PODE O SAL SE TORNAR INSÍPIDO?
Levítico
2:13. E todas as tuas ofertas dos teus alimentos
temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da
aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.
Aqui em Levítico 2:13 está a ordenança de que em toda
"qorban" ou “corbã”, dom oferecido, dedicado a Deus [Mc. 7:11]
- raiz de "qarab": de aproximação, de chegar perto – de alimentos
("minchah" - tributo, sacrifício, manjar) deve ser apresentado no
altar do Senhor com sal. Isto quer dizer que qualquer dom quando dedicado ao
Senhor, sejam dons naturais da carne como uma voz bem afinada para cantar e
outras habilidades musicais por exemplo, quando dedicadas para o louvor a Deus,
devem ser apresentadas acrescidas do "sal da Aliança do nosso Deus",
ou seja, do “sal da terra"; isto é, o sal não corrompe, mas evita a
corrupção, em vista que desde a antiguidade até agora, o sal é usado na carne
para conservá-la livre da degradação, do apodrecimento. O sal tem também propriedades
antissépticas e ação cicatrizante em feridas; isto nos leva a pensar que toda nossa
vida deve ser “temperada com sal” para ser “dedicada” e apresentada como um
tributo ao Senhor Deus; e não podemos igualar-nos com o pecado; pois o pecado é
semelhante à lepra, ou seja, quem está no pecado é como se estivesse leproso e
coberto de chagas purulentas [vejam o que Isaías 1:4-6 diz do pecado]; e nós –
como o sal da Terra – devemos servir na “antissepsia” das feridas do pecado, e
nas chagas presentes na carne dos perdidos; e como o sal impede o apodrecimento
das carnes, assim deve a nossa “qorban” ser dedicada a Deus, porque o “sal da
aliança do Senhor”, que é símbolo da vida santa de Jesus; estará “salgando as
ofertas da nossa carne”; por isso, as corbãs – as ofertas de dedicação e de
aproximação – de minchás – de alimentos, de tributo a Deus nos lembram que João
[Ap. 10:9-11] tomou o livrinho da mão do anjo e comeu, e que lhe foi doce na
boca, mas amargo no ventre. Mas que depois de comê-lo, João recebe a ordem de
profetizar a muitos povos, e nações, e línguas e reis. Pois é! “... Se não comerdes a carne do Filho do homem, e
não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos”. [João 6:53].
O SAL INSÍPIDO.
Mateus
5:13. Vós
sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para
nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Muitos dizem que essa afirmação de Cristo é improvável, pois o
sal sempre terá sabor de sal; mas eu não quero aqui entrar no mérito, como
muitos fazem, de tentar explicar a que espécie de sal Jesus se referiu no texto,
se era do sal bruto mineral (em pedras), porque isto é inútil; porém, na frase
anterior, Cristo nos dá uma prova de que não está falando de tipos de sais, mas
de que “nós somos o sal da Terra”, e que a verdade do seu ensino é que se nós
nos tornarmos “insípidos”, ou seja, irrelevantes nesta Terra, não serviremos
mais para os propósitos de Deus, isto é, toda a carne debaixo do pecado está em
franca decomposição e muitos num estado avançado de sepse (infecção
generalizada) já a beira da morte; contudo, Deus nos salvou das garras de
Satanás, nos purificou no sangue de Jesus, nos lavou com a água limpa da Sua Palavra,
e nos está santificando dia a dia com Seu Espírito Santo, e por isso Ele nos enviou
ao mundo para fazermos a diferença, para sermos luz entre as trevas – é o Reino
do Céu contra as potestades das trevas, não há conciliação [Gn. 1:4]. Agora, se
nós, que por meio Cristo, estamos recuperando a imagem e a semelhança de Deus,
em nosso espírito, alma e corpo, tornarmos a antiga forma – a dos perdidos – e se
cobiçarmos o que eles cobiçam, e agirmos segundo conselho dos ímpios, nos
determos nos caminhos dos pecadores, e nos assentarmos na roda dos
escarnecedores, então nós perderemos o sabor; porque se na igreja os cânticos
são tão mundanos como os dos mundanos, se nossa aparência assemelha-se aos dos
ímpios, e se nossa ética e moralidade forem as mesmas dos incrédulos, então “o
sal tornou-se insípido” e não mais evitará a corrupção de toda carne no mundo;
então o "sal da Terra" será lançado fora, pois para nada mais presta,
senão para ser pisado pelos homens. Lembro-me de que o mendigo Lázaro quando
desejava comer das migalhas que caíam da mesa do rico, os cães vinham
lamber-lhe as feridas; será que na Parábola, Cristo acrescentou esta observação
por acaso? Ou será ainda não enxergamos uma verdade da qual devemos nos
aprofundar mais nela; heim?!
Marcos
9:47-50. (47).
E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no
reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do
inferno, (48). Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. (49).
Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. (50).
Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal
em vós mesmos, e paz uns com os outros.
Sim, o Sal tem conotação de um Evangelho incólume, limpo e
puro, sem tropeços e sem escândalos, tanto para aqueles que nos ouvem como para
os que nos veem; o sal da Terra deve trazer a incorrupção da carne e a
antissepsia para as chagas podres dos pecadores e causar sua consequente
cicatrização; o sal da Terra deve possuir em si mesmo o sabor da vida de
Cristo, com Cristo e por Cristo, e isto em oferta de louvor, em gratidão, em
alegria, em santidade e justiça, e sendo nEle preservados da podridão do pecado,
sermos agradecidos.
