O QUE É ADORAÇÃO?
Gênesis 22:1-5. (1). E aconteceu depois destas coisas, que provou
Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. (2). E disse:
Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à
terra de Moriá, E OFERECE-O ALI EM HOLOCAUSTO sobre uma das montanhas, que eu
te direi. (3). Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o
seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou
lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. (4).
Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. (5). E
disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos
até ali; E HAVENDO ADORADO, tornaremos a vós.
Romanos 12:1,2 [NVI].
(1). Portanto,
irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. (2). Não
se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da
sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.
As igrejas têm se esquecido do sentido bíblico de adoração, porque a
maioria de nós pensa que adorar é cantar louvores; mas quão fraca é essa
interpretação! Alguns dos membros envolvidos com a musicalidade dos cultos, por
não conhecerem o que a Bíblia ensina sobre a adoração, afirmam que “louvor de
adoração” é aquela melodia mais lenta, mais “espiritual”.
Vejamos o que temos nos versos primeiros de Gênesis 22:
1. Deus mandou e Abraão obedeceu - esta é a forma de ser de um
adorador sincero; pois está escrito: “Tem porventura o Senhor tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à Palavra do Senhor?...” [1
Sm. 15:22].
2. Deus não pediu algo impossível, porém o bem mais precioso que
Abraão possuía - Cristo exclamou: “Assim, pois, quem não renuncia a tudo quanto
tem, não pode ser meu discípulo” [Lc. 14:33].
3. Adoração envolve fé - Deus havia pedido a Isaque em sacrifício,
contudo Abraão diz aos servos que os dois voltariam vivos.
Vejamos o que está escrito em Hebreus:
Hebreus 11:17,18. (17). Pela fé ofereceu Abraão a Isaque,
quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu
unigênito. (18). Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou
que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar.
Então, nós podemos vislumbrar que adoração segundo a Bíblia é:
1. Prontidão: o adorador está sempre disponível para o chamado
de seu Senhor.
2. Obediência: adorador não questiona a ordem.
3. Presteza: adorador tem pressa em cumprir as ordens
recebidas [Abraão levanta de madrugada, antes de o sol nascer, e prepara tudo
para cumprir o mandamento de Deus].
4. Desapego: o adorador reconhece que tudo o que tem pertence
ao seu Senhor, portanto todos seus bens devem servir para adorá-lo.
Adorar biblicamente significa a prontidão para o chamado, a obediência
irrestrita, a presteza no serviço e o desapego dos bens deste
mundo. Quem não obedece à Palavra de Deus, mas vive para os seus próprios
deleites, considerando seu serviço igual ao dos artistas seculares [busca da fama,
do dinheiro, de viagens caras, de hotéis de luxo, do reconhecimento público em
shows e turnês, e cobrando cachês], não tem em seu coração o compromisso de
exaltar a Deus, porque adoradores em espírito e em verdade não se conformam com
o padrão do mundo; mas sim com coisas humildes [Rm. 12:16. “Sejam unânimes entre vós; não ambicioneis as coisas
altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos”].
Adoração não se limita a cantar louvores nos cultos, mas concerne
também a uma vida sacrificial, ou seja, todo crente sincero deve ser uma oferta
viva ao Senhor, um culto de sacrifício espiritual contínuo a Deus; pois assim
era a adoração ordenada por Deus ao seu povo na antiguidade, com as ofertas
contínuas trazidas para o altar do holocausto no átrio do Tabernáculo, com o
incenso queimado diariamente sobre o altar no lugar santo, com os dízimos entregues
à tribo de Levi, com o comparecimento nas festas determinadas à nação
israelita, e na observância dos alimentos limpos e imundos, e nas vestimentas,
e no modo de cortar os cabelos e a barba, e na semeadura da terra, etc.
O culto mosaico tratava de como Deus deveria ser adorado pelo seu
povo; eles não imitariam os costumes das nações com que teriam ou tiveram
contato, pois que os habitantes de Canaã eram tão idólatras quanto os egípcios.
O povo do Senhor seria obediente, prestativo, disposto e separado dos demais
povos. A adoração tinha por fim um culto de ação de graças, pois todas
as ofertas traziam em si uma resposta consciente de gratidão e de
reconhecimento de onde e de quem vinham as suas bênçãos, isto é, do Deus vivo;
por isso que havia prescrições específicas na Lei, e todas elas visavam a
obediência de Israel.
