Ap. 17:5. E na sua testa estava escrito: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da Terra.
Para entendermos melhor a GRANDE BABILÔNIA, nós precisamos
recorrer aos Livros do Velho Testamento e saber como ela surgiu e por que.
Em Gênesis capítulo nove, Deus faz um pacto com Noé de não
mais destruir a Terra com dilúvio e deixa seu sinal no céu confirmando a
aliança. O Senhor também ordena que seus filhos sejam frutíferos, se
multipliquem e povoem toda a Terra espalhando-se por ela. Os anos se passam e a
bênção da fertilidade concedida a Sem, Cam e Jafet se cumpre e, ainda em vida,
o patriarca Noé vê os filhos dos seus filhos, e os netos dos seus netos
(Gênesis 9:1-19 e cap. 10).
O capítulo onze de Gênesis conta que todos os homens falavam a
mesma língua, então a comunicação entre eles era fácil, pois se entendiam
perfeitamente. A Escritura diz que esse grande povo partiu do oriente com o propósito
de colonizar toda a face da Terra, mas ao chegar numa planície de um vale, na terra
de Sinear* (ou Sinar), na Mesopotâmia**, eles pararam de caminhar para fixar residência; deste modo negligenciaram e desobedeceram a ordem de “ENCHER
A TERRA” (Gênesis 9:1). Penso que eles já estavam satisfeitos consigo mesmos,
isto é, julgavam já haver feito a vontade de Deus.
Sinear* (ou Sinar) – significa: “dois rios”; os rios Tigre e Eufrates.
Mesopotâmia** – significa: “entre rios”; meso: “no meio de”;
potamos: “rios”.
Obs.: Em 1 Reis 13 está a história
de um profeta de Judá que foi enviado a Betel a profetizar o juízo de Deus
contra a idolatria do rei Jeroboão; nesse episódio o homem de Deus foi
advertido pelo Senhor a não comer pão e nem beber água naquele lugar e, após
cumprir sua missão, que não voltasse pelo mesmo caminho, mas o jovem profeta
parou para descansar à sombra de um carvalho e assim foi alcançado por um “profeta
velho” de Israel, o qual o encontrou e o enganou fazendo com que o jovem fosse
com ele até sua casa e comesse e bebesse. A desobediência do jovem profeta de
Deus selou a sua sentença de morte, um leão o encontrou e matou. Bem! Qual é a relevância desta observação? Esta passagem que mencionei trata dos embaraços mundanos que podem nos desviar do serviço para o qual o Senhor nos encarregou. Os pós-diluvianos encontraram uma planície fértil e bela, se encantaram com as possibilidades promissoras da região, e desobedeceram a Deus. Jesus ao comissionar seus discípulos, disse que a ninguém saldassem pelo caminho (Lucas 10:4) porque assim não desviariam a atenção do propósito para o qual foram enviados.
Os pós-diluvianos já cansados da vida nômade fixaram residência e na “planície entre rios”, pois lhes pareceu um local
perfeito para a construção de uma cidade; porém o trabalho exigiria o empenho de
todos, e, aos seus olhos, nada seria mais justo que todos se unissem e não se espalhassem pelo mundo. Bem, como naquela planície havia barro em
abundância e fazer tijolos é muito mais fácil do que extrair pedras das rochas,
eles substituíram as pedras por tijolos, porém bem cozidos; e por argamassa, ao
invés de cal, usaram o betume.
Obs.: Aqui temos um símbolo do que se fez na construção de Babel: substituições. O apóstolo Pedro diz que nós cristãos
como “pedras vivas” somos edificados “casa espiritual” e sacerdócio santo para
oferecermos sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pedro
2:5). Viram?! Somos pedras vivas e não tijolos bem queimados, somos da Rocha
(Jesus Cristo) e não do barro (Adão – homens), somos como pedrinhas assentadas
no fundamento dos apóstolos e profetas que é Cristo Jesus (somos pedras assentadas sobre “Rocha” – nos lugares celestiais - Ef. 2:6), para
edificação de Sua morada em Espírito (Ef. 2:20-22). Não somos mais deste mundo, não nos
apoiamos em homens, mas esperamos e nos firmamos em Deus. Mas o povo de
Babel substituiu as “pedras vivas” por “tijolos bem queimados”, isto é,
Babilônia substituiu as “pedras brutas naturais” por “pedras falsas”, coisa
muito comum de se ver, pois homens simples talhados pelas mãos de Deus,
tais como as pedras brutas naturais que são extraídas das rochas, não têm
serventia para o povo de Babel, não para compor seu quadro de “edificadores”. A
Bíblia diz: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu
próprio entendimento”... “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme
ao Senhor e aparta-te do mal” (Prov. 3:5,7). Mas Babel se cerca de
“doutores e mestres” segundo as concupiscências dos homens (2 Tm. 4:3), porque, se me
lembro bem, já ouvi de muitos a seguinte frase, “As igrejas devem por ‘gente
estudada’ para ser pastor e não esses ignorantes que nem sabem falar”...
