POR QUE NOS LIVROS DE REIS E CRÔNICAS SÃO MENCIONADOS O NOMES DAS MÃES DOS REIS DE JUDÁ?

E ERA O NOME DA SUA MÃE... E FEZ O QUE ERA RETO OU MAU AOS OLHOS DO SENHOR

Eu me lembro bem dos meus tempos de criança, tenho lembranças de coisas que aconteceram mais ou menos a partir dos meus quatro anos de idade, e uma das coisas mais vivas que trago à memória desde a tenra idade é a presença da minha mãe. Gosto de dizer que a minha geração foi privilegiada, pois nela os filhos ficavam com suas mães em casa enquanto os pais estavam no serviço, sendo assim, as crianças recebiam a educação diretamente das mamães. Isto geralmente se traduzia em meninos e meninas com comportamentos de valor, mais afetuosos, obedientes e respeitadores.

Lendo os livros 1º e 2º Reis e 1ª e 2ª Crônicas dos reis de Israel e de Judá, eu notei que havia uma frase de registro comum no início do reinado de cada um dos herdeiros do trono de Judá, esta frase era: “E ERA O NOME DA SUA MÃE”. Fiquei intrigado! Por que esta nota, por que este destaque, por que esta observação?... Logo adiante observei que vinha outra frase completando e dando um sentido a anterior: “E FEZ O QUE ERA RETO AOS OLHOS DO SENHOR” ou, “E FEZ O QUE ERA MAU AOS OLHOS DO SENHOR”. Aí então que eu me lembrei da minha infância.

Sei que hoje as crianças pouco ficam com suas mães, elas são criadas nas creches e pré-escolas, pois são estes alguns dos legados da vida moderna e da inclusão das mulheres no competitivo mercado de trabalho, mas no meu tempo não era assim, por isso posso discorrer com certeza sobre o assunto título deste comentário, visto que no tempo dos reis de Judá, os reis governavam a nação e as esposas os lares, os reis julgavam o povo e as suas esposas disciplinavam os príncipes, isto é, elas educavam os futuros reis. Diante deste fato, se acaso o rei fosse um homem mau, isto não implicaria necessariamente, que o seu descendente seria um perverso; porém, se sua mãe fosse ímpia, haveria grande chance do herdeiro do trono ser um iníquo.

Os filhos de Deus.

Já li muitas divagações e verdadeiros delírios de alguns teólogos sobre os nefilins¹ de Gênesis 6: 4, palavra que na Vulgata Latina fora traduzida como “gigantes” e, por conseguinte, estes delirantes interpretam que os “filhos de Deus” que “entraram às filhas dos homens”, são anjos caídos¹, mas como pode ser um anjo caído denominado de “Filho de Deus”? Simplesmente não pode, pois a nenhum dos seus anjos Deus disse: “Tu és Meu Filho” (Hebreus 1: 5).  

¹NEFILIM – (plural) significa “caídos”, e não “gigantes”.

O capítulo seis de Gênesis começa dizendo assim: “E aconteceu que, como os homens começaram a se multiplicar sobre a face da terra, e nasceram-lhes filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (versos 1 e 2). Em Gênesis cinco é descrita a linhagem de Adão até Noé em contraste com o capítulo posterior, tal qual o capítulo 4 versos 17 até 26, onde lemos a descendência de Caim em oposição à de Sete indicando que duas linhagens distintas se formaram: uma piedosa (Sete – Enos) e outra maligna (Caim – Lameque).

O verso quatro de Gênesis seis, se observado com cuidado, nós poderemos entendê-lo com mais clareza, pois nele está escrito: “Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos” (parte A); aqui não diz que os “nefilins” eram os “filhos de Deus”, o texto diz apenas que eles “estavam” na terra antes e depois dos filhos de Deus tomarem para si mulheres dos filhos dos homens, ou seja, os perversos descendentes de Caim já haviam deixado a sua marca na terra (Gênesis 4: 15). Continuando no mesmo versículo, lemos: “Esses nefilins eram os VALENTES, os HOMENS de renome, que houve na antiguidade” (parte B); ou seja, o próprio versículo se explica: os nefilins eram os homens valentes da antiguidade, não eram gigantes, não eram anjos caídos e não eram os filhos de Deus, mas eram sim homens perversos, déspotas, violentos e ímpios, seres humanos que não temiam a Deus e, portanto, não invocavam o Nome do Senhor. Por isso a semente dos filhos de Deus foi corrompida pelo casamento destes com as filhas dos homens, gerando uma descendência de ímpios e desencadeando o juízo do Senhor sobre toda a Terra.

Reis bons e reis maus.

Voltando ao título, muitos foram os reis de Israel e Judá, sendo os de Samaria (reino do norte) todos ímpios; já em Jerusalém, alguns reis bons e outros maus. Como reis bons de Judá nós podemos citar: Asa, Josafá, Joás, Ezequias e Josias; como reis maus: Roboão, Acaz e Manassés, e este último um dos mais perversos, mesmo sendo filho de um rei bom e temente a Deus como foi Ezequias.

Manassés foi um idólatra, agoureiro, profanador do Templo e chegou até a oferecer seu próprio filho em sacrifício queimado a Moloque. O nome de sua mãe era Hefzibá, mas as Escrituras não dizem quem foi esta mulher, a não ser o que o seu nome que significava: “MEU DELEITE ESTÁ NELA”.

Talvez o significado do nome da rainha mãe seja uma indicação do porquê de Manassés ser educado sem o temor do Senhor. Semelhantemente, em Gênesis capítulo seis, quando os filhos de Deus procuraram os deleites nas formosas filhas dos homens, esqueceram do Criador e corromperam toda a humanidade com sua descendência irreverente.

Sabemos que o rei Ezequias havia sido curado por Deus de uma grave enfermidade concedendo-lhe mais quinze anos de vida, mas o Senhor, antes de curá-lo, disse-lhe por intermédio do profeta Isaías: “Põe a tua casa em ordem” (2 Reis 20: 1; Isaías 38: 1). Uma mensagem como esta não é dada sem razão e por ela podemos entender que a situação da casa real era uma desordem.  Em 1 Timóteo capítulo 3, Paulo dá uma lista de recomendações para os que administram a casa do Senhor e uma delas é: “Que governe bem a sua própria casa, tendo os seus filhos em submissão, com todo o respeito” (verso 4); e depois com uma indagação ele arremata: “Pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da Igreja de Deus”? (verso 5).

Mais ou menos três anos após o rei de Judá ser milagrosamente curado, Manassés nasceu. Depois dos quinze anos de vida acrescentados por Deus, o rei Ezequias dormiu com os seus pais e o seu filho, aos doze anos de idade, herdou o trono, mas pelo que se sucedeu no reinado deste, o seu pai não pôs a casa em ordem antes de morrer.

Conclusão.

“A casa e os bens são herança dos pais; porém do Senhor vem a esposa prudente” (Provérbios 19: 14).

“Porque os lábios da mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais suave do que o azeite. Mas o seu fim é amargoso como absinto, agudo como a espada de dois gumes. Os seus pés descem para a morte, os seus passos estão impregnados do inferno" (Provérbios 5:3-5).

L. M. S.