Há um vento de doutrina que tem se espalhado com um vírus no meio cristão de hoje, o qual consiste em declarações mais ou menos
assim: “Quem somos nós para julgar? Nós somos pó e cinza; quem somos nós para
julgar a quem Deus levantou? Não julgueis para que não sejais julgados”.
É
certo que Deus é quem levanta e também quem abate; homens são levantados e
homens são abatidos, tudo está sob o controle de Deus. Foi Deus quem levantou
reinos e reis na história do mundo e Ele mesmo os destruiu, pois ninguém pode
escapar das Suas mãos; porém não é porque Deus levantou certos homens, que
estes sejam intocáveis. Vejamos por exemplo os perversos líderes da história que só chegaram ao poder por permissão
divina assim como os grandes impérios (assírio, babilônico, persa, grego, romano) que só
existiram e se engrandeceram na Terra por anuência de Deus, mas que no seu devido
tempo Ele os derrubou; então isentar-se de um juízo crítico a esses tronos e
seus personagens é o mesmo que concordar com tudo o que eles fizeram, pois como disse Edmund Burke, "Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada".
Em
Ezequiel 14 o Senhor diz que se homens vierem a consultá-lo, e se esses homens
levantaram seus ídolos em seus corações, e puseram o tropeço da sua maldade
diante de seus olhos, Deus lhes responderá conforme a multidão dos seus ídolos,
para eles sejam apanhados em seus corações idólatras. O que o Senhor está
dizendo é que quem se chegar a Ele, mas não quiser receber a verdade para ser
liberto da mentira, o Senhor o entregará ao desejo maligno do seu próprio
coração para que creia na mentira (2 Tess. 2:10,11), já que ele a ama... Assim
acontece com muitos que não querem acolher o “amor da verdade”, mas preferem
amar a mentira.
Estes
compõem o grande número dos bodes que se abrigaram no seio das igrejas; eles às
frequentam e são batizados, cantam louvores nos cultos e ouvem pregações, dão
ofertas e trabalham na obra, mas não nasceram da água e do Espírito, pois seus
corações ainda são os altares dos seus ídolos pessoais.
A
Bíblia diz que o juízo deve começar pela Casa de Deus. E por que ela diz isso?
Porque se no lugar onde deve reinar a justiça, imperar o erro, que saída haverá
para os perdidos que em trevas clamam por luz? Sim, pois se não houver
profecia, o povo perecerá (Provérbios 29:18), isto é, se os que se dizem justos
não ouvem e nem obedecem a voz divina; como o ímpio a ouvirá? A candeia deve
estar no velador para que todos da casa vejam a luz e não andem mais em trevas
(Mateus 5:15).
Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça (João 7:24).
“Julgar
segundo a reta justiça” significa julgar segundo os parâmetros de Deus os quais
encontramos na Sua Palavra, fazer isto é agradável ao Senhor, pois manterá o
rebanho saudável e livre das heresias, por isso Cristo adverte-nos a tirar a trave dos nossos olhos antes de tirar o cisco dos olhos de outros, pois se estamos cegos,
isto é, se os nossos olhos não foram abertos pelas Escrituras, qualquer julgamento que fizermos será maligno, pois passa a ser acusação e Jesus nos proibiu fazermos
juízos sem base, isto é, fora da Sua Palavra. Se um cego guiar outro cego, ambos
cairão na cova; certamente é o que diariamente se vê nas igrejas com pastores não
convertidos levando rebanhos inteiros para o abismo.
Julgar
é o dever de todo crente, pois o diabo, o nosso adversário, anda em derredor,
rugindo como leão, buscando a quem possa tragar. Que seria de nós se ao
ouvirmos certas doutrinas estranhas aos ensinos bíblicos não as julgássemos?
É
exatamente pela falta de julgamento que muitas seitas vieram a existir, e olhem
que muitas delas se fundamentaram em cima de doutrinas sutis, ou seja, de
trechos ardilosamente extraídos das Escrituras, mas totalmente fora do seu
contexto. Isto faz com que aqueles que não examinam todo o contexto bíblico
aceitem as heresias como se fossem verdades divinas.
Em
Êxodo capítulo 16 o povo murmurou contra Moisés e Arão porque não tinham pão
para comer, então o Senhor disse que pela manhã eles comeriam pão a fartar, mas
o povo deveria colher o maná diariamente e não guardá-lo para o outro dia,
assim Deus os provaria para ver se andavam na Sua Lei. Alguns não obedeceram e
deixaram parte do maná para a manhã seguinte; o pão do céu deu bichos e cheirou
mal. Esta passagem quer nos ensinar que quando lemos um trecho da Bíblia, isto
é, a porção do nosso pão do céu, nós deveremos comê-lo todo e não em parte, ou
seja, precisamos estudá-lo em seu escopo, minuciosamente, pois assim teremos
mais luz do trecho em questão; se basearmos as doutrinas da Igreja em apenas
uma fração de um texto escriturístico e deixar de lado os outros que o
completam, estaremos fazendo exatamente como os desobedientes israelitas que
comeram uma porção do maná e deixaram o resto para o dia seguinte; as heresias
são como os bichos do maná que o fazem cheirar mal. É assim que Deus nos prova
para ver se nós andamos na Sua Lei ou não.
“E
falem dois ou três profetas, e os outros JULGUEM” (1 Cor. 14:29). Se até as
profecias devem ser julgadas pelos crentes para saber se realmente são de Deus,
que dirá os maus comportamentos de quem está em evidência na cristandade. Pois
se alguém profetizar em Nome do Senhor ou fizer um prodígio e tal prodígio
suceder, e se esse alguém disser: “Vamos, sigamos outros deuses”; não devemos
segui-lo, mesmo que ele realize milagres em Nome de Deus, pois se sua doutrina
for contraria à de Cristo, o tal é um falso profeta e faz milagres em nome da
mentira. É por meio de falsos profetas que Deus prova os corações e vê se estes
temem a Sua Palavra (Deut. 13; Ez. 14).
À
Lei a ao Testemunho, se não falarem segundo esta Palavra é porque neles não há
Luz (Isaías 8:20).
Não
sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Como poderemos fazer isto se não nos
julgamos a nós mesmos? Temos o dever de julgar. Julgar não é condenar, julgar é
discernir entre o certo e o errado, entre o santo e o profano; fazemos isso o
tempo todo. É assim que se descobre onde está o engano. Portanto, nós julgamos,
mas não condenamos, porque cada um condena a si mesmo naquilo que faz e aprova.
Não podemos sentar à mesa do Senhor e depois à mesa do diabo, não podemos beber
do cálice do Senhor e também do cálice dos demônios...
Um
mecânico para achar um problema num carro, primeiro ele deve conhecer a sua
mecânica e depois as queixas do seu condutor, após isso,
com a “mão na massa” encontrará o defeito por eliminação. Exemplo: o motor não
“pega” na partida, verificar: bateria, motor de arranque, injeção/carburação,
bomba de combustível etc. Sem essa capacidade de julgar como interagem os itens
que fazem o motor “pegar”, o conserto não acontecerá. Da mesma forma faz o
crente quando se depara com o que não está de acordo com a fé cristã; de posse
de sua Bíblia e do conhecimento do alto, julgando entre o mandamento de Deus e
o mandamento de homens, por eliminação textual se descobrirá o defeito.
L.
M. S.
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