Outra substituição de Babel foi o uso do betume (mineral escuro
originado de matéria orgânica morta) para suplantar a falta da “cal”. Paulo diz
que nós somos o Corpo de Cristo e que Ele é a cabeça da Igreja, então ninguém pode
nos dominar ao seu bel prazer, pois quem faz isso não estará ligado à “Cabeça”,
mas quer tomar-lhe o lugar, porque é Cristo quem provê as juntas e os nervos para
ajustar e ligar os membros do Seu corpo e assim fazê-lo crescer no aumento dado
por Deus (Col. 2:18,19). Isto é, as juntas e os ligamentos do Corpo são os
ministros da Igreja, os quais são separados, preparados e ordenados pelo
Senhor, e a eles cabe a função de “ligar”, isto é, de auxiliar e de ajustar os
membros no Corpo de Cristo, para que a Igreja seja aumentada segundo a medida
determinada por Deus. Eles são a "argamassa" provida por Deus para unir as pedras
vivas na Casa do Senhor assim como a cal foi para antigas construções. E sobre o “ligar e desligar” de Mateus 16:19
e cap. 18:18; Jesus está concedendo aos que creem Nele poder para “ligar”
membros ao Seu Corpo e também de desligá-los Dele, porém essa faculdade não é
exercida segundo o entendimento particular de alguém, mas na unção do Espírito
Santo e no juízo da Escritura Sagrada, porque os que andam em Espírito não
cumprem as paixões da carne (1 Coríntios 5:5; 1 Timóteo 1:20; Gálatas 5:16).
Enquanto os homens construíam Babel pensavam nas
possibilidades que as suas mãos unidas podiam alcançar, ou seja, que juntos eles
controlariam seu próprio destino. Nessa loucura, 4 coisas intentaram para
si:
(1) “Edifiquemos nós uma
cidade; (2) e uma torre cujo cume toque nos céus, (3) e façamo-nos um nome, (4) para que
não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra” (Gênesis 11:4).
1ª.
Edifiquemos uma cidade – Os descendentes de Noé já desviados do plano divino fazem
a mesma coisa que Caim fez quando saiu da presença de Deus (Gên. 4:14,16,17);
2ª. E uma torre cujo cume toque os céus – “Um abismo chama outro” (Sl. 42:7) e os pós-diluvianos pecaram como Satanás (Isaías 14:13,14);
3ª. E façamo-nos um nome – Os filhos de Sem, Cam e Jafet se organizam, se estruturam e se ensoberbecem; por isso eles erram à maneira dos antediluvianos por também querer para si “um nome na Terra” (veja Gên. 6:4, os gigantes da Terra – varões de renome – homens de fama).
4ª. A altivez tomou conta de suas mentes tolas e passo a passo se distanciaram
da Palavra de Deus em rebeldia contra o Altíssimo. Os dizeres dos líderes do
povo: “Para que não sejamos espalhados sobre a face da Terra”; contraria a ordem divina de: “Enchei a Terra”.
Obs.: Os primeiros cristãos perseveravam
na doutrina dos apóstolos e no temor do Senhor, e o povo infiel dava graças a Deus
por causa deles porque eles levavam o bom cheiro de Cristo, isto é, eles davam bom
testemunho em qualquer lugar que estavam. Eles não roubavam, não mentiam, não
adulteravam, não difamavam, não blasfemavam, não se embriagavam, não davam
escândalos, não davam calote em ninguém, não eram avarentos, não se assentavam
nas rodas dos escarnecedores, não negligenciavam o próximo... E o Senhor
acrescentava mais e mais membros a Sua Igreja (Atos 2:47 e cap. 5:13,14). Eles eram perfeitos? Não, mas os apóstolos estavam lá para corrigir as divergências.
Ir
ritualisticamente a um determinado local para ser denominado de “cristão-praticante”, em detrimento de uma verdadeira
identidade cristã de adoração a Deus; é uma desobediência ao “Ide”
de Jesus do mesmo modo que o povo de Babel ignorou a ordem de Deus. O
descrédito dos infiéis à cristandade de hoje não é sem causa, porque muitos
cristãos falam de Deus, mas não vivem para Ele, e muitos citam versículos da
Bíblia, mas não praticam seus ensinos, e muitos cantam louvores ao Senhor, mas
apenas com seus lábios, e muitos falam da Bíblia, mas nem sabem o que estão
dizendo... O Senhor quer todas as coisas feitas em Nome dEle
venham do coração do crente, porque ele é a morada do Espírito de
Deus. Os primeiros cristãos iam no Templo para orar, mas “partiam o pão” em
casa (Atos 2:46, cap. 3:1 e 5:12).
