O QUE É ISTO? É O PÃO
QUE DEUS VOS DÁ PARA COMER.
Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois
peixinhos; mas “que é isto” para tantos? (João 6:9).
“Este é o pão que o Senhor vos dá para comer”, foi o que
Moisés respondeu ao povo de Israel quando lhe perguntaram à respeito daquela
coisa miúda que o orvalho do céu depositara no deserto, porque eles não sabiam
o que era: E chamou a casa de Israel o seu nome MANÁ (que é isto?); e era como
semente de coentro branco, e o seu sabor como bolos de mel (Êxodo 16:31).E,
vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: “Que é isto”?... (Êxodo
16:15).
O paralelismo entre o
povo de Israel e nós cristãos é muito significativo de tanto que a história dos
israelitas foi-nos deixada como em figura (1 Cor 10:6) e
tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito (Rom. 15:4). A
saída do Egito, a passagem do Mar Vermelho, peregrinação no deserto, as murmurações,
o bezerro de ouro, a água da
Rocha, e todas as demais coisas que Israel experimentou antes e depois de
atravessar o Jordão são exemplos para que nós fiquemos atentos e vivamos
sobriamente.
Ao longo dos séculos,
visando precaver-se de todas as possíveis adversidades, as Igrejas se
organizaram como uma empresa, como uma instituição secular. Hoje elas possuem
gestores, advogados, políticos, riquezas, e muitos outros meios de subsistir em
detrimento da sua fé, digo isto porque esses meios pragmáticos afastaram os
cristãos do “modelo” original ditado pelo Espírito Santo. Da mesma maneira, o
Templo de Jerusalém também distanciou-se do Tabernáculo erigido por Moisés
conforme o modelo visto no monte (Êx. 25:9,40 e 26:30; Núm. 8:4; Atos 7:44;
Filip. 3:17; 2 Tim. 1:13; Hebr. 8:5). Quando me refiro a “fé” não estou falando
de um credo ou religião professada, mas do viver da fé e por meio da fé em
Cristo. Saibam que Davi pecou gravemente contra Deus quando fez o censo em
Israel. Pecou contra Deus porque pensou em organizar seu poder militar na força
de seu exército e não no poder do Senhor dos Exércitos (1 Crônicas 21).
“Dai-lhes vós de comer”...
(Mateus 14:16; Marcos 6:37; Lucas 9:13). Duzentos denários de pão não
seriam suficientes! Despede-os para que vão até as aldeias e cada um compre pão
para si...
Quando Jesus Cristo voltar achará fé na Terra? (Lucas
18:8b).
A pergunta acima é “retórica” (questionamento que não objetiva uma resposta, e sim estimular
a reflexão do ouvinte sobre um assunto) e Cristo a faz ao final da Parábola do
Juiz Iníquo, com intuito de nos despertar para a realidade cristã no fim dos
tempos.
Leiamos a “Parábola do
Juiz Iníquo”:
E contou-lhes também uma
parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer, dizendo: Havia numa
cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem. Havia
também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo:
Faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la;
mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim
não volte, e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto
juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a Ele de dia e de
noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Quando, porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lucas
18:1-8).
Creio que o leitor já ouviu de antemão, alguma explanação
sobre este assunto, então peço que “ature” mais uma, porém garanto que esta não
será como as outras.
Vamos em primeiro lugar analisar alguns pontos da
ilustração. Temos os personagens da parábola: um juiz injusto, que não teme a
Deus nem respeita os homens e uma viúva oprimida importunando-o; o porquê da
parábola: “o dever de orar sempre sem esmorecer”; o enredo da parábola: o
clamor por justiça é ignorado a princípio, mas sua insistência molesta o juiz
que responde em favor da viúva; a moral da história: quando Cristo voltar pela
segunda vez não achará fé na Terra.
Amigos! O que nós temos aqui é uma profecia dos momentos
finais da Igreja. Sim! Uma profecia sobre uma Igreja dividida: a Igreja Juiz,
que não teme mais a Deus e não ama os desvalidos, e a Igreja Viúva que perdeu o
Esposo e está abandonada à sua sorte, por isso vive oprimida pelo adversário.
A Igreja viúva se compõe de crentes sinceros de coração
que buscam a Deus na Igreja juiz, porém, inutilmente. Esta última desviou-se de
Deus e já não se importa mais com os pecadores escravizados pelo diabo. A
Igreja juiz está estabelecida no mundo, ela é a executora da lei e não sua
cumpridora, portanto, se fez surda ao Espírito Santo e aos sofredores; já não
sente as dores dos pobres, nela não há empatia, pois seu amor se esfriou.
Contudo, uma viúva clama diuturnamente e, na sua sede de justiça, importuna os
ouvidos dos injustos, pois a retidão dos justos molesta os que não temem a
Deus, mas a orientação divina é de orar sempre sem desfalecer, de clamar sem
cessar, porque bem-aventurados são os que têm fome e sede de justiça, pois eles
serão fartos. “Porque está escrito:
Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de
parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido” (Gálatas
4:27).
Disse o Senhor: “Se estes se calarem, as próprias pedras
clamarão” (Lucas 19:40).
