MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

quinta-feira, 10 de março de 2016

O ALTAR DO SENHOR.

Êxodo 20: 2-7
Eu Sou o Senhor teu Deus, que TE TIREI da terra do Egito, da casa da servidão. NÃO TERÁS OUTROS DEUSES diante de Mim. NÃO FARÁS PARA TI imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração DAQUELES QUE ME ODEIAM. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que GUARDAM os meus mandamentos. NÃO TOMARÁS O NOME DO SENHOR TEU DEUS EM VÃO; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

Deus é um Deus zeloso, isto é, Ele tem ciúme dos homens e mulheres que Lhe pertencem e que um dia participarão da Sua glória, então Ele não dividirá os Seus remidos com ninguém. Glórias a Deus!

O Decálogo inicia-se com o lembrete: “Eu Sou o Senhor teu Deus”; podem os povos do mundo ter outros deuses, mas aos que Ele escolheu não, os Seus escolhidos não viverão no engano e na mentira dos falsos deuses, pois os que Ele dantes conheceu os predestinou para serem conforme a imagem do Seu Filho, e aos que predestinou, a estes também chamou, e aos que chamou, a estes também justificou, e aos que justificou, a estes também glorificou. Se Deus é por Seus filhos, quem será contra eles? (Rom. 8: 29-31).  

Não devia ser necessário, mas é. Deus sempre tem que nos lembrar “quem” nos tirou da “terra do Egito” e do “jugo de servidão”, pois somos propensos a esquecer do lugar de onde viemos e quem nos tirou de lá. Portanto Ele deve constantemente nos lembrar: “Fui Eu quem os tirou da escravidão das trevas e os trouxe para a minha gloriosa luz”. Nós não saímos do mundo por vontade própria e nem o deixamos pelos nossos próprios esforços, mas foi Deus quem o fez e isso é maravilhoso aos nossos olhos (Salmos 118: 19-29).

Não terás outros deuses! Eis a ordem, cumpra-se, o Onipotente ordena. 

Mas, quem são os deuses? Os deuses são todas as coisas que nos desviam da verdadeira adoração, são todas as coisas que desvirtuam a fé cristã e se opõem à confiança depositada unicamente em Deus. No Egito há muitos deuses e em Canaã há muitos inimigos, entre eles há um deserto onde o “Egito” deverá ser expurgado do coração. É também no deserto que o adorador aprenderá a depender somente de Deus.

“E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, PARA SABER O QUE ESTAVA NO TEU CORAÇÃO, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te SUSTENTOU COM O MANÁ, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, MAS DE TUDO O QUE SAI DA BOCA DO SENHOR viverá o homem”. (Deuteronômio 8: 2,3).


UM ALTAR DE PEDRAS.

“E se me fizeres um altar de pedras, NÃO O FARÁS DE PEDRAS LAVRADAS; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás” (Êxodo 20: 25).


Quem “sobe” a Deus é o holocausto*, não o altar, a excelência não é do altar, mas do que foi oferecido sobre ele, Cristo, o cordeiro sem mácula.

*Holocausto – “o que sobe”. Palavra derivada de uma raiz que significa “ascender” (subir), e aplicava-se à oferta que era inteiramente consumida pelo fogo e no seu fumo “subia” até Deus.

“E ali edificarás um altar ao Senhor teu Deus, um altar de pedras; NÃO ALÇARÁS INSTRUMENTO DE FERRO SOBRE ELAS. De PEDRAS BRUTAS EDIFICARÁS O ALTAR do Senhor teu Deus; e sobre ele oferecerás holocaustos ao Senhor teu Deus” (Deut. 27: 5,6).

Às vezes lemos certos trechos das Escrituras e passamos por cima de detalhes que nos parece, à primeira vista, sem importância, mas toda a Escritura é divinamente inspirada e apta para ensinar, redarguir, corrigir e instruir em justiça (2 Tim. 3: 16).

