O que é a cruz? Ela é o símbolo da morte pela maldição do
pecado, pois na cruz eram condenados à morte todos os rebeldes às leis, nela os
transgressores recebiam a justa punição segundo a justiça humana. Destarte a
cruz é a sentença que, na carne, cada homem ou mulher carrega em si, porque ela
lança em rosto as fraquezas da carne, e é por isso não há arrependimento
verdadeiro, nem conversão genuína, sem que o pecador confesse seu pecado e assuma
a sua cruz admitindo a totalidade da corrupção a que se expôs.
Existe uma cruz para cada indivíduo. Existe a cruz do
ladrão, a cruz do homicida, a cruz do adúltero, a cruz da prostituta, a cruz
do homossexual, a cruz do estelionatário, a cruz do pedófilo, a cruz do
drogado, a cruz do fumante, a cruz do violento, a cruz do devasso, a cruz do
vingativo, a cruz do pobre, a cruz do miserável, a cruz do rico, a cruz do
avarento, a cruz do mentiroso, a cruz do corrupto, a cruz do justo e a cruz do
ímpio. Ela é a “marca” da incapacidade do ser humano se justificar diante de
Deus.
Jesus nunca disse que nos aliviaria da cruz, nem mandou que
nos despojássemos dela, mas tão somente que a carregássemos; e como faríamos
isso? Seguindo após Ele. Tem gente que cai pelo caminho com o peso da cruz,
alguns desistem e voltam atrás, outros ficam prostrados chorando a miséria da
sua cruz, há ainda aqueles que pensam que podem abandoná-la em Cristo, mas não
podem, pois Ele mesmo disse: “Se quiser vir após mim, NEGUE-SE A SI MESMO, tome
a cada dia a sua cruz e siga-me” (Lucas 9: 23).
A
solução para a cruz é olhar somente para Jesus.
Quando estive na escola militar e o meu pelotão era
levado para treinamento, eu sabia que iríamos sofrer muito, pois seriam horas
de dores, cansaço e de humilhação. Numa das “pistas de treino” havia uma frase
de efeito logo à entrada; ela dizia o seguinte: “O SUOR POUPA O SANGUE”; ou
seja, o suor no campo de treinamento, poupa o sangue no campo de batalha; ela
indicava que quanto mais experimentado, mais chance de sobreviver na guerra.
Então aprendi uma coisa, aprendi a não pensar no peso
daquelas horas, mas no fim de tudo aquilo, no fruto que resultaria dali, pois
eu ficaria mais forte, mais firme, mais perseverante, mais capacitado e mais
hábil. Outro alento animador era que depois de toda a canseira e sofrimento
haveria o descanso para mim.
O apóstolo Paulo diz algo parecido com o que mencionei.
Ele diz: “... tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem
ser comparados com a glória há ser revelada em nós” (Romanos 8: 18), portanto, não
atentando para aquilo que se vê, mas para o que não se vê, porque as coisas que
se vêem são passageiras, mas as que se não vêem são eternas (2 Cor. 4: 18), esqueço
do que para trás fica, e prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação
de Deus em Cristo Jesus (Fil. 3: 13,14).
A cruz não é o fardo do pecado, mas a assinatura desse
fardo na carne, e em Cristo ela deixa de ser um peso e se torna motivação, isto
é, um estímulo para não vivermos mais nos ditames, nas inclinações e nos
desejos da carne, porque pela cruz conhecemos as nossas fraquezas e limitações,
porque se andarmos segundo as inclinações da carne, nós morreremos, mas se pelo
Espírito Santo mortificarmos as obras da carne, então viveremos (Rom. 8: 13),
porque a inclinação da carne é morte, mas a inclinação do Espírito é vida e paz
(Rom. 8: 6).