Em nossos dias sabemos que aquelas ordenanças da Lei eram as sombras
dos bens que hoje desfrutamos na Nova Aliança [Cl. 2:17; Hb. 10:1]. E sendo a
Lei espiritual [Rm. 7:14] e sendo nosso corpo o Templo do Espírito Santo [1
Cor. 6:19]; precisamos ter discernimento espiritual para compreender a vontade
de Deus. Então o que importa saber é que todos os que o invocam em verdade em
justiça o Nome do Senhor Jesus Cristo, são seus verdadeiros adoradores; estes
adoradores são aqueles que apresentaram seus corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável em culto racional [Rm. 12:1], isto é, com entendimento e não na
ignorância de uma mente corrompida pelas paixões carnais, como daqueles que
vivem sem Deus [1 Pe. 1:14]; pois o Senhor quer adoradores diferenciados e
inconformados com os costumes pagãos; Ele quer também que estejamos em
constante processo de transformação e santificação pela Palavra por seu
Espírito, para renovar nossa mente, e só assim poderemos experimentar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus [Rm. 12:1,2].
A MINHA CASA SERÁ CHAMADA CASA DE ORAÇÃO.
Isaías 56:6-8. (6). E aos filhos dos estrangeiros,
que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e
para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado {Mt. 11:28-30; Hb. 4:1-11},
não o profanando, e os que abraçarem a minha aliança, (7). Também os levarei ao
meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e
os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será
chamada casa de oração para todos os povos. (8). Assim diz o Senhor DEUS, que
congrega os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe
ajuntaram.
A função principal da igreja é a adoração, pois a Casa do Senhor é
chamada de Casa de Oração [Mt. 21:13]; e somente depois de edificada a
Casa de Oração, isto é, depois que discípulos de Cristo são feitos [Mt.
28:19,20], e que como pedras vivas são assentados sobre o fundamento da igreja,
que é Cristo [1 Pe. 2:4,5]; é que vem a segunda prioridade, que é a
propagação do Evangelho de Cristo pelo mundo [Mc. 16:15,16]. Uma igreja
edificada sobre Cristo, sadia na fé, unida em amor, santificada pelo Espírito
Santo, e madura na Palavra de Deus estará apta a enviar missionários a outros
países.
Vejamos o exemplo da igreja de Antioquia:
Atos 11:19-30. ¹⁹ E os que foram dispersos pela perseguição que
sucedeu por causa de Estevão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não
anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. ²⁰ E havia entre eles
alguns homens chíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos
gregos, anunciando o Senhor Jesus. ²¹ E a mão do Senhor era com eles; e grande
número creu e se converteu ao Senhor. ²² E chegou a fama destas coisas aos
ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. ²³ O
qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que
permanecessem no Senhor, com propósito de coração; ²⁴ Porque era homem de bem e
cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor. ²⁵ E partiu
Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. ²⁶
E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente;
e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. ²⁷ E
naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. ²⁸ E,
levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que
haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio
César. ²⁹ E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse,
socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. ³⁰ O que eles com efeito fizeram,
enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.
Atos 13:1-3. (1). E na igreja que estava em Antioquia havia
alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio,
cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. (2). E,
servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (3). Então, jejuando e
orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
Nestes capítulos vemos a edificação de uma verdadeira Casa de Oração;
a igreja de Antioquia que recebeu o Evangelho de Cristo, e que depois foi
doutrinada na Palavra de Deus por meio de Paulo e Barnabé, seus membros
receberam a alcunha de cristãos; e já sadios na fé, os membros da Igreja
condoeram-se dos sofrimentos dos santos da Judéia e lhes mandaram ajuda; outro
detalhe é que a Igreja de Cristo em Antioquia se manteve numa vida de oração e
jejum; e por fim, ela enviou Paulo e Barnabé em missão a outros países.
Uma história semelhante aconteceu na Moravia, com os seguidores de
John Huss; os quais sofrendo grande perseguição por causa da sua fé em Jesus
Cristo; encontraram refúgio na propriedade de um Conde alemão de chamado
Zinzendorf, que os acolheu e proporcionou que muitos outros fugitivos cristãos
de várias denominações se abrigassem em suas terras. Lá os cristãos morávios fundaram
uma comunidade chamada Herrnhut (guardado pelo Senhor). O conde Zinzendorf era
um homem de Deus e dedicação à oração. Os refugiados cristãos por virem de
várias denominações com divergências doutrinárias tiveram alguns embates
teológicos; pois alguns batizavam suas crianças e outros não; alguns batizavam
por aspersão e outros por imersão; alguns criam e celebravam a ceia do Senhor
de um jeito, e outro criam e celebravam de outro modo; alguns criam nos dons
espirituais, já outros não... As diversas e conflitantes doutrinas pareciam
sobrepor à fé em um único Senhor, mas o conde Zinzendorf, sendo um homem sábio
e, repito, de oração; convocou a todos numa reunião da Ceia do Senhor, e nela
pregou uma mensagem que impactou a todos e provocou arrependimento nos
ouvintes, que os levou ao propósito de estabelecer um pacto cristão, e desse
pacto, orações contínuas tiveram apreço especial nos corações deles; e sob o
tema: "O fogo arderá continuamente
sobre o altar; não se apagará" [Levítico 6:13], deu-se início às
orações ininterruptas, 24h por dia, sete dias por semana, 30 dias por mês, 365
dias por ano; e que se estendeu por 1 século; os crentes se revezaram em
duplas, sendo que cada dupla orava duas horas por dia; esta vigília foi chamada
de: "A vigília dos cem anos". Nesse tempo os morávios enviaram
missionários por quase todo o mundo; e por causa disso o século 18 foi
privilegiado por um dos maiores avivamentos da história da igreja.