Êxodo 20: 25 e Deuteronômio 27: 5,6 tratam da peculiaridade da adoração ao Senhor Deus, pois o altar era o meio pelo qual o adorador prestava seu culto, e era através dele que a criatura oferecia dádivas ao Criador. Mas então porque o Senhor ordenou que o fizesse de pedras brutas? Por que a ordenança de não usar pedras lavradas (talhadas, esculpidas)? Por que o talhar do buril pelas mãos humanas profaná-lo-ia? Eu creio que a melhor resposta a estas perguntas encontra-se em João 4: 23,24, Deus é Espírito e requer que Seus adoradores também o adorem no Espírito. Não se pode “forjar” uma adoração no Espírito, não se pode “talhar” um verdadeiro adorador, a adoração no Espírito não se “aprende” de homens, um adorador espiritual não se “constrói” com esforço humano, pois é somente Deus, o autor e consumador da fé quem o faz.

A Bíblia, em algumas passagens, quando menciona o “ferro”, ela está indicando algo “forçado”, preso ou conduzido com “dureza”, como quando diz do “reger com vara de ferro”, de pôr um “jugo de ferro”, da “força do ferro”, de portas com “ferrolhos de ferro”, dos “grilhões de ferro”; portanto, “alçar instrumento de ferro sobre as pedras do altar” tem haver com isso mesmo, ou seja, fala de uma adoração não voluntária, mas trabalhada e alcançada com muito esforço, e também de disciplina carnal, de um culto forjado.

Ouvi certo pregador gabar-se de que em “sua Igreja”, todos os ministros (pastores) passam sete anos estudando no seminário antes de assumir um púlpito... A mim parece que o tal não entendeu a mensagem singela do Evangelho que diz: “EU VOS FAREI PESCADORES DE HOMENS” (Mateus 4: 19).

Não há técnica, homilética*, sermões preparados, estudo sistemático ou qualquer outra invenção humana que tenha o poder para alcançar um perdido, pois a salvação não é uma obra do homem, mas de Deus.

*Homilética – a arte de preparar e pregar sermões religiosos; eloquência.

É Deus quem quebranta ou endurece os corações, é Ele que tem poder sobre os vasos da honra e sobre os vasos da desonra, é Ele quem abre o coração e o entendimento dos tementes para escutar a Sua voz e fecha o ouvido dos maus para que não entendam, é Ele quem salva o pecador e lança o ímpio no inferno (Rom. 9: 15-24; Mat. 10: 28).  

Há uma censura de Paulo aos crentes da Galácia, que na tradução da King James diz assim: Ó GÁLATAS INSENSATOS! Quem vos enfeitiçou? Ora, não foi diante dos vossos olhos que JESUS CRISTO FOI EXPOSTO COMO CRUCIFICADO? Quero tão-somente que me respondais: foi por intermédio da prática da lei que recebestes o Espírito Santo, ou PELA FÉ NAQUILO QUE OUVISTES? Estais tão enlouquecidos assim, a ponto de, tendo COMEÇADO PELO ESPÍRITO DE DEUS, estar desejando agora VOS APERFEIÇOAR POR MEIO DO MERO ESFORÇO HUMANO? (Gálatas 3: 1-3).

Oh, insensatos! Há perfeição pelo mero esforço da carne? A carne, porventura, se sujeita à Lei de Deus? Não é ela quem conspira contra o Espírito? Não são os que estão na carne que não podem agradar a Deus? Loucos! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade?... (Veja João 3: 6; Rom. 8: 7,8,12,13; 2 Cor. 10: 3; Gál. 5: 17 e 6: 8).

“Mas temo que, assim como a SERPENTE ENGANOU EVA com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte CORROMPIDOS os vossos sentidos, e SE APARTEM DA SIMPLICIDADE que há em Cristo” (2 Coríntios 11: 3).

Jesus disse que o “maior” no Reino do Céu é quem se fizer o “menor” dentre os seus irmãos, um serviçal, igual a um menino que considera aos outros superiores a si mesmo. 

Um grão de areia é que o somos, mas parece que não sabemos disso, um conto ligeiro é a vida, mas não atentamos para isso, uma erva que de manhã cresce e floresce, à tarde seca-se, murcha-se e a sua flor cai ao chão, assim é a toda glória do homem, mas ainda não consideramos a verdade contida nisto; a soberba nos impede.


O ALTAR DE EDE, UM ALTAR DE GRANDE APARÊNCIA, MAS INÚTIL (Josué 22: 10,26-28,34).


