MANANCIAL

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"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

sábado, 11 de julho de 2015

OS “NEFILINS”.

Existe muita controvérsia sobre a palavra hebraica “nefilim”, que aparece na Bíblia em Gênesis 6:4 e Números 13: 33. Embora não exista no dicionário português, ela se encontra nas versões PJFA e NVI como “nefilins” (embora “nefilim” em hebraico já seja plural).
Segundo os filólogos, essa palavra hebraica tem origem em “nafal”, com muitos significados ao redor de “cair”, como “superar, derrotar, fazer cair”, próprio de homens violentos. A tradução inglesa antiga conhecida como King James Version traduziu a palavra como “gigantes” por influência da Vulgata Latina de Jerônimo. Mas o contexto de Gênesis 6 não revela que eram de grande estatura física, e possivelmente aquela tradução foi influenciada pelo contexto de Números 13:33 onde os filhos de Anaque são chamados de “nefilins” porque “são descendentes dos nefilins”: em Deuteronômio (1:28; 2:10,11,21; 9:2) e em Josué (11:21,22; 14:12,15) encontramos menção dos anaquins, descendentes dos nefilins “um povo grande e alto” (ex. Deuteronômio 2:10). Os tradutores modernos, cautelosamente, evitam agora traduzir “nefilim” para alguma palavra portuguesa. Isto nos leva a considerar algumas ideias que têm surgido sobre os contextos em que essa palavra foi usada.
Vejamos Gênesis 6:1-5, conforme aparece na NVI: “Quando os homens começaram a multiplicar-se na terra e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram bonitas, e escolheram para si aquelas que lhes agradaram. Então disse o Senhor: Por causa da perversidade do homem, meu Espírito não contenderá com ele para sempre, ele só viverá cento e vinte anos. Naqueles dias havia nefilins na terra, e também posteriormente, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhes deram filhos. Eles foram os heróis do passado, homens famosos. O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação do seu coração era sempre e somente o mal”.
Essa é a pontuação escolhida pelos tradutores, pois os manuscritos hebraicos antigos não têm pontuação. Ela resulta em uma sequência de sentenças, cujo relacionamento não é, necessariamente, progressiva.
A primeira informa que a humanidade se multiplicava – o que era o desejo de Deus (Gênesis 1: 28). Também esclarece que os “filhos de Deus” viram que as “filhas dos homens” eram bonitas, e escolhiam as que mais lhes agradaram. Parece muito natural que assim fosse. Mas há controvérsia sobre isso: como na sentença seguinte o Senhor castiga o homem por causa da sua perversidade, decerto haveria algum mal naquele casamento entre os “filhos de Deus” e as belas “filhas dos homens”! Se assim fosse, a explicação seria obtida ao descobrir quem eram os “filhos de Deus” que se distinguiam das “filhas dos homens”, mas mesmo assim eles casavam-se com elas. As teorias mais espalhadas sobre quem eram os “filhos de Deus” são:
1. Os “filhos de Deus” seriam perversos:
  • Seriam anjos maus, pois todos os anjos são chamados “filhos de Deus” no livro de Jó. Eles teriam a habilidade de fecundar as mulheres para que elas tivessem filhos, que seriam os nefilins, usando, como exemplo, o fato que o Espírito Santo fecundou Maria. Contra isto opomos que o Espírito Santo é Deus criador, e as Escrituras não indicam qualquer possibilidade de uma criatura espiritual fazer tal coisa. Além disso, o Senhor Jesus informou que os anjos não casam, nem se dão em casamento mesmo entre si. Observada a sequência, vemos que os nefilins já existiam antes disso.
  • Para contornar esse problema, outra teoria é que anjos maus teriam tomado posse de homens para através deles perversamente ter prole das mulheres. Opomos que, embora se saiba pelo relato bíblico que demônios se apossam de pessoas, isto não dá direito aos homens possessos de se chamarem “filhos de Deus”.
2. Os “filhos de Deus” seriam os antigos santos:
