ei com Ele no Seu Trono, e terei poder sobre as nações, e serei vestido de justiça, e Jesus confessará o meu nome diante do Pai e dos anjos no Céu. Amém!

L. M. S.