Deus disse a Noé que não mais destruiria o mundo com as águas
do dilúvio, mas como os cidadãos de Babel ignoravam o Senhor, eles se
esqueceram da promessa. Jesus disse
não vos deixarei órfãos (João 14:18), E na oração sacerdotal em João cap. 17 Ele
clamou: E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão
no mundo, e Eu vou para ti. Pai Santo GUARDA EM TEU NOME AQUELES QUE ME DESTE,
para que sejam um, assim como Nós. Estando Eu com eles no mundo, GUARDAVA-OS EM
TEU NOME. Tenho guardado aqueles que Tu me deste... (João 17:11,12). Portanto, os servos de Jesus devem recorrer a Ele em todas as
suas necessidades e não aos homens, pois Cristo é o salvador
do Seu corpo (Efésios 5:23).
Quando Pedro precisou pagar o imposto das duas dracmas ele
recorreu a Cristo (Mateus 17:24-27) e não a um conhecido rico de Cafarnaum;
quando os apóstolos e discípulos foram proibidos de anunciar o Evangelho de
Cristo eles não clamaram às pessoas
influentes de Israel, mas a Deus (Atos 4:1-31); quando Herodes mandou prender o
apóstolo Pedro, os crentes não pediram a ajuda dos poderes seculares para que
ele fosse solto, mas a Escritura diz que a Igreja fazia contínua oração a Deus
por ele (Atos 12:1-5). É aí que vemos a diferença dos primeiros cristãos. Uma noiva virgem jamais pode
ajuntar-se com outro homem, senão, no tempo determinado, com seu marido, a quem foi prometida, mas alguns tem-se comportado como uma prostituta que deita-se com
qualquer que lhe dê a paga. Assim algumas denominações entregam seus
púlpitos aos políticos, e fazem das igrejas "palanques eleitorais"; e cobiçam as
câmaras legislativas e os benefícios seculares; enaltecem e amam
as riquezas e as elevadas posições sociais; honram os méritos do
conhecimento humano e a formação de doutores em escolas segundo o modelo dos
filhos dos homens. É assim que a prostituta se comporta, mas não a "Virgem de Sião", não a Igreja do
Cordeiro.
Seguindo adiante; na construção de sua torre, os filhos de
Babel se declaram salvadores de si mesmos, ou seja, não eles precisariam mais
de Deus para salvá-los do dilúvio, pois já tinham uma cidade, e teriam uma torre
que tocava os céus, e seriam conhecidos por um nome: “Babel", que significa: Porta de Deus. Mas o Deus Altíssimo olhou para o “estrado dos Seus
pés” e viu o que os homens faziam. Creio eu que esse “olhar de Deus” se deu do
mesmo modo como quando olhamos um formigueiro e vemos formiguinhas; pois é,
Deus olhou do Seu Alto e Sublime Trono e viu o que aqueles “homenzinhos” tolos estavam tramando.
Eia!
Desçamos e confundamos a sua linguagem para que eles não se entendam mais... E
assim cessaram de edificar... (Gênesis 11:7,8).
Cristianismo só é cristianismo se Cristo for glorificado na
vida e na morte dos cristãos. Atos 2 nos diz que somente nos domínios do
Espírito Santo a confusão de Babel é desfeita e que todos os que são Dele se
entendem perfeitamente, mas os incircuncisos de ouvidos e de coração não podem
sequer ouvi-Lo. Ali, escreveu Lucas, estavam homens de todas as partes do mundo
conhecido que foram espalhados pela Terra separados por suas línguas e distâncias
territoriais; judeus vindos de todas as nações que estão debaixo dos céus;
homens e mulheres, jovens e crianças que foram às festas de Jerusalém; uns por
tradição (ritual), outros por obrigação (lei) e alguns por devoção (fé e amor a
Deus); uns, circuncisos na carne, outros, circuncidados no coração. Por isso
nem todos compreenderam quando os discípulos falaram em outras línguas as grandezas de Deus; visto que
alguns dos ouvintes disseram: “Eles estão cheios de mosto” (note-se que a
expressão: “cheios de mosto”; diz jocosamente de quem está “muito bêbado”, e que embriagado dessa maneira não consegue falar coisa com coisa, mas
apenas balbucia sons ininteligíveis); porém, os que buscavam ao Deus de Israel
muito mais do que as festas de Israel, ouviram falar nas suas próprias línguas em
que eram nascidos, como meninos que, aos pés dos seus pais, ouvem atentamente
as histórias contadas por eles.
Babel é a cidade da torre da confusão e Babilônia é o que
sobrou dela e dos seus construtores. Os edificadores de Babel descendem dos que,
pela “arca”, foram salvos da ira divina; estes vieram das entranhas daqueles
que temeram e obedeceram quando o Senhor lhes fez aliança de salvação, mas que
com o tempo se esqueceram e se desviaram do Deus de seus pais...
Que Deus tenha piedade de seu povo.
Ev. Levi.
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