  • Haveria uma linha de descendentes piedosos a partir de Adão através do seu filho Sete, e seu filho Enos, pois “nessa época começou-se a invocar o nome do Senhor” (Gênesis 4: 26). Estes seriam os “filhos de Deus”, fazendo parte da ascendência de Maria (Lucas 3: 23-38). A teoria tem muita aceitação, pois em Lucas 3: 38, Adão é chamado de: “filho de Deus”.
  • Finalmente, é mais provável que todos os homens piedosos fossem chamados “filhos de Deus” neste pequeno trecho, assim como são os que agora colocam a sua fé no Senhor Jesus Cristo. Lamentavelmente, assim como acontece agora, os homens piedosos eram atraídos pela formosura física de mulheres carnais, e do seu casamento vinham filhos que acompanhavam as suas mães, ímpios e distantes de Deus. Assim se explica o fato que, de toda a descendência de Adão, apenas um homem, Noé com sua família, foi salvo do extermínio. É de se notar que os seus antecessores da linhagem de Sete morreram todos por causas naturais antes do dilúvio, assim não sofrendo o castigo da ira de Deus.
A segunda sentença parece nos dizer que, naquele tempo (algum tempo antes do dilúvio) o Senhor determinou que o Seu Espírito não iria contender com o homem para sempre e que sua vida seria reduzida para cento e vinte anos. Muitos entendem que isto aconteceu cento e vinte anos antes do dilúvio, quando mandou Noé fazer a arca, e a humanidade teve esse tempo para se arrepender. A terceira sentença nos fala dos nefilins que estavam na terra: existiram tanto antes como depois dos casamentos mistos, logo é incorreto pensar que foram resultado deles. A quarta sentença esclarece que os nefilins foram os heróis do passado, homens famosos.
Enfim temos uma descrição, curta, mas bastante esclarecedora, sobre quem eram eles. Acrescentada ao que se sabe da origem da palavra, que vimos acima, concluímos que os nefilins seriam do tipo dos que hoje em dia chamamos “barões” da política, da indústria, do comércio, das drogas, etc.
Os “gigantes” – não em estatura necessariamente – mas em domínio, poder, tirania, liderança pela força; homens como Napoleão, Stalin, Hitler e Mussolini seriam alguns dos nefilins mais recentes.
A última sentença nos diz que o Senhor viu a perversidade do homem aumentando sobre a terra, “e que toda a inclinação do seu coração era sempre e somente o mal”. Tão incorrigível era a situação da humanidade que Ele a destruiu completamente com o dilúvio, salvando apenas Noé e a sua família e exemplares dos animais que também foram destruídos.
Os nefilins daquele tempo desapareceram, mas apareceram outros em Canaã: “Também vimos ali os nefilins, isto é, os filhos de Anaque, que são descendentes dos nefilins; éramos aos nossos olhos como gafanhotos; e assim também éramos aos seus olhos” (Números 13: 33 - PJFA). Não podiam ser descendentes dos nefilins pré-diluvianos, pois não sobrou nenhum, a não ser que Noé fosse um deles, o que é muito improvável, além disso, toda a humanidade depois de Noé era descendente dele e, como ele, de Sete e de Adão… Os espias incrédulos poderiam estar exagerando a grandeza dos anaquins. Todos os anaquins foram destruídos pelos israelitas por ordem do SENHOR, salvo alguns que ficaram em Gaza, em Gate e em Asdode (Josué 11: 22). Curiosamente Golias, com cerca de três metros de altura, campeão dos filisteus, veio de Gate para combater os israelitas, e foi morto por Davi.
Esta é uma advertência aos crentes contra tomar sobre si o jugo desigual no casamento. Eles correm risco de desgraça, de ter o pesar de ver os seus filhos distantes do Senhor, irreverentes e desobedientes. Mesmo que se tornem poderosos e influentes como os nefilins, estão destinados à destruição como foram aqueles. 
A humanidade em nossos dias está assemelhando-se à dos tempos antediluvianos, com sua perversidade, inclinação para o mal. Rebeldia contra Deus, iguais aos nefilins. Estamos nos aproximando dos “dias do Filho do homem” (Lucas 17: 26,27), portanto estejamos vigilantes e prontos para a Sua vinda (Mateus 24: 37-44). 
R David Jones


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