Juízes 9:7-15.
7. E, dizendo-o a Jotão, foi e pôs-se no cume do monte
de Gerizim, e levantou a sua voz, e clamou e disse-lhes: Ouvi-me, cidadãos de
Siquém, e Deus vos ouvirá a vós;
8. Foram uma vez as árvores a ungir para si um
rei, e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós.
9. Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a
minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as
árvores?
10. Então disseram as árvores à figueira: Vem
tu, e reina sobre nós.
11. Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a
minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores?
12. Então disseram as árvores à videira: Vem tu,
e reina sobre nós.
13. Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o
meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?
14. Então todas as árvores disseram ao
espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós.
15. E disse o espinheiro às árvores: Se, na
verdade, me ungis por rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha
sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano.
A Bíblia tem a
resposta para todas as questões humanas.
Paulo, aos crentes de Colossos,
diz: “Para que os seus corações sejam
consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da
inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, Em
quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. E digo
isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas”. (Cl 2:2-4).
A admoestação da Carta aos Colossenses ainda é
válida para o nosso tempo, porém muitos cristãos insistem buscar entendimento e
conhecimento (sabedoria e ciência) nos lugares errados. Paulo diz que os nossos
corações devem estar “consolados”, isto é, em paz e em segurança; tranquilos em
Cristo, pois NELE habita, e reside, e tem em depósito, toda a sabedoria e
ciência que precisamos para não sermos enganados pelos falsos profetas de hoje
e por seus ídolos de ouro e de prata (as modernas tecnologias são os “deuses”
deste século), e de madeira e de pedra (veneração da “deusa” natureza é o culto
dos ambientalistas, os quais seguem “adorando e
servindo a criatura em lugar do Criador” – Rm. 1:25).
A “Parábola de Jotão” é uma comparação bem
elaborada e muito pertinente aos nossos dias; porque apesar dos avanços
tecnológicos galgados através dos séculos, as intenções do coração dos homens
são as mesmas desde a antiguidade. É por isso que a Parábola de Jotão é atual.
Jotão diz: “Ouvi-me, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá a
vós”.
Vejamos algumas peculiaridades
de Siquém:
1. Siquém foi o local do primeiro altar erigido por Abraão
na terra dos cananeus (Gn. 12:6,7);
2. Siquém foi a primeira habitação de Jacó ao voltar de
Padã-Arã (Gn. 32:17-20);
3. Siquém, filho de Hamor, era um príncipe gentio (heveu)
que quis aparentar-se – e ao seu povo – dos filhos de Israel (Gn. 34:8-18);
4. Em Siquém foram sepultados: Abraão e Sara, Isaque e
Rebeca, e Jacó e Lia (Gn. 49:29-32);
5. Siquém foi uma das cidades de refúgio dada aos levitas
filhos de Coate – os coatitas tinham o encargo do preparo dos pães da
proposição (Josué 21:20,21; 1 Crônicas 9:32);
6. Siquém foi local de descanso dos ossos de José (Josué
24:32);
7. Siquém foi o lugar da reunião de todo Israel para
fazerem rei a Roboão, filho de Salomão, e da divisão do reino por causa da
teimosia do rei em não ouvir o clamor do seu povo.
APRENDENDO COM A
PARÁBOLA.
Assim como toda a Escritura é
proveitosa para instruir em justiça (2 Tm. 3:16), a Parábola de Jotão traz um
alerta para todos os cristãos acerca dos “reis da Terra” (os políticos), e do
caráter de quem almeja “pairar” sobre outros.
As árvores.
Sendo uma parábola (comparação), as “árvores”
representam os homens tementes a Deus, os quais foram plantados pelo Senhor
(Salmos 92:12,13. O justo florescerá como a
palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do
Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus.).
As “árvores” desejam
ungir um rei.
À moda das nações gentias, os
israelitas desde cedo desejavam um rei para si; eles tentaram convencer Gideão
a reinar sobre Israel, mas ele recusou (Juízes 8:22,23. Então os homens de Israel disseram a Gideão: Domina sobre nós, tanto
tu, como teu filho e o filho de teu filho; porquanto nos livraste da mão
dos midianitas. Porém Gideão lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem
tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará.).
Gideão
teve 70 filhos legítimos, pois teve muitas mulheres, e com sua concubina em
Siquém, teve mais um; a esse filho ela (a concubina) pôs o nome de Abimeleque,
que significa: “Meu Pai é Rei”. Pelo que parece, mesmo com a recusa de Jerubaal
(Gideão) em reinar sobre Israel, permanecia a expectativa – pelo menos por
parte de sua concubina – de que Gideão reconsiderasse a proposta. Porém Jerubaal
jamais aceitaria: “Porque o reino é do
Senhor, e Ele domina entre as nações” (Salmos 22:28); e somente Ele reina
com justiça e equidade em Jacó (Salmos 99:1-4).