O pecador arrependido convertido ao Senhor e renascido em
Cristo, ainda sentirá na carne os desejos do pecado, mas como tudo se fez novo
e as coisas velhas já passaram (2 Cor. 5: 17), ele não viverá pelos seus
sentidos e sim pela fé naquele que o chamou das trevas para a luz. Por exemplo,
um homem imoral, que viveu uma vida de dissolução, mas que arrependido do seu
mau caminho volta-se para Jesus, ainda sentirá as marcas da escravidão de
outrora na sua carne, contudo, não será mais dominado por seu passado, antes
subjugará as inclinações carnais por amor à fé que em Jesus Cristo abraçou, e como
já foi experimentado naquelas paixões, reconhece o fim decadente para o qual aquele
caminho o levou. Não há mágica, apenas fé; fé que gera obediência; obediência
que produz bons frutos; bons frutos que revelam o verdadeiro louvor a Deus.
O AGUILHÃO DA MORTE É O PECADO (1 Cor. 15: 56).
Aguilhão é uma ponta de ferro fixada na extremidade de
uma vara usada para conduzir bois infligindo-lhes dor. Isto quer dizer que o
pecado é como uma ponta afiada golpeando a carne para guiá-la à morte, impondo
à alma as dores da corrupção.
Assim Deus disse a Caim: Se não fizerdes o bem, o pecado
jaz à porta (da mente e dos sentidos), e sobre ti será o seu desejo (o desejo
do pecado é envolvente), mas sobre ele deves dominar (o domínio próprio reside
na obediência a Deus) (Gên. 4: 7).
UM DISCURSO DIFÍCIL DE ENGOLIR.
“A minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é
verdadeiramente bebida” (João 6: 55).
Os contemporâneos de Cristo escandalizaram-se quando
ouviram o discurso do “Pão da Vida” onde Jesus disse com todas as letras que o
judaísmo, as tradições e as leis da nação de Israel não poderiam salvá-los da
morte, e que todas estas coisas eram como o maná que os pais comeram – mas não
conheceram – e morreram. Que faremos para realizar as obras de Deus? Perguntaram
os judeus. Jesus lhes disse: A obra de Deus é esta: “creiam naquele que por Ele
foi enviado” (versos 28 e 29). Jesus disse: “Eu Sou o Pão da Vida” (verso 48).
Eu Sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente;
e o pão que Eu darei pela vida do mundo é a minha carne (verso 51). Se não comerdes
a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tendes “vida” em vós
em vós mesmos (verso 53). Quem de Mim se alimenta, por Mim viverá (versa 57).
Os judeus não entenderam o conteúdo desta mensagem e hoje
os cristãos também não entendem, pelo menos a maioria dos que se dizem
cristãos. Jesus levou na sua face murros, bofetadas e cusparadas, nas costas
recebeu chibatadas, nos seus ouvidos insultos e zombarias, mas não revidou
nenhuma afronta que sofreu, Ele negou-se a Si mesmo, pois sendo Deus, não usurpou
ser igual a Deus, antes, se esvaziou de Sua glória e assumiu a forma de servo,
e na forma de servo, humilhou-se a Si mesmo e foi fiel até a morte na cruz
(Fil. 2: 6-8).
“Não é o servo maior que o seu Senhor”; alguém se lembra
disso? Basta que ele seja igual ao seu Senhor (Mat. 10: 24,25); e se ao madeiro
verde fizeram tudo que quiseram; que será do madeiro seco? (Lucas 23: 31).
“Comer a carne e beber o sangue” não se limita a uma cerimônia (Ceia do
Senhor), mas no viver por intermédio da carne e do sangue de Jesus Cristo, no
estar crucificado com Ele para ser ressuscitado por Ele no último dia; no
andar, no sentir, no olhar, no pensar, no falar e no agir da mesma maneira que
Ele o faria; essa é a verdadeira vida esse é o verdadeiro “caminho”; “andai por
Ele”.
Tenhamos este mesmo sentimento: “Aquele que padeceu na
carne, já cessou do pecado” (1 Pedro 4: 1).
L. M. S.
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