O SÁBADO.

Deuteronômio 5:12-15.

12. Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.
13. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho.
14. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;
15. Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado.

Os israelitas receberam as Leis de Deus por meio de anjos (Atos 7:53 e Gálatas 3:19) no deserto, mas não a guardaram em seus corações, pois Israel desviou-se do objetivo prático dos estatutos divinos - que visavam regrar a vida quotidiana do povo em condutas justas - para tratá-los apenas como normas religiosas, ou seja, prescrições de nenhum sentido eficaz no combate contra as iniquidades da carne; algo como a bula de um medicamento e o próprio medicamento; se eu ler a bula, mas não tomar o remédio, não ficarei são.

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias...” (Gálatas 5:19-21). Ou seja, a minha carne é doente de pecado, então preciso regrar a minha vida pela Palavra de Deus; porém não basta eu ler as Escrituras e segui-las religiosamente “mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali” (Isaías 28:10)... Não mesmo! Porque necessito que a Palavra entre no meu âmago e na minha alma, penetre no centro da minha mente e dos meus sentidos, e ali ela me transforme e me regre de dentro para fora; porque não adianta nada a oferta de sacrifício pelos meus pecados, se eu continuo amando e praticando o pecado, pois sábios e justos - aos olhos de Deus - são aqueles que temem ao Senhor e desviam-se do caminho do mal (Prov. 14:16 e 16:17); e não terá nenhum efeito sobre minha carne eu não tocar, não provar, não comer, não beber, não vestir isto ou vestir aquilo, e guardar dias e festas, e dizimar a hortelã, o endro e o cominho; se o cerne da Lei que é “a justiça e a misericórdia”, não estiver moldando o meu caráter (Mateus 23:23), pois o propósito da Lei era e sempre foi a justiça, e por meio da justiça, a misericórdia.

Alguns evangélicos debatem acerca do sábado e os ignorantes o idolatram da mesma forma que os judeus faziam no tempo de Jesus. Alguns dizem que devemos observá-lo e outros dizem que não, mas a questão é: por que o sábado foi colocado entre os dez mandamentos? Se dos dez mandamentos, nove são ordenanças morais que regram a vida e o caráter cristão; por que o sábado não é considerado um mandamento moral? Se sob este prisma buscarmos respostas, entenderemos o porquê do sábado estar entre listado entre os dez.

O sábado foi inserido nos dez mandamentos porque ele é um preceito moral também, porém Jesus mostrou que a interpretação e o consequente uso deste preceito estava fora do contexto da Lei, pois os judeus o tinham como mais especial, mais importante e acima do homem.

Mas alguns judaizantes podem questionar que: se o sábado não estava acima do homem em importância; então por que em Números 15:32-36, um homem foi apedrejado até a morte quando apanhou lenha no dia de sábado? Bem! Como está escrito no mesmo capítulo: “A pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente (que pecar conscientemente, sem temor), quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao Senhor; tal pessoa será eliminada do meio do seu povo, pois DESPREZOU A PALAVRA DO SENHOR E VIOLOU O SEU MANDAMENTO; será eliminada essa pessoa, e a sua iniquidade será sobre ela” (Números 15:30-31). E como Hebreus 10:18 diz: “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas”.

Não era só pelo quebrantamento do sábado que alguém morria, mas por qualquer estatuto da Lei que fosse desobedecido “temerariamente”, tal irreverência resultava numa sentença de morte, e isto era necessário para que se inculcasse temor no meio do povo, ou seja, toda desobediência seria punida com rigor, pois, “a Lei... era a lei”!

Então não podemos ter o mandamento do sábado como algo superior ao homem, mas devemos julgar a sua importância para o homem; pois é disto que todos os mandamentos tratam, de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Marcos 12:29-34). Isto concorda exatamente com o que Cristo disse do dia de sábado: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim o filho do homem até do sábado é Senhor” (Marcos 2:27,28). Jesus deixou claro que o dia de descanso foi feito por causa do homem, para que este descansasse dos seu trabalhos e para que também desse descanso aos seus servos, aos seus animais e à sua terra, pois se ele repousasse, tudo repousaria também.

Mas... devo ou não devo guardar o dia de sábado???

“PARA QUE O TEU SERVO E A TUA SERVA DESCANSEM COMO TU”. (Deut. 5:14).

O entendimento da questão é assim: se eu tenho empregados trabalhando para mim, será justo conceder-lhes pelo menos um dia de descanso na semana, mesmo que as leis não me obriguem a fazê-lo; ou seja, se temo a Deus, se creio na Sua Palavra e a obedeço, então será um ato de justiça dar um dia de repouso àqueles que estão ao meu serviço (“PARA QUE O TEU SERVO E A TUA SERVA DESCANSEM COMO TU” - Deut. 5:14); muito embora não seja necessário que o dia de descanso seja realmente no sábado, pois pode ser que a empresa necessite trabalhar em período integral (turno de plantões) como hospitais, clínicas, e outros serviços essenciais. Demais a mais, esse sábado ao qual chamamos pelo nome, não é o mesmo sábado bíblico, pois o calendário dos israelitas era diferente do nosso.

JESUS CRISTO É O NOSSO SÁBADO.

Até agora só vimos o sábado sob o aspecto de um preceito legal (prisma terreno), mas daqui em diante veremos o sentido espiritual do sábado.

Mateus 11:28,29. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis DESCANSO para as vossas almas.

Hebreus 4:3-11.

3. Porque NÓS, OS QUE TEMOS CRIDO, ENTRAMOS NO REPOUSO, tal como disse: Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.
4. Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia.
5. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso.
6. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência,
7. Determina outra vez um certo dia, hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações.
8. Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois disso de outro dia.
9. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus.
10. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.
11. Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.

Jesus Cristo é o “shabat”, Ele é o “repouso” do povo de Deus, Ele mesmo disse isto em Mateus 11:29; e o conceito de Cristo ser o sábado bíblico é defendido também pelo autor da Epístola aos Hebreus que enfatiza, no capítulo 4, que só os que creram em Jesus entraram no “repouso” divino (verso 3), e que tanto o dia sétimo de Gênesis 2:2, como a introdução do povo israelita na terra da promessa sob o comando de Josué foram apenas figuras, sombras do verdadeiro descanso que Deus iria proporcionar aos salvos por Jesus Cristo.

L. M. S.