Tocai a trombeta em Sião,
santificai um jejum, convocai uma assembléia solene. Congregai o povo,
santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que
mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento. Chorem os
sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a
teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os
gentios o dominem; por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus? Então o
Senhor se mostrou zeloso da sua terra, e compadeceu-se do seu povo. (Joel
2:15-18).
“Tocar a trombeta em Sião” significa convocar o povo que
pertence a Deus para reunir-se solenemente, isto é, ajuntar-se com devido temor
ao Senhor;“apregoar um jejum” tem a conotação de abster-se do mundanismo que
foi introduzido ao longo dos séculos no seio das Igrejas; “saia a noiva do seu
aposento e o noivo da sua recâmara”, se traduz em instar para que a verdadeira
Igreja, a noiva do Cordeiro retire-se do conforto de Babilônia e venha para
fora de seu arraial corrompido, porque o Noivo (Cristo) já está a caminho;
“chorem os sacerdotes entre o alpendre e o altar” diz respeito ao modo pelo
qual o povo de Deus retornará a Ele... Sim! Este é o modelo que fará com que o
Senhor se compadeça dos seus escolhidos; um coração contrito não será
desprezado. Os que confundem predestinação com apatia espiritual ficarão de
fora, não porque são cães, mas porque são tímidos, medrosos, covardes e
preguiçosos (Prov. 6:9-11, Apoc. 21:7,8) e não tomam posição por nada, ficam em
cima do muro e não na brecha dele (Ezequiel 22:30).
Desde sempre o inimigo das nossas almas tem-se infiltrado
no meio cristão com suas variadas idéias e doutrinas, contudo os crentes se
fazem de desentendidos. “Um pouco de fermento leveda toda a massa”, já dizia o
Mestre, mas o difícil é por na cabeça de alguns crentes esta verdade.
Lembremo-nos da mulher de Ló que voltou atrás porque, embora tenha seguido seu
marido, ainda amava seu perverso lar; consideremos a atitude e as palavras do
servo mau e negligente que enterrou sua fé porque achou o método do seu Senhor
severo demais e não funcional.
Conheço pessoas que se chamam pelo nome de Cristo e que
abraçaram as mais variadas e absurdas ideologias mundanas. Marxistas,
segregacionistas, evolucionistas, universalistas, ecumenistas, e outros “istas”
misturados com a fé cristã por aqueles que querem uma nova “cara” para o
Evangelho de Jesus, pois o “caminho apertado e a porta estreita” são antiquados
na visão que eles têm de Igreja.
Em nossos dias as lutas sociais foram embutidas no seio
eclesiástico. Líderes evangélicos que deveriam ocupar-se da Palavra de Deus e
da salubridade espiritual do rebanho do Senhor labutam, atualmente, por justiça
social. Eles se embaraçam nas disputas entre classes, nos conflitos raciais,
nas passeatas e manifestações políticas usando demagogicamente o Reino do Céu
em interesses próprios. “Ai deles! Tomaram o caminho de Balaão, pois ensinaram
os filhos de Deus a se prostituírem e a comerem dos sacrifícios aos
ídolos”...
No meio dessa “panela fervente” encontra-se uma igrejinha
que está viúva. Os “usurpadores” mataram o seu marido, assassinaram o herdeiro
e tomaram posse da vinha. E como o mataram??? Eles apresentaram a esse
“povozinho” um Cristo morto, inerte, sem vida, incapaz de cuidar de quem quer
que seja. Por isso eles conduzem os pobres de espírito por “atalhos” que os
levam de volta ao Egito, de volta à escravidão sob a mão de Faraó. A alma desse
pequeno rebanho clama e chora porque está de luto pelo seu Pastor, elas são as
ovelhas destinadas à matança e as que estão feridas e caídas nos montes;
entretanto, no fim dos dias, o próprio Senhor Jesus Cristo às buscará, Ele enviará
os Seus santos anjos (mensageiros) e ajuntará os Seus escolhidos nos quatro
cantos da Terra, e porá sobre os que se enlutaram por Ele uma coroa de glória
no lugar de cinzas.
Sentados à mesa de Deus, comendo do Maná do Céu,
participando do Cálice do Senhor, e mesmo assim ainda há crentes que se
perguntam: “que é isto”? Eles não têm a mínima ideia do que é comer da Palavra
e viver pela fé nela, porém o Espírito Santo ainda nos instiga: “Dai-lhes de
comer”; “toquem a trombeta em Sião”; e não se calem...
“Não temas ó pequeno rebanho, pois o Senhor se agradou em
dar-vos o Reino”. Lança o teu Pão! Reparte-o com um, com dois, com três, com
sete e ainda com oito porque não sabes o mal que virá sobre a Terra, não sabes
o que sucederá amanhã (Eclesiastes 11:1,2).
É por isso precisamos falar com os que não querem ouvir e
instar aos ouvidos dos conformados com o mundo, devemos perturbar os moradores
da terra para despertar os dormentes e os embriagados do vinho das falsas
doutrinas.
Mas o que tenho eu? Cinco pães e dois peixinhos? Mas “o
que é isto” para tantos?...
L. M. S.
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