Jeremias
35:1-10.
1. A palavra que
do SENHOR veio a Jeremias, nos dias de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá,
dizendo:
2. Vai à casa
dos recabitas, e fala com eles, e leva-os à casa do Senhor, a uma das câmaras e
dá-lhes vinho a beber.
3. Então tomei a
Jazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, e a seus irmãos, e a todos os
seus filhos, e a toda a casa dos recabitas;
4. E os levei à
casa do Senhor, à câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus,
que estava junto à câmara dos príncipes, que ficava sobre a câmara de Maaséias,
filho de Salum, guarda do vestíbulo;
5. E pus diante
dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho, e copos, e disse-lhes:
Bebei vinho.
6. Porém eles
disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos
ordenou, dizendo: Nunca, jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos;
7. Não
edificareis casa, nem semeareis semente, nem plantareis vinha, nem a
possuireis; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos
dias sobre a face da terra, em que vós andais peregrinando.
8. Obedecemos,
pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos
ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem
nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas;
9. Nem
edificamos casas para nossa habitação; nem temos vinha, nem campo, nem semente.
10. Mas
habitamos em tendas, e assim obedecemos e fazemos conforme tudo quanto nos
ordenou Jonadabe, nosso pai.
Há cerca de mais de uns
trinta e poucos anos atrás, numa conversa sobre fidelidade ou talvez sobre
obediência aos pais – não me lembro bem – ouvi de uma senhora que era esposa de
um presbítero da igreja, a história dos recabitas, a qual achei muito curiosa...
Agora, vários anos mais tarde, bateu-me uma pergunta: Por que Jonadabe deu esta
ordem aos seus descendentes? Bem! Para responder esta questão precisaremos
voltar no tempo até a época deste patriarca queneu.
A história de Jonadabe remete a um tempo difícil para o povo de Israel, pois a nação estava afundada na idolatria a Baal e Astarote, os deuses dos sidônios, cujo culto fora implantado no país pela rainha Jezabel com o aval do rei Acabe. A adoração destas divindades pagãs era recheada de licenciosidade, prostituição e tudo isso regado a muito vinho. As injustiças cometidas pelos seus adoradores eram públicas e notórias, pois não temiam ao verdadeiro Deus de Israel e, portanto, permitiam-se entregar-se a todos os seus desejos mesmo que isso significasse destruir, roubar, furtar e matar como no caso da vinha de Nabote (1 Reis 21).
Foi um quadro de degradação moral que Jonadabe vivenciou em seus dias, mas mesmo diante de tanta corrupção, ele permaneceu fiel a Deus esperando o dia do livramento para o povo aflito. Esse dia chegou com Jeú, filho de Josafá que, ungido rei sobre Israel, vingou o sangue inocente derramado pela casa de Acabe (2 Reis 9 e 10). Embora Jeú tenha cumprido a risca o mandamento do Senhor, contudo não o fez de coração, de sorte que não permaneceu nos caminhos do Altíssimo (2 Reis 10: 29-31).
Vivendo num ambiente de insegurança, Jonadabe preferiu servir ao Deus de seus pais e, para não afastar-se dos preceitos do Senhor, decidiu que ele e toda a sua descendência não beberiam vinho, não possuiriam vinhas e não as plantariam, não teriam casas, não semeariam campos nem os possuiriam, mas viveriam em tendas como peregrinos, pois assim estariam livres da cobiça de homens corruptos e, abstendo-se do vinho, não cairiam no laço da iniquidade.
Fidelidade e obediência são atitudes que em certo sentido se confundem, mas se
analisarmos bem, não elas são a mesma coisa. A primeira tem sentido de devoção,
isto é, quem é fiel nunca trairá àquele a quem se dedicou, já a segunda implica
em cumprir obrigações e deveres, ou seja, pode-se executar ordens por amor ou
medo. Exemplificando; um servo pode ser fiel ao seu senhor por amá-lo, ou pode
ser apenas obediente por temê-lo. Quando um servo não conhece seu senhor, mesmo
que seu amo seja bondoso, ele desconfia das intenções de seu mestre e o
obedecerá por medo de ser punido, mas quando passa a conhecê-lo entende que as
atitudes de seu dono não visam o mal. Então um servo fiel sempre será
obediente, mas um servo obediente nem sempre será fiel, pois a fidelidade trará
consigo a obediência, mas a obediência sem conhecimento nunca levará à
fidelidade.
Realmente toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir e instruir em justiça (2 Timóteo 3: 16). O trecho que menciona os recabitas nos dá a perspectiva de um povo sábio e é um espelho para o cristão que deseja ser fiel a Deus.
Paulo escreveu que nada trouxemos para este mundo, e é certo que dele nada podemos levar, portanto, tendo o que comer e vestir estejamos contentes, mas os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço levando-os à ruína, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6: 8-10). Tal advertência não foi escrita em vão! Este é um alerta especial para não sermos cobiçosos dos bens deste mundo, pois aquele que ama o mundo o amor do Pai não está nele (João 2: 15).
Ev. Levi.
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