MANANCIAL

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"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A PARÁBOLA DO RICO E LÁZARO (Lucas 16:19-31).

Pregadores já expuseram o texto de Lucas dando as mais variadas interpretações, mas sempre fugindo da verdade textual; alguns disseram que a personagem do rico trata da humanidade perdida que se aproveita de tudo o que o mundo lhe oferece; e outros, dentro dessa mesma perspectiva, afirmaram que o mendigo tipifica Jesus; mas... Espera aí! Jesus por acaso iria querer comer das migalhas da mesa do mundo? É claro que não! Com certeza a parábola trata de outra coisa.

Vejamos a Parábola:
19. Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. 20. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; 21. E desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhes as feridas. 22. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. 23. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. 24. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. 25. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; e tu em tormentos. 26. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para nós. 27. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, 28. Porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. 29. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. 30. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. 31. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos. (Lucas 16:19-31).


Se analisarmos verso a verso nós compreenderemos do que se trata:

19. Um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e se regalava esplendidamente – Os que tinham as Escrituras sempre à mão, ou seja, os príncipes de Israel viviam regalada e esplendidamente todos os dias, pois estudavam-nas diariamente, e as interpretavam ao seu bel prazer; e vestiam-se de púrpura como reis (Juízes 8:26), pois dominavam com rigor sobre o povo (Ezequiel 34:4); e também de linho fino, as vestes dos justos (Apocalipse 19:8), pois aparentavam sê-lo;

20 e 21. Um mendigo coberto de chagas à porta do rico desejando comer das migalhas da sua mesa, com cães lambendo-lhe as feridas – O povo comum de Israel é o mendigo da parábola de Jesus, sim, pois Deus disse pelo profeta Amós muito tempo antes de Cristo vir ao mundo, que enviaria fome na terra; fome, mas não de pão, e sede, mas não de água, mas fome e sede de ouvir as Palavras de Deus (Amós 8:11); os pobres de Israel, chaguentos, com cães lambendo-lhes as feridas, jaziam famintos e doentes mendigando à porta dos príncipes da nação, e desejavam comer das migalhas caídas da mesa farisaica.

22. Morreram ambos; o mendigo foi levado pelos anjos para o descanso eterno, e o rico, para o tormento eterno – Jesus disse que os publicanos e as prostitutas entrariam no reino do céu, e que os fariseus que lhes fechavam a porta, ficariam de fora (ver: Mateus 21:31 e 23:13, Lucas 11:52, João 12:42,43).

23. O rico vê Abraão e o chama de pai – Os príncipes dos judeus se consideravam os filhos de Abraão, pois orgulhosamente exibiam sua linhagem, mas não imitavam as obras de Abraão (João 8:39).   

24 e 25. O rico pede para que lhe refresque a língua, pois está em ardendo tormentos – Os intérpretes da Lei e dos profetas, não ensinavam ao povo a Palavra do Senhor, pois distorciam a verdade e expunham somente o que lhes interessava (Lucas 13:28,29; ver também: Malaquias 2:7,8), portanto, com justiça a língua do homem rico ficou ressequida porquanto o seu corpo queimava em fogo no Hades (Isaías 41:17).

26. Há um grande abismo – Certa vez, os fariseus, ao referirem-se do povo, disseram: “Esta multidão que não sabe a Lei é maldita” (João 7:49). Jesus disse que qualquer se exaltar será humilhado e que quem se humilhar será exaltado; era exatamente o que os chefes do povo faziam criando um abismo entre eles e os pobres de espírito, portanto eles também clamariam, mas não seriam atendidos, pois um abismo seria o pagamento por suas ações (Miquéias 3:1-4).

27 ao 31. O rico tem cinco irmãos – Os fariseus, os sacerdotes, os levitas, os escribas e as tradições; cinco irmãos condenados ao tormento. O rico, então, pede um sinal: “que Lázaro ressuscite para que seus irmãos creiam”; e ele diz: “Manda Lázaro à casa de meu pai para lhes dar testemunho”; mas se nenhum dos irmãos do rico ouvia o que Moisés e os profetas falavam; como eles poderiam crer se alguém voltasse dos mortos? Jesus disse: “Uma geração má e perversa pede um sinal; porém nenhum outro sinal será dado senão o do profeta Jonas” (Mateus 12:38-40 e cap. 16:4). Jesus ressuscitou a Lázaro, e sendo este milagre o maior do seu ministério como homem, os judeus não creram; Jesus deu-lhes o sinal do profeta Jonas quando ressuscitou dos mortos, e mesmo assim os fariseus, os escribas, os sacerdotes, e os príncipes do povo não creram.

A Parábola de Lucas 16 é uma crítica aos religiosos fariseus, escribas e sacerdotes, os quais distinguiam a si mesmos dos demais filhos de Israel; eles eram os sepulcros caiados que, por fora, eram impecáveis, mas por dentro imundos, pois aquilo que dentre os homens é elevado, Deus abomina (Lucas 16:15). E assim são os religiosos que se imunizam dos demais pecadores e se consideram superiores a eles, mas por fim não passam de falsos crentes e de corações incircuncisos.

L. M. S.    

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