O bom e o mau pastor.
Em João 10:11, Jesus declara que Ele é o bom pastor, pois só Ele fez
o que nenhum rei da terra pôde, pode ou quer fazer: “dar a sua vida pelas
ovelhas”.
Jamais os reis dão suas vidas em resgate de alguém; reis não morrem
por seus súditos, mas os súditos sim; morrem por seus reis. Os senhores da
Terra dispõem de muitos soldados; eles põem em perigo as vidas dos seus
vassalos quando travam as suas guerras por poder e riquezas; homens são
enviados para morte, e suas mulheres e crianças sofrem por causa das vaidades
dos seus reis.
O caráter do espinheiro.
Creio que a Parábola de Jotão nos faz refletir que somente os
“espinheiros” desejam “pairar” acima das outras árvores. Sim, pois as árvores
perguntam à oliveira, à figueira e à videira, se elas desejariam reinar sobre
elas, mas a resposta é que cada uma delas já têm a sua função útil a Deus e aos
homens, e que exercitando honestamente o labor para a qual nasceram, agradam ao
Senhor Deus; isto quer dizer que cada homem de bem desempenha um trabalho
necessário neste mundo; uns são pedreiros, outros são carpinteiros, outros
professores, médicos, cozinheiros, lavradores, pescadores etc. Deus quer que cada
ser humano desempenhe o seu ofício honradamente, porque assim agradará o
Senhor, e Ele abençoará a obra das mãos de cada um (Ef. 4:28. “Aquele
que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que
é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”. Ver também 1 Tess. 4:11,12)
Então por que razão tais trabalhadores deixariam sua obra útil à sociedade, e se
colocariam acima dos demais?
Quem é o espinheiro?
Somente os políticos almejam posições acima dos outros homens, eles
são comparáveis ao espinheiro; o mais interessante é que o espinheiro, para ser
ungido rei sobre as demais árvores, convida-as: “Vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra”; mas o espinheiro é
um arbusto que jamais poderá fazer sombra àqueles que são maiores do que ele...
Não é exatamente isto que os políticos fazem? Promessas que não podem cumprir?
Eles prometem “mundos e fundos” àqueles que os “ungem” sobre si; porém os
únicos que se abrigam à sua sombra, isto é, aqueles que se confiam debaixo de
espinheiros são os ratos e as serpentes.
Maldito é o homem que confia no homem.
Em Jeremias 17:5; lemos: “Assim
diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e que faz da carne mortal o
seu braço, e aparta o seu coração do Senhor”!
Exatamente o que Jeremias profetizou, é o que os homens fazem quando
confiam suas vidas nas mãos de homens inúteis à sociedade; isto mesmo; inúteis!
Pois não servem, mas querem ser servidos... Há um ditado antigo que diz: “Quem
não vive para servir, não serve para viver”.
Tal qual o espinheiro cuja única função em vida é abrigar à sua
sombra ratos e cobras, e na morte ser queimado nos fornos; da mesma forma os
reis deste mundo vivem e morrem.
Não existe homem nenhum que seja bom, e muito menos se
ele for um político.
Jesus disse: “Eu Sou o bom
pastor; o bom pastor dá a Sua vida pelas ovelhas” (João 10:11); e no verso
oito Ele diz: “Todos quantos vieram antes
de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram”.
Moral da Parábola de Jotão:
Os que desejam reinar sobre outros, são homens inúteis; eles não
gostam de trabalhar honestamente com suas mãos, por isso, enquanto comem o
fruto do trabalho alheio, põem a fadiga e miséria nas costas dos que trabalham
honestamente. Os tais acolhem sob si àqueles semelhantes a eles mesmos, ou
seja, vadios, insensatos e homicidas – as cobras e os ratos que se protegem à
sombra do espinheiro – como Abimeleque (filho ilegítimo de Gideão) quando alugou
com “setenta peças de prata” (uma prata para cada filho morto de Gideão) os
homens ociosos e levianos que o ajudaram executar sobre uma pedra, em Ofra (na
casa de seu pai), os seus próprios irmãos.
Meu pai outrora me disse: “Filho, a política é do diabo, pois ele foi
o primeiro político da história”.
“Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para
as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas”.
(Hebreus 2:1).
L. M. S.
Palavras de sabedoria, vindas da mente de um homem inspirado por Deus, parabéns.
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