MANANCIAL

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"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

LEVANTA-TE, MATA E COME.

Os três verbos (ações) para um pescador de almas. (Atos cap. 10).

O evangelista (pescador de almas) tem, no labor do Evangelho, a incumbência da execução de três ações que determinarão seu futuro de obreiro aprovado: levantar-se, matar e comer. Parece meio estranho esta referência com o evangelismo, visto que a pregação do Evangelho em nossos dias afastou-se em muito da ordenança prescrita na Palavra de Deus, mas o que digo é bíblico, portanto, eficaz.

Antes de ser chamado à casa do Centurião Cornélio para pregar a Palavra de Deus, Pedro, com fome, esperando que o almoço lhe fosse preparado, pois já era a hora sexta, isto é, por volta do meio dia; teve um “arrebatamento dos sentidos”. No êxtase viu “o céu aberto” e dele descer como que um grande lençol “atado pelas quatro pontas” contendo toda sorte de animais da Terra: quadrúpedes, feras, répteis e aves. Logo a seguir, uma voz lhe é dirigida: Levante-te, Pedro, mata e come...


Os judeus sempre foram adeptos de uma religião ascética, mas não do ponto de vista positivo da palavra, mas de uma separação hipócrita e soberba que julgava os gentios imundos, e esqueciam-se de que Deus os havia separado dos demais povos, não para que eles vivessem na sua “panelinha religiosa”, mas para serem mediadores do Altíssimo a todas as nações da Terra, levando-as ao conhecimento e à adoração do único Deus (Gênesis 28:14 – “...em ti e na tua descendência serão benditas todas as nações da Terra”).

Devido ao ascetismo judaico, os israelitas não permaneciam nem debaixo do mesmo teto que os incircuncisos, e que dirá comer com eles (Atos 11:2,3), porém essa era uma interpretação errônea da Lei Mosaica (Levítico 18; Deut. 20:10-18). Contudo a Lei distinguia o que comer e o que não comer (Lev.11), pois Deus visava um povo saudável.

Pedro, sendo israelita, guardava o mandamento de não comer animais que, segundo a Lei eram impuros, mas também observava pela tradição judaica que não era “lícito” achegar-se a estrangeiros, porém Deus mostrou-lhe que ninguém é melhor do que ninguém (Atos 10:14,15,28).

“Levanta-te, Pedro, mata e come” (Atos 10:13).

1. LEVANTA-TE – Jesus ordenou ao paralítico de Cafarnaum: LEVANTA, TOMA O TEU LEITO, E VAI PARA TUA CASA (Marcos 2:11); e ao homem que jazia enfermo no tanque de Betesda disse: LEVANTA-TE, TOMA O TEU LEITO, E ANDA (João 5:8); e também exortou aos seus discípulos dizendo: Se alguém quiser vir após Mim, RENUNCIE-SE A SI MESMO, TOME SOBRE SI A SUA CRUZ, E SIGA-ME (Mateus 16:24, Marcos 8:34; Lucas 9:23). O que podemos entender da ordem de LEVANTAR-SE àqueles que foram libertos por Cristo e chamados ao Seu Evangelho é que as vontades da carne devem ser renunciadas e substituídas pela vontade do Pai. Os pregadores pecam por não obedecer esta ordenança de dizer não à carne e seus devaneios; pois todas as invencionices de mentes carnais produzem os mais variados ardis visando transformar as Igrejas em locais atrativos aos pecadores, contudo, na verdade, esses ardis nunca produzirão crentes verdadeiros, mas apenas ímpios chamados de cristãos.

Escrevendo estas linhas, lembro-me agora do profeta Jonas que chegando lá em Nínive não “inventou moda”, mas pregou apenas o que Deus lhe mandou: “E começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (Jonas 3:4). Viram? Jonas nem se preocupou com apresentações pessoais, ele sequer mostrou suas “credenciais de profeta”, se é que profeta precisa de credenciais. Sabe? “Eu sou o profeta Jonas, filho de Amitai, da nação de Israel”. Não! Ele não fez isso, mas apenas contentou-se em dizer o que Deus lhe mandou e a sua pregação foi eficaz, pois produziu frutos em toda a grande cidade, desde o menor até o maior, desde o servo até o rei; porque anunciando Jonas a Palavra do Senhor sem tirar-lhe um “jota” e nem acrescentar-lhe um “til” (Deut. 12:32; Mateus 5:18), os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e se humilharam perante o Senhor (Jonas 3:5).

2. MATA – A Bíblia nos é apresentada como uma ESPADA do Espírito (Efésios 6:17), aguda de dois fios (Apocalipse 1:16 e 2:12) e mais penetrante do qualquer outra de dois gumes (Hebreus 4:12). A utilidade de uma espada bem afiada é ferir e MATAR. Sim, ferir e matar a velha natureza para que a nova nasça. O evangelismo é débil porque a Espada da Palavra foi substituída por palavras suaves aos sentidos dos ouvintes e massagear-lhes o ego. Porém, a Palavra da Verdade deve cortar a carne, e provocar-lhe dor, e penetrá-la até atingir-lhe a alma. Jesus não suavizava suas pregações, aos hipócritas Ele os chamava de hipócritas, e aos ignorantes ensinava a verdade. Pedro, o discípulo que “fez a lição de casa”, cheio do Espírito Santo no dia de pentecostes, explicou que o quê estava acontecendo era o fim dos tempos predito pelo profeta Joel, e aproveitando o ensejo anunciou a Jesus Cristo como Senhor e também como o Salvador de todos os que invocassem o Seu Nome, e ainda acusou os seus ouvintes de terem matado o Cristo pelas mãos dos romanos, e por fim pregou-lhes a boa nova da ressurreição de Jesus Cristo predita há muito tempo por Davi no Livro dos Salmos (Atos 2:16-37). Sabem o que aconteceu logo em seguida?! Os ouvintes se sentiram pesarosos em seus corações, arrependidos pelo que fizeram, e ali Deus acrescentou quase três mil almas de uma só vez à Igreja. O sucesso dos apóstolos nunca foi a capacitação pessoal de cada um na filosofia grega ou a psicologia freudiana, mas somente no falar de Cristo segundo o que Cristo lhes falou: “... E ser-me-eis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria, e até os confins da Terra” (Atos 1:8).

3. COME – Deus chamou primeiro os judeus ao Evangelho e só depois os gentios, porque era necessário que àqueles aos quais se confiaram os oráculos do Senhor recebessem a boa nova antes dos demais, porém Jesus disse que suas testemunhas deveriam evangelizar toda a Terra sem distinção, isto é, a Igreja de Cristo “comeria”, comungaria, levaria para dentro de si, seria composta e absorveria povos de todas as tribos e nações do mundo, e levaria toda carne ser uma só no Corpo de Cristo. Os que se separam uns dos outros por questões étnicas ou sociais, não são e nunca foram de Jesus, porque esses facciosos não têm parte na Sua Igreja, pois o Corpo de Cristo é indivisível (João 19:36).

Na casa de Cornélio, Pedro lembrou-se das Palavras do Senhor: “João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. Pedro quis dizer (e Paulo escreveria mais tarde) que todos os crentes foram batizados em um só Espírito para formar uma só Igreja composta de judeus e de gentios; um só Corpo por meio do qual todos beberiam do mesmo Espírito (1 Cor. 12:13; Ef. 4:4) para glória de Deus Pai.


L. M. S.      

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