Lucas
14:33-35. (33).
Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode
ser meu discípulo. (34). Bom é o sal; mas, se o sal degenerar,
com que se há de salgar? (35). Nem presta para a terra, nem para o
monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
O sal tem que ser bom, não degenerado, e ainda acrescentar
o sabor à vida, tanto à nossa, como daqueles com quem nos relacionarmos;
porém, para sermos esse sal, nós devemos renunciar a tudo deste mundo e sermos
discípulos de Cristo; pois é com Ele que podemos aprender como ser sal
nesta Terra, e nunca sermos lançados fora do Seu Reino. Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça!
UM EXEMPLO DE SAL DA TERRA.
William Carey chamado: "O pai das missões modernas";
nasceu em uma família pobre, em 1.761, na Inglaterra. Filho de um tecelão;
William desejava trabalhar como jardineiro, mas como não podia mexer com
flores, pois tinha problemas alérgicos, aos 16 anos começou a trabalhar como
sapateiro permanecendo nessa profissão até os 28 anos de idade. Aos 18 anos,
logo após sua conversão, desenvolveu o hábito de estudar a Bíblia. E em 1.781,
já com dezenove anos, William Carey se casou; e sua esposa, Dorothy tinha um
temperamento difícil. Ele acumulou as funções de pastor, professor e sapateiro
na aldeia que vivia, mas teve problemas financeiros; contudo, movido por Deus a
um sentimento de enviar missionários pelo mundo, Carey encontrou seu primeiro
obstáculo na igreja que pertencia, o que o levou a escrever um tratado
intitulado “Uma investigação sobre o dever dos cristãos de empregarem meios
para a conversão dos pagãos”, em 1.792. Mas foi num sermão sobre Isaías 54:2,3 [(2). Amplia o lugar
da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças;
alonga as tuas cordas, e fixa bem as tuas estacas. (3). Porque transbordarás
para a direita e para a esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e
fará que sejam habitadas as cidades assoladas], dirigido a um grupo
de pastores batistas ingleses, no dia 31 de maio de 1.792, Carey reforçou os
apelos constantes da sua “Investigação” e pronunciou a frase que se tornou
célebre como a filosofia de trabalho missionário: “Espere grandes coisas
de Deus; tente grandes coisas para Deus”. Os argumentos de Carey
resultaram na formação da Sociedade Missionária Batista, organizada em setembro
de 1.792. E em junho de 1.793, ele e sua família partiram para a Índia e
chegaram lá no dia 11 de novembro de 1793, marcando o início da grande era das
missões além mar. Já em terras hindus, sofreu oposição da "Companhia das
Índias Orientais", pois a política do Império Inglês era contra a
evangelização dos nativos, mas Carey mesmo com dificuldades "driblou as
dificuldades”, e se dedicou a aprender a língua bengali e pôs-se a traduzir o
Novo Testamento para essa língua, cuja empreitada foi um fracasso, porém não
desanimou, ele refez a tradução até que pudesse ser compreendida pelo povo
bengalês. Ainda com muitos problemas familiares como a morte de seu filho de
apenas 5 anos, os problemas mentais da sua esposa e a morte dela, o incêndio na
gráfica onde preparou vários documentos e muitas traduções, o que lhe deu
grande prejuízo, ele continuou perseverante. Mas como Deus é muito
misericordioso, Ele enviou-lhe ajuda; dois missionários, William Ward e Joshua
Marshman se juntaram a Carey em 1.799. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126
escolas com 10.000 alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram
gramáticas e dicionários, organizaram a primeira missão médica na Índia,
fundaram seminários, escolas para meninas, e o jornal na língua Bengali. Ele
foi um dos responsáveis pela erradicação do costume "sati", um ritual
hindu no qual a esposa viúva era queimada viva juntamente na pira funerária com
o defunto do seu marido. William foi responsável pela fundação da
"Sociedade de Agricultura e Horticultura" na Índia em 1.820; a
primeira imprensa e a primeira fábrica de papel, e também introduziu o motor a
vapor na Índia; ele traduziu da Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telugu e
nos idiomas dos Siques, pois tinha um dom natural para aprender línguas. Em 1.800,
William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao Evangelho.
Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos
habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o Evangelho
no Afeganistão, descobriram que a única versão que esse povo entendia era a em
língua Pachto, tradução feita em Serampore (na Índia) por Carey. Durante mais
de trinta anos, William Carey foi professor de línguas orientais no Colégio de
Fort Williams. Fundou também o “Serampore College” para ensinar evangelistas e,
sob a sua direção, o colégio prosperou na evangelização do país. Os seus
esforços, inspiraram a fundação de outras missões, dentre elas: a Associação
Missionária de Londres, em 1.795; a Associação Missionária da Holanda, em 1.797;
a Associação Missionária Americana, em 1.810; e a União Missionária Batista Estadunidense,
em 1.814.
"Não tenho medo do fracasso; Tenho
medo de ter sucesso em coisas que não importam". William Carey.
Obs:- Um sapateiro convertido perguntou a Lutero o que poderia
fazer para servir melhor a Deus e ser um bom cristão; e Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e o venda por um preço justo”. O sapateiro William Carey fez o melhor sapato
e o vendeu por um preço justo.
Ev. Levi.
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