"Que o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa por seu
sofrimento" (frase dita pelos primeiros missionários morávios, quando
embarcaram num navio em direção às Índias Ocidentais, para servirem como
escravos perpétuos de um lorde ateu, porque foi a única maneira de entrarem nas
possessões desse lorde, para pregarem o Evangelho de Cristo aos nativos). Isto
que é verdadeiramente adoração!
Louvor e adoração não são a mesma coisa? Nem sempre; pois se o louvor
é apenas o que sai de minha boca, mas não procede do meu coração, então não é
adoração. E como vimos antes, adoração não se resume em cantar louvores; pois o
que se traduz por adoração não são apenas as palavras, mas o compromisso da
obediência de uma vida consagrada a Deus. E quando alguém perguntou a Jesus
sobre qual seria o maior mandamento; Cristo respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento. 38. Este é o primeiro e grande
mandamento" [Mt. 22:36-38]. O amor a Deus nos leva a adorá-lo
em espírito e em verdade.
1 Coríntios
10:31,32. (31).
Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei
tudo para glória de Deus. (32). Portai-vos de modo que não deis escândalo
nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.
Se houver em nós esse espírito de fazer tudo para glorificar a Deus,
nossa vida sempre estará pronta para ser derramada como uma libação sobre o
sacrifício de Cristo [2 Tm. 4:6], e ser apresentada como uma oferta
queimada de cheiro suave ao Senhor [2 Cor. 2:15,16].
A BASE DA ADORAÇÃO.
Adoração tem como fundamento o temor do Senhor.
Eclesiastes
5:1-7. (1). Guarda o
teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor
do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. (2). Não te
precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra
alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra;
assim sejam poucas as tuas palavras. (3). Porque, da muita ocupação vêm os
sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras. (4). Quando a Deus fizeres
algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que
votares, paga-o. (5). Melhor é que não votes do que votares e não cumprires.
(6). Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante do
anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria
a obra das tuas mãos? (7). Porque, como na multidão dos sonhos há vaidades,
assim também nas muitas palavras; mas tu temes a Deus.
A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO NA VOLTA DO CATIVEIRO BABILÔNICO.
O povo judeu que retornou de Babilônia sob o decreto de Ciro, rei da
Pérsia, veio com a incumbência de reconstruir o Templo em Jerusalém e
restabelecer o culto mosaico; e antes de lançarem os fundamentos da Casa de
Deus, o sumo sacerdote Josué e os demais sacerdotes, juntos com o governador
Zorobabel levantaram o altar do holocausto, para ofertarem ao Senhor, tudo
conforme está escrito na Lei de Moisés, e ofereceram sobre ele os sacrifícios
contínuos e celebrarem as festividades religiosas (Esdras 3:1-6). Contudo,
devido à oposição impetrada pelos samaritanos à reconstrução do Templo, o povo
judeu desistiu; o tempo passou e cada um foi tratar dos seus negócios, e assim
eles ficaram satisfeitos apenas com o culto no altar, mas essa não era a
vontade de Deus. Então o Senhor providenciou dois profetas, Ageu e Zacarias, os
quais exortaram os judeus ao arrependimento e os animaram a retornar ao
trabalho na Casa de Deus. Não podemos adorar a Deus de qualquer jeito Ele é
quem estabeleceu o modo de adorá-lo; um altar sem o Templo está fora do plano
arquitetônico do Senhor; o altar é o centro da adoração, mas o Templo é o local
da adoração, o lugar do culto onde o Senhor da Casa se manifestará e receberá
os sacrifícios oferecidos sobre o altar.
“Não sabeis vós
que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” [1 Cor.
3:16]. “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” [1 Cor.
6:19].
Deus advertiu os israelitas que, por não edificarem o Templo do
Senhor, as ofertas deles não passavam de coisas imundas [Ageu 2:14]; Ele
não as recebia. Temos que nos conformar com o que Deus estabeleceu para a Sua
glória. Os ídolos são adorados ao "gosto do freguês", mas o Deus
verdadeiro não; é por isso que Ele procura verdadeiros adoradores que o adorem
em espírito e em verdade [João 4:23].
Ev. Levi.
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