Em Josué capítulo 22, os rubenitas, os gaaditas e meia tribo de Manassés que se estabeleceram aquém do Jordão, com medo de serem excluídos do culto ao Senhor Deus, eles construíram em suas terras um altar de “grande aparência”, para servir de testemunho entre eles e os filhos de Israel. Nele não se ofereceriam oblações, pois se tratava apenas de um monumento erigido em memorial. Por isso eles o chamaram de Ede, o “altar do testemunho”. Era um altar de grande aparência, vistoso e bonito, mas inútil serviço de culto.

ENOQUE, UM ALTAR ÚTIL.

E “andou” Enoque “com Deus” e já “não era”, porque Deus o “tomou” para si (Gênesis 5: 22).

Quando um homem “anda” com Deus ele deixa de “ser alguém”, porque Deus o “toma” para si. Suas paixões, sonhos e aspirações ficam absortos na vontade do Senhor, e ele já não vive mais, mas Deus vive nele e tudo o que vier doravante, seja bom ou ruim não importa, o que vale é ser uma nova criatura. Assim também Enoque foi absorvido pela presença de Deus e por isso o escritor de Gênesis disse que ele “já não era”, isto é, Enoque deixou de ser alguém importante para si mesmo, ele deixou de ter a primazia em sua vida, pois andando dia a dia com o Senhor, Deus passou a ser o primeiro e o mais importante para ele.

E, chegando-vos para Ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1 Pedro 2:4,5).

Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas DEUS ESCOLHEU AS COISAS LOUCAS DESTE MUNDO PARA CONFUNDIR AS SÁBIAS; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; PARA QUE NENHUMA CARNE SE GLORIE PERANTE ELE. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: aquele que se gloria GLORIE-SE NO SENHOR. (1 Cor. 1:26-31).

Pedro, um pescador “bruto”, indouto (que não aprendeu as “letras”), mas cheio do Espírito Santo, em sua primeira pregação pública quase três mil almas renderam-se aos pés do Senhor Jesus Cristo. Pode “achar” o que você quiser, mas não há escola que capacite um homem para isso, não há uma técnica que treine alguém e faça-o ser um instrumento eficaz do Evangelho; as pedras talhadas não se encaixam no Altar do Senhor, pois o “buril” o profanará.

Bendito é o Senhor Deus, Rocha minha e libertador meu. É Ele quem adestra as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra. É Ele quem me fortalece, de sorte que os meus braços vergam um arco de bronze (Salmos 18: 2,34).

O Senhor guardará os passos dos seus servos em todos os seus caminhos para que não “tropecem em pedra”. Benditos são aqueles que põem a sua confiança no Deus de Israel, pois ao olharem para o Senhor eles serão iluminados e seus rostos jamais ficarão confundidos (Salmos 34: 5 e 91: 12; Jeremias 17: 7).

Abel era apenas um “vapor”; Noé, o “descanso” profetizado, era somente um agricultor; Abrão, ainda sem filhos, recebeu a promessa de ser Abraão, o “pai de multidões” e Sarai, sua mulher, foi chamada Sara, “a princesa”, contudo antes de ter o "riso" (Isaque) das mães por causa dos seus filhos em seus colos; Jacó não era o primogênito, mas herdou as promessas por amor delas; José foi rejeitado pelos seus irmãos, escravizado em terra estranha, condenado e preso injustamente antes de ser exaltado no Egito; Moisés ficou velho e gago antes que Deus o enviasse como seu mensageiro a faraó; Gideão e seus trezentos homens eram apenas simples aldeões, e não soldados guerreiros; Davi não passava de um menino quando matou o gigante; de Elias só sabemos que ele era um tisbita, mas Deus fez dele um profeta de fogo em Israel...     

Deus sempre constrói Seu Altar com pedras brutas, isso mesmo, com aquelas pedras que os “edificadores” deste mundo rejeitam para que os “sábios” da Terra fiquem confusos e os seus conselhos sejam dissipados. Somos como vasos de barro nos quais se guardam tesouros preciosos, a excelência não é do vaso, mas do tesouro que nele foi depositado (2 Coríntios 4:7).  

L. M. S.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário